Criar um videogame não é só questão de hardware. Além de oferecer algo sólido aos desenvolvedores de jogos, a produtora precisar cuidar dos fatores mercadológicos. Será que o Famicom teria o mesmo sucesso se mantido o visual "brinquedo" no NES? E o Super Nintendo, que segundo o designer do visual americano, Lance Barr [biografia], parecia "um pão de forma" na versão original?
Por mais que gosto seja subjetivo, há padrões inquestionáveis, ainda mais numa indústria que leva os mesmos produtos a públicos tão distintos quando o japonês e o americano. Um design nunca é por acaso: antes de tocar na prancheta, são colocadas na equação as características culturais, econômicas e sociais de cada mercado. Foi assim que no Ocidente o NES se tornou um retângulo elegante e de cor neutra, e o Master System um agressivo modelo em preto e vermelho, em vez do modernoso e light Mark III do Japão.
Alguns ficaram feios de doer (teremos uma lista dos consoles mais feios em breve), ou bonitos ao ponto de despertar o desejo de compra ao primeiro olhar. Lembro de, no começo dos anos 90, ver aquelas letras douradas e gordas 16-BIT no Mega Drive japonês. Desde então, eu sabia que PRECISAVA de um daqueles — o que só fui realizar muito depois, já que mudaram um pouco o design no Mega nacional.
Lembrando que é uma lista baseada em gosto pessoal, não critérios técnicos, resultados de enquetes ou o que seja. Se não concordar com ela, azar o seu você pode deixar seu voto lá no final, certo?
7. Master System
![Master System](https://www.memoriabit.com.br/wp-content/uploads/2015/02/0000Master-System.webp)
Desenhado por Hideki Sato como Sega Mark III, o Master System que conhecemos bem, aquele vermelho e preto, não foi como ele nasceu. Muito menor originalmente, em tons claros com cinza e amarelo, o 8-bit ficou mais agressivo nas bandas de cá do planeta.
Pra começar, migrou para um cinza escuro, quase preto. Sumiu a grade superior, que foi parar nas laterais, e os docks para controle também partiram, até porque nunca pegaram fora do Japão. Para o contraste, um grande painel vermelho com letras em branco e o LED verde. Angular, lembra um pouco o formato de um diamante. Quase sisudo, mas muito bonito.
Junto com elementos visuais como o padrão quadriculado das embalagens e as modernices como os óculos 3D e a pistola Light Phaser — e um hardware bem superior ao NES —, o Master System fez certinho a lição de casa de como seduzir o público juvenil. Não fosse o domínio comercial da Nintendo, sua história teria sido muito diferente. É até triste imaginar os bons jogos que poderiam ter sido feitos para o velho mestre e nunca aconteceram.
6. PlayStation 2
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Quando lançado no começo do ano 2000, o PlayStation 2 vinha com um dos maiores hypes já criados em torno de um videogame. Tinha gente falando até que era o maior lançamento desde a invenção da televisão! O sucesso do modelo anterior criou uma expectativa sem fim, embalada pelas promessas de emotion engine, gráficos hiperrealistas em 3D e todas aquelas bobajadas marqueteiras — que toda empresa faz antes de soltar um produto importante, claro.
Era natural que viesse também um novo design, que refletisse essa "nova era" dos games. O modelo inicial, SCPH-10000, foi exatamente isso. Em vez do cinza claro de antes, a Sony apostou num tom bem mais escuro, opaco com contrastes em azul. Na superfície, as letras também em tons de azul e o visual em grade o faziam parecer um equipamento saído de Star Wars ou outra obra futurista. E mais chamativo ainda, a possibilidade de usá-lo tanto na horizontal quanto vertical — com o marotíssimo logotipo giratório na frente da bandeja de disco.
Mesmo hoje, quase vinte anos depois, o PS2 continua tendo um visual que grita à modernidade. Um ícone de seu tempo.
5. 3DO
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Uma construção.
Foi a impressão que tive ao ver o design do 3DO pela primeira vez, em alguma revista nos confins dos anos 90, e depois pessoalmente na casa de um amigo (o único que conseguiu comprar o caríssimo aparelho). Saído dos sonhos de Trip Hawkins [biografia], pode não ter sido dos melhores em termos técnicos, mas não se pode negar que o visual era muito sólido.
Num formato quase quadrado, o 3DO tem colunas arredondadas em cada canto da estrutura principal. Essas colunas, somadas ao cinza, as grandes letras em baixo relevo no tampo e o logotipo em letras douradas na frente, dão ao console uma das identidades mais elegantes e luxuosas da década. Parecia ao mesmo tempo algo modular, que poderia ser facilmente empilhado em outro com formato similar formando um edifício.
Pena que tenha sido um fiasco tão retumbante, ou imagino que o design do 3DO seria mais reconhecido e reverenciado.
4. Nintendo 64
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Até certo ponto, o design do Nintendo 64 lembra o 3DO. Estão lá as mesmas estruturas redondas nos cantos, como as grandes colunas de uma edificação sólida e imponente. Com largas grades superior e laterais, e o brilhante LED vermelho frontal, o Nintendo 64 forma um dos conjuntos mais bonitos já desenhados para consoles. Para personalizações, por exemplo, é um dos melhores.
A grande diferença estava no muito maior apelo às curvas. O 64 é curvilíneo, moderno, e ao mesmo tempo simples. Se tem os quatro conectores de controles — talvez como nunca tão bem usados de forma decorativa — num tom de cinza claro em contraste com o cinza escuro do console, a Nintendo optou por não incluir letras ou logotipos pintados. Sua assinatura ficou num canto, em baixo relevo.
Para finalizar a obra, o logotipo, muito bonito, no escudo frontal, bem na frente da máquina, onde a curva principal se eleva, impossível de ser ignorado. Escolha geral muito feliz.
Continua com o top 3 e a enquete na próxima página.