Olimpíadas de videogame no Brasil? Sim, e faz tempo…

Entrevista com o Luiz Reginaldo Curado, campeão da categoria Master na Super Olimpíada 1992 de Videogame. Ele fala de seu background como piloto, participação em torneios anteriores, patrocínio para jogar a Olimpíada e conta detalhes sobre o imbróglio com jogadores a mais na final e sua vitória dramática.

Memória BIT: Como avalia a organização? Correu tudo bem na final?

Luiz Reginaldo: Todo evento tem seus imprevistos, mas não percebi nenhum problema grave na organização do campeonato. Recebemos as passagens para ir à São Paulo, e o pessoal da revista estava nos esperando para levar ao hotel onde ficaríamos hospedados. A competição foi muito bem organizada, em minha opinião.

MB: Mas e o jogador que entrou a mais na final [Eduardo Garcia, conforme publicado na edição 17 da revista] por causa de um erro nos jogos da etapa?

LR: Esse que entrou a mais tem uma história interessante. Você viu que no último mês o Dani [Salles Silva] e o Márcio [Lênin Freire] se classificaram na categoria Master? Eles jogaram juntos. O que classificou a mais fez uma pontuação maior que a deles, só que a revista já havia saído, e parece que os Correios atrasaram a entrega da carta dele com o recorde, então classificaram ele também. E como eu sei isso? Esse que entrou a mais é irmão do José Guilherme [Ferreira, campeão na categoria Mega], o Diógenes Ferreira. O pessoal de Goiânia era fera. Eu mesmo fiquei surpreso quando soube do Diógenes. Ele estava caladinho, não falou para ninguém que estava participando. No entanto, quando ficou sabendo que o Márcio e o Dani tinham se classificado e viu que a pontuação dele era maior, parece que ligou na revista questionando, e eles decidiram colocar um a mais.

MB: Não foi o Eduardo Garcia o jogador a mais, então? Ou tinha 18 jogadores na final?

LR: Sobre o Eduardo eu não sei dizer. Mas outro participante entrou de última hora: o Diógenes Ferreira. De fato, teve esse problema, mas na hora do vamos ver, o pau comeu. E era cada um por si.

MB: Foi muito difícil obter a marca para ir à final?

LR: Não digo difícil, mas trabalhoso. Nas etapas classificatórias, o ideal era conseguir a pontuação máxima no jogo. Mas para isso, às vezes era necessário deixar a TV ligada durante uma semana, jogando de 10 a 12 horas por dia. Em alguns jogos, era teoricamente impossível alcançar a pontuação máxima: seria necessário deixar a TV ligada um mês inteiro. E eu também contava com outro tipo de imprevisto: a luz poderia cair a qualquer instante, como já tinha acontecido antes.

MB: Você já participava de torneios antes da Olimpíada da Supergame? Era "profissional"?

LR: Minha história com o videogame é antiga, me acompanha desde a infância. Eu devia ter entre 5 e 6 anos quando meu pai trouxe de presente de Natal, para mim e meu irmão, um Atari 2600, com o cartucho, "Boby is Going Home", que devo ter jogado milhões de vezes. Quase todos os meninos do meu setor também tinham Atari, conheci muitos por causa do videogame. Alguém disse que um vizinho tinha um jogo chamado "Jungle Hunt", que eu ainda não tinha jogado, diziam que era muito legal. Peguei minha caixinha de sapatos, onde guardava minhas "fitas" de Atari e fui à casa do menino, perguntei se queria trocar fita. E assim começou uma amizade que dura até hoje.

Anos depois, na escola, um amigo perguntou se poderia levar o videogame na minha casa; a mãe não o deixava jogar durante a semana, então havia levado o console para a escola escondido na mochila. Meu pai, nos vendo jogar Alex Kidd in Miracle World, perguntou que videogame era aquele. Respondi que era o Master System, expliquei-lhe as diferenças dele para o Atari. E lembro como se fosse hoje o dia em que ele me levou ao shopping, dizendo que iríamos tomar sorvete. Entramos nas Lojas Americanas, ele me perguntou qual era o videogame do outro dia. Perguntou ao vendedor quanto custava. E pediu para o vendedor pegar um. Naquele dia levei para casa meu Master System. Meu pai pediu ainda para eu escolher um jogo; foi Choplifter, de 1 mega - lá tinha também o R-Type, de 4 megas, mas era muito mais caro, estava fora de cogitação. Lembro com carinho desse dia, porque hoje tenho ciência de que meu pai não tinha condições de me dar aquele videogame. Mesmo assim, fez isso por mim porque sabia que era algo que eu queria muito.

Depois apareceu o Mega Drive. Uma tia me chamou para ajudá-la a comprar um para minhas primas. Fomos essa tia, minha mãe, meu irmão e eu. E voltei para casa com meu Mega Drive.

Veio então o Super Nintendo, e todos em Goiânia só falavam que na VideoGamia tinha um - a Videogamia era uma locadora de games que abriu na cidade, a primeira do gênero. Fui lá ver o tal videogame; ele estava ligado numa TV de 21 polegadas, tela plana, som estéreo. Fiquei literalmente boquiaberto quando vi o Mario entrar no primeiro castelo do "Super Mario World", o som fazia vibrar as paredes da locadora. Foi paixão imediata, eu queria um Super Nintendo. Mas meu pai falou que eu já tinha três videogames, ele não tinha condições de comprar mais um, que inclusive era muito mais caro...

A VideoGamia fez um campeonato. Quem chegasse no final do Sonic, do Mega Drive, mais rápido, ganharia um Super Nintendo (na verdade, o japonês Super Famicom). Meu irmão e eu combinamos que tínhamos de ganhar aquele videogame. E treinamos, treinamos muito. Imaginei que no dia do campeonato teria um monte de meninos gritando na nossa orelha para tirar nossa concentração, então treinei com o som da TV no máximo volume. Eu queria aquele videogame, e como queria! No dia do campeonato, colocaram meu irmão e eu para jogar um ao lado do outro. Os meninos começaram a gritar que a gente jogava igualzinho; olhar em uma TV e na outra era a mesma coisa, uma parecia reflexo da outra. Quem estava ganhando, até então, era um menino chamado José Guilherme (o mesmo que foi o campeão na categoria Mega Drive do concurso da Supergame). Ele zerou o Sonic em 30 minutos. Não ganhei o campeonato da VideoGamia (fui segundo), mas meu irmão ganhou, e ficamos conhecidos como "Os Irmãos do Videogame". Cheguei no final do Sonic em 28 minutos e meio; meu irmão, em 28 minutos. Os donos da locadora, o Abel e a Meire, de quem me lembro com muito carinho, entregaram para meu irmão o tão sonhado Super Famicom. E recebi, pelo segundo lugar, o cartucho The Revenge of Shinobi, que joguei até não poder mais no Mega Drive.

Veio então um grande campeonato de Mega Drive, patrocinado por várias locadoras. Seria realizado num grande shopping da cidade, o Bogainville. Uma locadora, a GameMania, sabendo do resultado do campeonato da VideoGamia, entrou em contato comigo dizendo que queria me patrocinar: eu poderia pegar qualquer jogo e jogar na locadora o quanto quisesse. No dia do campeonato, usaria uma camiseta com o nome deles. Eu era parte de uma equipe, o sonho de todo gamer.

No campeonato, encontrei mais uma vez o José Guilherme, junto com muitos outros excelentes jogadores. Ali estava o Eudes Shiraishi, dono da Games Club, maior locadora de games da cidade, também participando do campeonato. O jogo da final era surpresa, e ganharia quem chegasse ao fim mais rápido. Foi sorteado o jogo Decap Attack, e eu ganhei. O José Guilherme ficou em segundo. O prêmio era uma viagem para assistir à corrida de Fórmula 1 em São Paulo. Como não tinha direito à acompanhante, preferi pegar o dinheiro e investir em algo melhor: comprei um Sega CD. 😉

Depois veio o campeonato da revista Ação Games. Funcionava assim: quem quisesse se classificar para a final teria de bater foto do seu recorde e enviar para a revista. Podia ser de um jogo de Master System, Mega Drive, Nintendo ou de Super Nintendo. O jogo de Master era o Space Harrier, meu escolhido. Enviei minha foto do recorde e consegui me classificar. Na final, fui o segundo. O que mais queria nesse campeonato não era o prêmio, mas o título. O Cláudio Tomé dos Santos, um paulista, jogou melhor e levou o primeiro lugar. E junto do prêmio, o título de campeão que eu queria.

MB: Como foi seu preparo (se teve) para jogar a final?

LR: Treinei muito para conseguir chegar na final. Joguei todos os jogos de Master System que consegui encontrar, joguei jogos de Mega Drive que poderiam melhorar meus reflexos, como o Shadow of the Beast. Mas essa preparação não veio só da época do campeonato, mas de toda minha história com o videogame. Ela nasceu da vontade de ter um Super Nintendo, no campeonato da VideoGamia, e foi reforçado com a vontade de ganhar o campeonato da Supergame, coisa que eu não tinha conseguido no campeonato da revista Ação Games.

MB: A revista prometia um tal "contrato como piloto" pros campeões, teve? Como foi a experiência?

LR: Teve sim, mas confesso que não gostei. Eles não me procuraram. Cheguei a mandar uma carta de mais de vinte páginas, falando de um walktrough do Phantasy Star 3, mas nunca me responderam. Nem publicaram. Esse negócio de piloto foi lamentável mesmo.

MB: Hoje torneios de games são enormes, com premiações milionárias e até ligas profissionais mundiais. Gostaria de ter participado dessa geração mais organizada ou valia mais a diversão sem compromisso?

LR: Vejo que os campeonatos de antigamente são muito diferentes dos atuais. Hoje joga-se um contra o outro, e vence aquele que tem a melhor estratégia. Os campeonatos de antigamente eram interessantes porque era só você e o jogo, vencia quem fizesse a melhor pontuação ou conseguisse um melhor resultado. Hoje existe um ganhador e um perdedor. Antes, todos eram ganhadores. A vitória não era conquistada em cima da derrota de outro jogador.  Sinto-me agradecido por ter participado daquela geração em que o videogame dava seus primeiros passos.

MB: Teve uma carreira pós-Olimpíada? E hoje, joga alguma coisa ainda, curte games? Joga sozinho, com os filhos, família?

LR: Depois que entrei na faculdade, me dediquei aos estudos. Só jogava no computador, Doom, Age of Empires, etc. Perdi a geração do Nintendo 64, PlayStation 1. Comprei um PlayStation 2 quando fui para os EUA, fiquei impressionado com a evolução. E lógico, o primeiro game que joguei foi o Final Fantasy X.

Acredito que cada tempo tem seu tempo, e hoje minha vida é bem diferente daquela em que eu participava dos campeonatos de videogame. Sou casado, tenho dois filhos pequenos, trabalho o dia inteiro. Naquela época eu só estudava, tinha todo o tempo do mundo. Hoje o tempo que tenho é contado. Mas mesmo assim, de vez em quando ainda encontro um tempinho para jogar. Tenho em casa um Xbox 360, e estou ensinando meu filho mais velho, que está com 3 anos e meio, a jogar o Sonic do Mega Drive. Também jogo com ele os games Angry Birds no celular, e ele adora. Tem a miniatura de todos os passarinhos do game no quarto dele.

MB: Com a atual "onda" do retrogaming, muita gente na faixa dos 30 e acima tem voltado a jogar games daquela geração, seja em emuladores ou até nas máquinas originais. Como vê isso?

LR: Vejo como um saudosismo. As pessoas jogam esses jogos porque trazem recordações de um tempo passado, de tempos felizes. É como olhar uma fotografia e se lembrar do momento em que aquela imagem foi registrada: isso faz aflorar em você todo um conjunto de sentimentos, de lembranças. Eu mesmo tenho um Dingoo, e nele instalei emuladores para Atari, Master System, Nintendo, Mega Drive, Super Nintendo e arcade. Nas minhas férias sempre escolho um título da série Final Fantasy para jogar. Recentemente adquiri um G5A, que será o sucessor do meu Dingoo. É um portátil mais avançado, que roda Android, tem uma tela maior e permite emular também Playstation 1 e Nintendo 64.

MB: Tem algo que gostaria de falar, relembrar sobre o torneio? Algum fato marcante?

LR: Quando veio o campeonato da Supergame, todos os meninos de Goiânia estavam batendo seus recordes e enviando para a revista. Mandei o meu no primeiro mês, mas não consegui me classificar. No segundo mês, consegui a classificação na categoria Master System. O José Guilherme também conseguiu, na categoria Mega Drive. E para minha surpresa, dois conhecidos também conseguiram, na mesma categoria que eu: o Márcio e o Dani.

O Eudes, da Games Club, me telefonou, queria me patrocinar. Falou que eu poderia pegar qualquer jogo na locadora, de Master, Mega, Super Nintendo. Poderia jogar na locadora o quanto quisesse: poderia jogar Neo Geo, jogar nas máquinas de fliperama, que ele me dava as fichas. Falou ainda que se eu encontrasse um jogo em outra locadora que ele não tivesse, poderia pegar e ele pagava a locação. Fiz isso. Joguei todos os jogos de Master que consegui encontrar. Joguei Mega Drive, joguei Super Nintendo.

O Guilherme também recebeu o patrocínio, assim como o Márcio e o Dani. Queriam treinar comigo, mas percebi que queriam mesmo era conhecer minhas jogadas, e não compartilhar as jogadas deles. Disse a eles que treinaria sozinho. Se eu encontrava jogos raros de Master System em outras locadoras, eles ficavam sabendo e pediam para nosso patrocinador me ligar dizendo para eu emprestar para eles treinarem também. Aí pegavam os jogos e não me devolviam. Comecei a gravar em vídeo algumas jogadas, para não ter de contar com ter o jogo para treinar. Eu colocava o controle na frente da TV, memorizava as jogadas com o videogame desligado; parecia coisa de maluco, mas era como eu treinava. Gravei minha jogada no Sonic, Paper Boy, Sonic 2 e vários outros jogos. Fomos para São Paulo disputar o campeonato e fiz questão de chegar vestindo a camiseta da Games Club. Era o mínimo que eu poderia fazer pelo Eudes. Foi alguém que me estendeu a mão, acreditou em mim.

MB: Tinha algum clima ruim no dia do torneio entre jogadores de outros estados por causa desse patrocínio?

LR: Não tinha nenhum clima ruim. Talvez o pessoal tenha se sentido intimidado, porque chegaram vários goianos. Haveria uma semifinal, e só 4 participantes iriam para a final em cada categoria. O jogo, que ninguém sabia qual seria, foi divulgado: Gauntlet, que não havia sido lançado no Brasil, nem eu nem ninguém ali havia jogado antes. Pelo menos não no Master System. No Nintendo havia esse jogo, mas eu nunca tive Nintendo. No campeonato, valia a pontuação que estivesse na tela: se você morresse, zerava os pontos.

Começou a semifinal. Ao lado de cada jogador havia um fiscal controlando o tempo. Vi várias pessoas morrendo e reiniciando o jogo, com a pontuação zerada. Eu lutava para isso não acontecer comigo. Um dos fiscais anunciou que faltava um minuto para terminar a semifinal. Vi o Dani e o Márcio largarem o controle, estavam parando para ficar com a pontuação que estava na tela. Eles tinham muito mais pontos do que eu, tal como outros participantes também na minha frente. Fechei os olhos, pedi a Deus que me ajudasse. Eu não queria ganhar o campeonato, só queria ganhar do Márcio e do Dani, que aprontaram muito comigo. Pra você ter ideia, quando eu estava batendo fotos para a classificação, eles iam na minha casa desligar o relógio de luz.

MB: Caramba, haha! Competição pesada...

LR: Verdade. Então abri os olhos, e apareceu na tela a palavra "Bonus Stage", uma fase onde você ganhava muitos pontos, mas tinha de encontrar a saída para os pontos serem computados. O fiscal começou a contagem regressiva para terminar a semifinal, e eu estava pegando todos os bauzinhos que podia, tentando encontrar a saída. "Dez", "Nove", "Oito", o fiscal dizia, e eu correndo para a saída. Quando ele por fim gritou "Um, terminou!", alcancei a saída, e os pontos começaram a girar na tela. O fiscal ficou alarmado, disse que não conseguia ver a pontuação, que tinha de parar aquela contagem. Alguém falou que não tinha como parar de girar os números. E eu estava de cabeça baixa, rezando. Quando os números pararam de girar, a surpresa: eu estava em 2° lugar e iria para a final. O Dani tinha ficado em 1°. O Márcio e o Daniel Pontes, o mais novo dos competidores, também iram à final. Para surpresa de todos, havia três goianos na final da categoria Master System. E o José Guilherme também havia se classificado para a final na categoria Mega, em primeiro.

Disseram que seria sorteado o jogo da final, que foi Sonic 2. O Márcio e Dani comemoraram, porque tinham jogado bastante. Estavam confiantes e vieram me perguntar se eu sabia que, passando qualquer fase em menos de 30 segundos, ganharia 50.000 pontos. Se passasse da fase em mais de 30 segundos, o máximo que se podia ganhar era pouco mais de mil pontos. Me fiz de desentendido e o Márcio cantou vitória. Disse que, para meu consolo, ele seria campeão, o Dani tiraria o segundo lugar, eu ficaria em terceiro. Nós três ganharíamos os três primeiros prêmios, que eram as viagens para Disney.

Ele só não contava com uma coisa: ele e o Dani treinaram só as primeiras fases do jogo, achando que seria suficiente para ganhar o campeonato. Eu havia treinado todas as fases. Não consegui passar a primeira fase em 30 segundos, mas consegui na segunda fase, na terceira e em várias outras. O Márcio e o Dani, quando não conseguiam alcançar os 30 segundos nas primeiras fases, apertavam o reset. Se conseguiam na primeira fase e não conseguiam na segunda, apertavam reset.

Toda a imprensa estava rodeando o Dani na final; ele era o favorito, pois venceu a semifinal. Um único fotógrafo havia se sentado ao meu lado, desejando-me boa sorte. Lembro do fiscal anunciando que faltava 1 minuto para acabar a final, e de escutar um repórter perguntar ao Dani quantos pontos ele tinha: quinhentos e poucos mil. O Márcio estava com uma pontuação parecida, o Daniel com pouco mais de cinquenta mil pontos. Foi quando escutei alguém gritar: "O outro ali está com mais de um milhão de pontos!" E veio então aquele amontoado de repórteres com flashs, fotografias e filmadoras em volta de mim. Desviei os olhos da televisão e olhei para o lado. O Dani, o Márcio e o Daniel haviam soltado seus controles e olhavam para mim, de boca aberta. Larguei então o meu controle e me levantei, com lágrimas descendo pelo rosto. Minha mãe apareceu entre aquele monte de repórteres e me abraçou, também bastante emocionada. O José Guilherme venceu o campeonato na categoria Mega Drive, e eu venci o campeonato na categoria Master System.

Tive a sorte de ter pais que sempre estiveram do meu lado, me apoiando, incentivando, inclusive na época em que comecei a encarar os games com a seriedade que os campeonatos exigiam. Tive a sorte de encontrar pessoas que acreditaram em mim, como o Eudes da Games Club, pessoas dispostas a realizar o sonho de uma criança, como fizeram o Abel e a Meire da VideoGamia, de quem ganhei meu tão sonhado Super Nintendo.
O que tenho a dizer sobre esse torneio é que ele foi e sempre será uma das grandes lembranças que carregarei na minha vida. Porque esse torneio foi para mim não somente um desafio, mas também uma superação, algo com que sonhei durante toda minha infância e juventude. Agradeço a Deus por ter me ajudado a realizar esse sonho.

Me formei em Ciência da Computação, fiz mestrado em Inteligência Artificial. Isso porque os jogos sempre me fascinaram, sempre me encantaram, e a vontade de descobrir que inteligência era essa que conseguia desafiar a nossa própria inteligência, nos fazer rir e chorar na frente da televisão, me fez seguir por esse caminho. Com o videogame aprendi a ter persistência, paciência, a lutar em busca de um objetivo, a aceitar as perdas e reconhecer as conquistas da vida. Devo ao videogame minha carreira, e muito do que tenho hoje talvez tenha sido fruto daquele primeiro Atari que ganhei, quando criança.

Raio-X do evento

Super-Olimpíada 92 de Videogame

Campeonato nacional de videogames, dividido em duas categorias (Master e Mega).

Organizador: Revista Supergame, Editora Nova Cultural
Patrocinadores: TecToy, Varig, McDonald's
Data: 1ª fase entre setembro e dezembro de 1992; final em 31/01/1993

1ª eliminatória

Limite para envio de fotos: 31/08/1992

Categoria Master: Mônica no Castelo do Dragão e Castle of Illusion
Classificados: Celso Mitsuo Hino (SP) e Marcelo Nelson Wadeck (PR)

Categoria Mega: Sonic the HedgehogColumns
Classificados: Dionísio Cason (SP) e Tiago Marcos Mendes Rodrigues (RS)

2ª eliminatória

Limite: 30/09/1992

Categoria Master: Indiana JonesAsterix
Classificados: Deize Bezerra Moraes (PE) e Luís Reginaldo Fleury Curado (GO)

Categoria Mega: QuackShotHellfire
Classificados: Gilson Lopes da Silva (SP) e José Guilherme Ferreira (GO)
Nota: Eduardo A. Garcia (SP) também se classificou, por ter sido prejudicado por um erro na contagem dos placares anteriores.

3ª eliminatória

Limite: 31/10/1992

Categoria Master: Ninja GaidenGang's Fighter (My Hero)
Classificados: Daniel Ponte Vieira (PE) e Evandro Alves Camellini (SP)

Categoria Mega: StriderCastle of Illusion
Classificados: Cristiano Monteiro de Barros (PE) e José A. Rosadas (RS)

4ª eliminatória

Limite: 30/11/1992, extendido até 10/12/1992

Categoria Master: Psycho FoxRunning Battle (ESwat e After Burner também foram aceitos devido a um erro na publicação dos games da etapa).
Classificados: Márcio Lênin Marçal Freire (GO) e Danni Sales Silva (GO)

Categoria Mega: ESwatAfter Burner
Classificados: Fred Bugmann (SP) e Cláudio S. Aguiar (PE)

Ao fim da primeira fase, as vagas ficaram distribuídas por seis estados: 6 paulistas, 4 goianos, 3 pernambucanos, 2 gaúchos, 1 cearense e 1 paranaense.

Final

Inicialmente marcada para 24/01/1993, transferida para o dia 31/01.

Semifinal Master: Gauntlet
Final Master: Sonic 2
Campeão: Luís Reginaldo Fleury Curado

Semifinal Mega: Batman Returns
Final Mega: Sonic 2
Campeão: José Guilherme Ferreira

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, quase mil artigos publicados em dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

10 COMENTÁRIOS

  1. Caramba, escorreu até uma lágrima aqui.
    Matéria FODA! Lembro como se fosse ontem... eu lendo as revistas e sonhando em poder participar (eu tinha uns 8 anos na época). Cara, que foda!
    Esses bons momentos nunca vão ser esquecidos.
    Muito legal também os jogadores da época participarem da matéria e dando depoimentos detalhados, foda. FODA!

    Eu amo esse site!

    • Valeu Tanaka!
      Se pra gente que não participou é uma boa lembrança, imagina pros caras que foram lá, viajaram e apareceram na revista. Deve ter sido muito legal mesmo. Eu tenho um pouco desse saudosismo com os torneios de Magic, embora não tenha sido pro como esses caras...

  2. Nossa ........ viajei muito agora, eu fui um dos milhares que enviou records para a revista. Olha só, lágrimas rolaram aqui, pura nostálgia. Obrigado Daniel por essa lembrança maravilhosa.

    • Participou? Legal, eu até queria mas fiquei fora. Se tudo correr bem, vou atualizar o post em alguns dias com algumas entrevistas dos finalistas e organizadores.

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