Memória: programas sobre games na TV aberta do Brasil

Vamos lembrar alguns que vão do pioneiro Gamer TV, do SBT, ao caótico Garganta e Torcicolo na MTV.

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São raríssimas as ocasiões em que emissoras de TV abriram espaço em suas programações para falar de videogames. Hoje presentes quase exclusivamente em canais por assinatura, já tivemos pérolas na TV aberta, que se não eram muito informativos nem bem feitos, ao menos estão na lembrança de quem jogava e assistia.

Um dos pioneiros no Brasil foi o Gamer TV, na Gazeta, que pegou o auge dos 16-bit, na primeira metade dos anos 90. Difícil não lembrar também de Hugo Game, outro da Gazeta, e mais tarde de Garganta e Torcicolo, na MTV.

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No SBT, tivemos o horroroso programa com Gugu, o Play Game. Na Globo, os clássicos "drops" de dicas da Tec Toy na hora do almoço. Sem falar dos mais atuais (entenda "mais atuais" por uns dez anos atrás) como o G4 e o PlayTV com seu famoso "Combo Fala+Joga".

Enfim, vamos lembrar dos mais antigos com alguns vídeos raros.

Gamer TV

Gazeta, 1993

Provavelmente o pioneiro do gênero no Brasil. Reparem que o perfil era bem infantil, ao contrário da tendência atual de falar com o pessoal mais adolescente – normal ao situá-lo em seu tempo, afinal a criançada ainda comandava os joysticks na época. Era apresentado pela modelo e atriz Liz Reis (então Elisabeth de Carvalho), e tinha matérias tipo "detonado" e dicas.

Se quer aprender a dar um "hariuken", seja lá o que diabos for isso 🤣, assista. Créditos ao Santuário do Mestre Ryu:

E um walkthrough de Flashback?

Play Game

SBT, 1993

No mesmo tempo do Gamer TV, o SBT achou que seria uma boa ideia colocar seu apresentador principal – abaixo do "patrão", claro – pra comandar um programa sobre videogames. E o que tivemos foi Gugu Liberato despido de seu tradicional terno, usando roupas extravagante tipo um caçador de borboletas e agindo como molecão no Play Game. Passava aos domingos no começo da tarde.

Com patrocínio da Tec Toy, só entravam jogos da Sega no programa. Com efeitos simplíssimos de chroma key, a molecada era transportada na fase final do programa para dentro de games como Alex Kidd in Miracle World.

Se era uma porcaria? Claro! Veja que tosqueira:

Hugo

Gazeta, 1995

"Subiiindo a montanha, sem fazer manha!"
"Não dê moleza, que voar é uma beleza!"
"Errei a mira, caí na China!"

Aposto que você, que lembra de Hugo, leu com a entonação dele.

Hugo era um game interativo, jogado a partir de casa com as teclas do telefone (diz a lenda que funcionava), apresentado entre 1995 e 1998 na Gazeta CNT. A cada fase o personagem tinha certos movimentos, como guiar um carrinho por trilhos enquanto desviava de trens, escalar montanhas ou bancar o aviador. Rolava uma interação entre o personagem na tela e os apresentadores, que iam de dicas aos participantes até piadinhas.

O objetivo era resgatar a família do duende Hugo, sequestrada por uma bruxa chamada Maldícia ("Ainda te pego, coleguinha do Hugo"). O problema era que, mesmo passando na habilidade pela fase inicial, o jogador dependia de sorte (ou manipulação) na última, tendo que escolher a corda certa entre três para vencer. Quem marcasse mais pontos ganhava um prêmio no final do dia.

O personagem foi criado pela produtora de TV dinamarquesa ITE e apareceu em mais de 40 países. Foi sucesso, chegando a 4 pontos de audiência no horário de fim da tarde, concorrendo com novela global das seis. Vai dizer que você não andou ligando para o (041) 342-3038? Eu não porque já tinha quase 18 anos quando passou, mas o pessoal na faixa dos 12 ligava até dizer chega. Os pais queriam morrer ao ver a conta telefônica.

Assista um episódio na íntegra, com apresentação de Vanessa Vholker:

Segundo o site da apresentadora, a emissora chegava a receber mais de 1 milhão de ligações por dia, congestionando as linhas.

Garganta e Torcicolo

MTV, 1997

Na mesma levada do Hugo, a MTV veio com Garganta e Torcicolo, apresentado por ninguém menos que João Gordo. Exibido entre 1997 e 2000, combinava o lance do interativo com as maluquices do Gordo, que chegou a mostrar a bunda ao vivo num dos programas porque o jogo não entrava no ar.

Atualização 2013: tem uma entrevista do João na Rolling Stone em que ele fala do tempo do Garganta e Torcicolo, muito esclarecedora sobre as doideras que rolavam ao vivo:

Esse programa era de tarde, eu adorava. Era ao vivo, um programa infantil do inferno. Nessa época eu tava loucão, chegava no programa virado de balada, falando merda, sem controle nenhum. Eu ia pro Love Story [casa noturna paulistana], ficava lá a noite toda e chegava às 3 da tarde na MTV, de mão dada com uma puta, louco de ecstasy, de ácido e de pó. Era por isso que eu bebia tanta água no programa! Mas o programa fez um puta sucesso.

Você pode ler a entrevista completa aqui.

Ao contrário do Hugo, mais voltado pra crianças, Garganta e Torcicolo tinha perfil adolescente, com monstros matando ovelhas e sangue – e João falando tudo que lhe dava na cabeça, claro. Antes de começar, os participantes podiam se xingar no ar enquanto o Gordo rachava de rir. Garganta era grandalhão e tinha voz de trovão, enquanto Torcicolo era esquisitão de voz esganiçada. Tinha ainda a ovelha Giselda, com cara de imbecil e que sempre se ferrava.

A curiosidade fica por conta das primeiras aparições do Fudêncio, então como boneco, e que mais tarde viraria animação. Foi também a estreia de João Gordo como apresentador solo na MTV (já tinha participado do Verão MTV junto com a Sabrina Parlatore).

Olha o programa na íntegra. Destaque pro diálogo do Gordo com o moleque sobre o Sérgio Naya, aquele do Palace II. Começa aos 5:30:

Programas posteriores

Teve mais alguma coisa nas décadas de 2000 e 2010.

  • O MTV Games, apresentado por PC Siqueira, avaliando jogos e comentando notícias;
  • A Band tinha o G4 Brasil, que ficou no ar entre 2002 e 2006, com a dupla Luciano Amaral (sempre lembrado como Pedro do Castelo Rá-Tim-Bum ou Lucas em Mundo da Lua) e Luíza Gottschalk (que virou musa dos nerds gamers na ocasião);
  • Durante um período, a Play TV operou em rede aberta, pelo canal 21, com o programa Combo Fala+Joga, também apresentado por Amaral e Gottschalk, até seguir para a TV fechada em 2006.
  • Entre 2015 e 2017, a Globo teve o Madrugames, um quadro curto; alguns episódios chegavam a ter impressionantes três minutos.

Será que ainda vai aparecer algum corajoso disposto a dar minutos pro tema na TV aberta? É difícil, mas nunca se sabe.

Atualização: como lembrado pelo Joe nos comentários, tivemos nos anos 90 o Master Dicas, apresentado pelo Rodrigo Faro. Não era bem um programa e sim comerciais do Master System em formato de "dicas" que entravam na programação da Globo.

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10 COMENTÁRIOS

  1. Na TV fechada tinha um programa de video games (lá por 96 ou 97) com um robozinho dançando na apresentação e nas vinhetas estilo top 10. Como se chamava?

  2. O Pioneiro acho q foi o Mar Games aqui da baixada santista. rede TV Mar Santos, TV aberta afiliada a Manchete. Se n me engano iniciou em 1992, e colocava a maioria desses outros aí no chinelo.

  3. Agora tem um nas madrugadas de sábado da Globo apresentado pelo Tiago Leifert... Chama-se Zero 1, se não me engano.

  4. Hugo virou jogo de psx e mais algumas plataformas acho. As rimas eram terríveis mas foi uma coisa ao menos peculiar, bacana.

  5. Acho que o primeiro nacional foi o Master Dicas com o Rodrigo Faro, creio que de 1990. Tem no Youtube.

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