A história do Mega Drive – parte 3

Esse artigo é parte de uma série. É recomendado ler antes primeira parte e a segunda parte.

Mega Drive no Brasil

O Mega Drive foi lançado no Brasil em dezembro de 1990 pela Tectoy, representante oficial da Sega. As empresas vinham de boa parceria desde o acordo de distribuição de brinquedos como a pistola Zillion (que teve resultado superior até ao mercado japonês) e depois o Master System — o 8-bit da Sega dominou completamente o mercado brasileiro, com quase 85% de participação.

A estrutura da Tectoy permitiu que o Mega Drive e toda sua linha fosse fabricada no país, em Manaus. Usando a estrutura que já tinham, a empresa conseguiu fazer uma transição suave, natural dos consumidores para a nova plataforma. O primeiro modelo local foi baseado no Genesis americano, com Altered Beast na embalagem e convertido para o sistema de cores PAL-M. O preço foi fixado na estreia em Cr$70 mil (aproximadamente R$2800 em valores atualizados). Para comparar, um jogo de Master System custava por volta de Cr$6 mil.

O valor pode parecer assustador, mas além de ter o apelo de ser o primeiro 16-bit, o Mega Drive não tinha concorrência. O Super Nintendo só chegaria oficialmente quase três anos depois via Playtronic*, e o momento era perfeito: revistas especializadas em games começavam a surgir, como a Ação Games, que teve uma primeira edição experimental em junho e virou fixa em março de 1991; em agosto viria a Supergame, focada em produtos da Sega/Tectoy.

* A Playtronic foi um empreendimento comum entre Gradiente e Estrela para fabricar e distribuir produtos da Nintendo no Brasil. Ficou ativa até 2003 e após anos abandonada, a marca foi registrada por um empresário do Rio de Janeiro e passou a ser usada para comercializar jogos principalmente para Android, mas sem relação direta com a Playtronic dos anos 90.
Mega Drive Tec Toy
Modelo inicial do Mega Drive brasileiro.

Tudo isso criava um ambiente propício para o setor. Por estranho que seja, a maior concorrente da Tectoy era a própria Tectoy: muitos jogadores estavam descobrindo o Master System, lançado pouco mais de um ano antes45. A parceria desestimulou o comércio de clones, onipresentes nas gerações de Atari 2600 e NES.

Quando Sonic foi incluído no pacote do Genesis, a Tectoy fez o mesmo lançando o chamado Mega Drive 2. Isso causa certa confusão com o Genesis 2 / Mega Drive 2 japonês, que na verdade saiu no Brasil como Mega Drive 3 — aquele remodelado, menor e sem fone de ouvido.

Jogos, combustível de todo console, vinham fácil, às vezes lançados antes dos Estados Unidos. Segundo Stefano Arnhold, então presidente da Tectoy, "um jogo da Disney" foi lançado dois dias antes do estabelecido, o que rendeu uma bronca da Sega americana. No auge, também lançaram jogos traduzidos (Phantasy Star II) e adaptações como Virtua Fighter e Duke Nukem, além de software 100% feito no Brasil como Férias Frustradas do Pica-Pau e Show do Milhão.

Durante o período clássico foram lançadas várias versões do Mega Drive, incluindo jogos populares como FIFA Soccer, Street Fighter II, Sonic 2, Virtua Racing ou Mortal Kombat III na embalagem, entre outros. Todos eram baseados no Genesis 2, e a partir dos jogos de luta, boa parte passou a acompanhar o controle de seis botões. Até serviços de internet foram trazidos; se o Japão tinha a consulta bancária do Mega Anser, no Brasil tivemos o TeleBradesco Residência, que permitia realizar consultas de conta corrente, salário, investimentos e poupança através do Mega Drive.

Em dezembro de 1995 foi lançado o Mega Net39, primeiro serviço básico de internet usando um videogame no país. O usuário podia enviar e receber e-mails e fax, além de acessar serviços como o Tec Toy News, Dicas de Jogos, Sega Clube, Internet, Revista Eletrônica e Lista Mega Net.

O cartucho custava cerca de R$80; já a assinatura mensal — com limite de 30 ligações — saía por R$5 ao mês, sendo de graça nos primeiros dois meses. Havia uma opção sem limite de ligações por R$9 ao mês.

No Dia da Criança de 1996 veio o Mega Net 240, nossa versão do X-Band lançado nos Estados Unidos no final de 1994. Custando R$135,99 e com assinaturas de R$6,99 (30 ligações) e R$9,99 (ilimitadas), o novo modelo tinha os mesmos serviços básicos do anterior, com acréscimo de chat e mais importante: jogos em rede. Era possível jogar Fifa 96, Mortal Kombat II, Mortal Kombat III, Super Street Fighter II e NBA Jam contra oponentes na mesma cidade que você41. O site oficial [arquivo] tinha lista de contatos e rankings de cada jogo. O serviço ficou no ar até meados de 1998.

E-mail do Mega Net 2.

Praticamente toda a linha oficial de acessórios, incluindo Sega CD (só o segundo modelo), 32X e Mega CDX foram fabricados e lançados no Brasil. Conforme a geração perdeu espaço todos foram descontinuados, com exceção do próprio Mega Drive que seguiu sendo fabricado de forma quase ininterrupta nas décadas seguintes. Mesmo com o Saturn e depois Dreamcast sendo os principais produtos da Sega, esses 16-bit mais econômicos tinham certa popularidade, e até meados de 2012, vendiam (junto com o Master System) cerca de 150 mil unidades por ano, batendo qualquer console da geração corrente46.

Os posteriores aos anos 2000, contudo, não guardavam quase nada dos projetos originais, tanto por falta de componentes quanto economia. Eram aparelhos simplificados e baratos, emuladores num case similar ao Mega Drive III, com dezenas de jogos na memória, além de incompatíveis com Sega CD e 32X, sem som estéreo ou recursos especiais.

Mega Drive 4 Guitar Idol, da Tectoy

Alguns pegaram carona em sucessos da época, como o Mega Drive 4 Guitar Idol. O Mega Drive Portátil saiu com 20 jogos na memória, tela LCD e conectável à TV, mas sem suporte a jogos externos. Já o MD Play tinha o atrativo de ser portátil e aceitando jogos em cartão MD. Esses modelos foram vendidos como videogames de baixíssimo custo, e alguns tinham design exclusivo, como um com 86 jogos na memória (incluindo versões de jogos da EA) e suporte para ficar na vertical.

Outros se assemelhavam a brinquedos. Um deles, chamado genericamente de Mega Drive 3 — branco, sem slot de cartuchos e com 81 jogos na memória — acompanhava o que a Tectoy chamou de "efeito canvas": vinha com uma caneta para fazer desenhos no console, facilmente removíveis.

Relançamento de 2017

No aniversário de 30 anos da empresa, em 2016, a Tectoy promoveu o relançamento do Mega Drive para junho do ano seguinte. Foi anunciado como edição limitada 100% fiel ao console clássico, ou quase: como a maioria dos componentes originais não são mais fabricados, o sistema foi projetado num encapsulamento dos componentes clássicos num único chip. Isso o diferenciou de consoles-emuladores de baixo custo que vinham fazendo.

Primeira imagem, divulgada em 2016, do Mega Drive em edição limitada. Fonte: Tectoy

Com 22 jogos na memória, outro grande diferencial foi a adição de slot de cartuchos, compatível com a maioria dos jogos originais. A versão também aceita controles originais tem e slot para cartão de memória. Por outro lado, é incompatível com diversos periféricos como o Sega CD, Game Genie, Activator, 32X e outros. Cartuchos especiais como Virtua Racing e Sonic and Knuckles também não funcionam, além de — ao contrário da escolha da Nintendo com o NES Classic Edition — ter apenas saída de vídeo composto.

O desenvolvimento foi dividido em várias etapas com participação dos clientes, em formato similar aos financiamentos coletivos. Numa das primeiras42, clientes puderam escolher um nome a ser gravado no aparelho. Em outra etapa, o modelo da caixa foi decidido via votação popular; 68% optaram pela caixa original43 de 1990, mas com "pequenas alterações necessárias para o atual momento"43.

Mega Drive de 2017 teve fase com personalização com nome do cliente.

O projeto sofreu algumas críticas pela ausência de interface moderna como HDMI. A Tectoy justificou o uso de simples vídeo composto no FAQ do produto44:

A grande maioria das TVs à venda no mercado brasileiro dispõem de entrada de vídeo composto (RCA), compatível com a saída do Mega Drive. Acrescentar a saída HDMI ao console elevaria o preço final do produto para o consumidor sem o aumento da resolução original.

Outra diferença em relação ao modelo clássico é o uso de fonte interna. Com um controle de 3 botões e cabo de áudio e vídeo, o preço foi fixado em R$449, e promocional na pré-venda por R$399. O primeiro modelo tinha problemas de áudio, reduzidos com a disponibilização de um novo firmware em agosto de 2017. A modificação também tornou alguns jogos que tinham problemas mais estáveis47, como Truxton e Vectorman. Outros mods foram lançados com correções e adições de jogos48., incluindo modificações feitas por terceiros que foram endossadas pela Tectoy49.

No resto do mundo

Anúncio do lançamento do Mega Drive no Reino Unido, em 1990

Na Europa, o Mega Drive teve distribuição um tanto desorganizada já que não havia representação imediata oficial da Sega. A primeira exibição foi no The 29éme Salon du Jouet de Paris (29º Salão de Jogos de Paris)6 em 31/01/1990, com previsão de lançamento em setembro. O plano original para o Reino Unido era entre março e abril, mas foi atrasada por uma percepção de falta de software, e depois por questões de fabricação. A Virgin Mastertronic fez o lançamento no Reino Unido durante a ECES, em 14/09/1990. O modelo acompanhava Altered Beast e custava £189,99. Trinta mil unidades já estavam encomendadas, e a Virgin tinha expectativas modestas, esperando vender 40 mil até o fim do ano.

Apesar de ter superado o NES, o Master System não foi a primeira opção dos jogadores europeus até o fim dos anos 80, quando vendia menos que computadores. Muitos não viam sentido em outro console, mesmo que mais poderoso que o 8-bit, já que computadores podiam fazer mais. Além disso, muitos que queriam o Mega Drive já o tinham importado, geralmente do Japão e fazendo as modificações técnicas necessárias (sistema de cor e fonte de energia). Estima-se que existiam uns 140 mil Mega Drives importados no Reino Unido quando foi feito o lançamento da oficial, mas a Virgin não deu qualquer suporte a esses importados.

segas ad harder it gets
Frases de duplo sentido com conotação sexual, loiras e provocações: a Sega estava no ataque também na Europa.

As campanhas, tal como na América, às vezes eram voltadas a um público mais velho. Teve celebridades como o ator Peter Wingfield,  e eram comuns anúncios com conotação sexual e frases de duplo sentido como "The more you play with it, the harder it gets" (Quanto mais você brinca, mais duro fica).

Pelos dois anos seguintes, o Mega Drive praticamente não teve competição no território. Além do Master System, o por lá aguardado Konix Multisystem foi cancelado, o PC Engine / Turbografx teve distribuição limitada e quando o Super Nintendo chegou, o console da Sega tinha estabelecido uma boa vantagem. Ainda em 1991, o preço do console caiu para £159,99, e cerca de 85 mil consoles oficiais já tinham sido vendidos. O lançamento de Sonic the Hedgehog começou a mudar a visão do público europeu sobre os consoles, mostrando resultado superior a computadores populares como Atari ST e Amiga. Importantes desenvolvedores do continente se aproximaram da Sega, como Acclaim Entertainment e Ocean Software.

Com Sonic na embalagem, o preço caiu ainda mais no Reino Unido, indo para £129,99, tendência que se repetiu em outros países. Mais de 225 mil consoles foram vendidos naquele ano (mais de 800 mil em todo o continente), enquanto fabricantes de computadores perdiam público, numa mudança definitiva de foco. Até o fim de 1992, haviam sido vendidos mais de um milhão de consoles só no Reino Unido

Segundo modelo do Mega Drive europeu. Foto: Sameli Kujala / Flickr.

Mesmo com a chegada do SNES, o Mega Drive se manteve como líder na maioria do continente, tendo alguma competição só em países como Alemanha e partes da Escandinávia. Ainda assim, só aconteceu quando o console da Nintendo teve títulos como Donkey Kong Country e a Sega já estava prestes a descontinuar o Genesis na América. Em agosto de 1993, o Reino Unido recebeu o Mega Drive II, mas a versão teve um lançamento escalonado pelo continente — a França recebeu o console no mês seguinte, mas a Alemanha teve que esperar várias semanas e a Espanha ficou com o modelo original até 1995. Isso levou a situações estranhas em que, dependendo do país, o Mega-CD II e o 32X chegaram às prateleiras meses antes do Mega Drive II. Alguns países jamais receberam o primeiro modelo, entre eles República Checa

No final de 1994, estimava-se que 2 milhões e meio de Mega Drives haviam sido vendidos no Reino Unido; um milhão a mais que o SNES e 1.500.000 consoles Super NES e 2,2 milhões de computadores Amiga. O SNES venceu na Alemanha, com aproximadamente 1,4 milhão de consoles contra 800 Mega Drives vendidos até o primeiro semestre de 1995. Em 1996, havia uma base instalada de 8 milhões de Mega Drive na Europa. Seu número final de vendas foi superior a 9 milhões de consoles na Europa Ocidental.

Tal como na América, o Mega Drive foi substituído pelo Sega Saturn e descontinuado em 1998, definindo assim oito anos de corrida no mercado europeu. O período foi suficiente para fazer dele o console mais vendido de todos os tempos até então, além de mudar a preferência do público local, antes muito mais focado nos computadores. O continente foi importante na popularização da série FIFA.

Europa Oriental

O Mega Drive também foi líder na Europa Oriental, onde a Sega apareceu através de representantes. Na maioria dos países o primeiro modelo não foi lançado, com exceção de alguns como República Tcheca, Eslováquia, Hungria e Eslovênia, onde a Sega apareceu rapidamente. Na Rússia e na CEI, o Mega Drive II apareceu em 1994 e ganhou enorme popularidade graças ao baixo preço em comparação com o Super Nintendo. O console foi vendido até o final dos anos 90 no sistema PAL.

Mega Drive 2 distribuído na Rússia. Foto: Arcadebox

Muitos clones foram criados na Rússia; a Steepler importava seus próprios modelos fabricados — sem autorização — em fábricas de Cingapura e Taiwan com a marca Dendy, que já havia sido usada em clones do Famicom. Foram muito populares especialmente na CEI, onde a distribuição oficial só chegaria em 1995. Nos Bálcãs, a popularidade do Mega Drive levou à distribuição de jogos piratas. Havia também consoles falsos que eram um Famicom com a carcaça do Mega Drive.

Nos Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), o Mega Drive apareceu em 1995 e também foi popular. Em 1994, os clones vendidos pela Steepler apareceram antes, mas não tiveram a mesma popularidade que conseguiram em outros países da ex-URRS. Na Sérvia e Montenegro, o primeiro modelo foi vendido a partir de 1992 ou 1993 pela IVC. Em 1994 foi lançado o segundo modelo, que foi mais mais popular. Após o sucesso do console, locadoras especializadas em produtos da Sega começaram a aparecer, sendo muito popular por lá a chamada Segoteka.

Outras partes do mundo

O Mega Drive foi distribuído na Coreia do Sul pela Samsung, rebatizado como Super Gam*Boy (수퍼겜보이) — esse mesmo padrão de título havia sido usado na versão local do Master System, o Gam*Boy. Após alguns anos, o nome foi trocado para Super Aladdin Boy (수퍼 알라딘 보이) e quando o modelo 2 chegou ao mercado, já se chamava Super Aladdin Boy II (수퍼 알라딘 보이 II).

Esses modelos chegaram enquanto o mercado coreano era fechado para produtos japoneses devido a uma lei posterior à guerra. Quando houve a reabertura, o país enfim teria sua primeira versão oficial, baseado no Mega Drive 2 japonês, com selo da própria Sega, em 1997.

Pacote com Mega Drive 2, Mega CD, Sonic 2 e Road Avenger distribuído na Austrália pela OziSoft. Imagem: kelamyaus/Instagram

Na Oceania, o Mega Drive rapidamente se tornou líder graças ao caminho pavimentado por Master System e à falta de interesse da Nintendo. O console foi distribuído oficialmente pela OziSoft, além de receber a versão europeia50. Houve vários bundles tanto com o modelo clásssico quanto a versão baseada no Genesis 2, incluindo jogos como Altered Beast, Sonic, Sonic 2 e Columns. Sonic 2 foi incluído na primeira distribuição do Mega Drive II, ao preço de AU$299,95; pacotes seguintes chegaram a incluir quatro jogos no console, ou jogos populares no país como Shane Warne Cricket.

A Austrália também teve um bundle lançado em meados de 1996 e que incluía numa única embalagem Mega Drive 2, Sega CD 2, o cartucho Sonic 2 e o CD Road Avenger, além de um controle de seis botões. O pacote foi vendido por AU$799.

O Mega Drive foi distribuído oficialmente na Índia pela Shaw Wallace Electronics pelo preço inicial de ₹18,000. A Sega entrou na parceria para evitar a altíssima tarifa de importação do Japão, que chegaria a 80%. Mais tarde a distribuição passou a ser feita pela Maze Marketing (que mais tarde seria rebatizada Mitashi Edutainment)51.

Versões

Foram vários modelos, começando com os grandes que tinham conector de fone de ouvido, tanto nacional quanto o Genesis baseado no modelo japonês, com alterações como cores de botão (Reset e Start azuis no Japão, brancos nas versões PAL, cinza nos EUA) e pequenas diferenças internas.

O chamado Genesis 2 era mais econômico por não ter conector de fone nem LED indicador de on / off, além de alterações de componentes e design. No Brasil foi chamado Mega Drive 3, já que o 2 nacional era quase igual ao 1, mas com Sonic incluído no pacote em vez de Altered Beast.

O Genesis 3 só saiu nos Estados Unidos depois do fim do suporte pela Sega, num projeto da licenciada Majesco, design totalmente diferente — similar ao projeto Neptune, um 32X independente que nunca foi lançado — e ainda mais econômico, sem porta de expansão e alguns conectores no slot de cartuchos. Incompatível com o Sega CD, 32X e o cartucho Virtua Racing.

Outras versões foram produzidas no Brasil pela TecToy, com jogos na memória e diferentes designs, muitas de carcaça clara ou colorida e bem diferentes do hardware original; são praticamente emuladores disfarçados de videogame. Da mesma forma, foi lançado em 2009 nos Estados Unidos, pela ATGames, o Firecore, com 20 jogos na memória e sem compatibilidade com Sega CD, 32X e Virtua Racing. Em 2016, a TecToy anunciou a produção de uma série limitada do Mega Drive com hardware muito próximo ao original (veja mais adiante).

Portáteis também foram lançados, como o MegaJet, paras passageiros da companhia aérea JAL, acoplado aos monitores do avião. Em 1995, a Sega lançou o Nomad, portátil com tela LCD de 3.25 polegadas e seis botões. Com entrada para controle, pode ser conectado a uma TV, virando um console comum, ou até com dois jogadores dividindo as telas: um usando o monitor portátil e outro a TV. Seu defeito é a pouca duração da bateria: 2 horas.

Pela JVC (Japão) / Victor (EUA) veio o Wondermega (X' Eye na América), fusão de Mega Drive e Sega CD com funções de karaokê, S-Video, LEDs e controles sem fio em algumas versões.

Em 1994 foi lançado o Sega CDX (ou Multi-Mega CDX no Brasil), um Mega Drive com Sega CD integrado em formato de CD player portátil. Se conectado ao 32X, a tampa do CD não abre direito, com potenciais danos ao slot de cartuchos. Era grande demais para um portátil e seu alto preço (cerca de R$700) desfavorável num momento em que videogames melhores estavam à disposição. Com saída de linha extra, pode ser ligado a um aparelho de som.

Legado

O impacto do Mega Drive foi enorme. Foi o primeiro 16-bit amplamente aceito — o Turbografx-16 tinha processador principal 8-bit, e o Intellivision estava muitos passos atrás em qualidade geral. Tornou a Sega inovadora, dando ao mundo um dos maiores ícones pop com Sonic the Hedgehog. Tão importante quanto, foi a contestação de padrões estabelecidos pela Nintendo que pareciam imutáveis, alcançando novas audiências e alterando o perfil da indústria, dos modelos de marketing com lançamentos mundiais, e de licenciamentos. O alcance permitiu outro feito marcante na indústria: lançamentos mundiais, começando com Sonic 2 no chamado Sonic 2sday, um trocadilho com "Tuesday", a terça-feira 24/11/1992. Foi tão grandioso que terça-feira passou a ser o dia favorito para lançamentos não só de videogames, como CDs e DVDs nos Estados Unidos.

Em 2009, a IGN posicionou o Genesis como 5º melhor videogame da história (atrás de NES, Atari 2600, PlayStation 2 e SNES), citando fatores como sua excelência em games de esporte na parceria com a Electronic Arts e seu controle de 6 botões: "...que alguns consideram como o melhor controle já criado". Com admiradores entre veteranos e mais novos, coleções foram lançadas para PlayStation 2, Xbox, GameCube, PSP, Xbox 360 e PlayStation 3, além do Virtual Console.

O Mega Drive ainda tem grande base de fãs e interesse de desenvolvedores. Beggar Prince, adaptado de um original chinês de 1996 e lançado nos Estados Unidos em 2006 pela Super Fighter Team, foi o primeiro lançamento oficial para Genesis desde 1998, vendendo em mais de 25 países e esgotando-se rapidamente.

Em dezembro de 2010, a WaterMelon lançou Pier Solar and the Great Architects, que além de ser o primeiro RPG inteiramente desenvolvido para o Mega Drive desde 1996 (Beggar Prince é uma adaptação), tornou-se o maior jogo para consoles 16-bit, num cartucho de 64 megabits (Tales of Phantasia e Star Ocean, do Super NES, eram os maiores, ambos com 48 mega). É também o primeiro cartucho a usar o Sega CD para ter sons melhorados, opcionalmente. Com versões de luxo para colecionadores e CD de upgrade de áudio à parte, ele vende todas as unidades que produz a cada edição.

Próxima parte: emulação e jogos marcantes do Mega Drive.

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, mais de mil artigos publicados, mais de dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

4 COMENTÁRIOS

  1. Excelente esta série sobre a história do querido Mega! Só queria deixar como sugestão adicionar, nesta parte 3, como foi o lançamento do console em Portugal, através da empresa Ecofilmes. Lá também existe um grande número de fãs do Mega, que tem na lembrança o slogan "É mais forte que tu".

  2. Muito bom!!!! O comércial do Mega Net se tornou um clássico!!!!
    Assim como a Atari, o Mega drive foi responsável por grandes e bons periférios e acessórios gamer!!!! valeu!!!!

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