Após muito hype nos trailers, Black Myth: Wukong supera as expectativas e bate recorde de jogadores simultâneos em jogos single player na Steam.

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Lançado em 19 de agosto de 2024, da desenvolvedora chinesa Game Science, Black Myth: Wukong é um dos melhores mergulhos na mitologia do romance chinês Jornada ao Oeste, de 1592. Muitas outras referências e adaptações da história já foram vistas na indústria do entretenimento. Desenhos, filmes, e outros jogos já adaptaram personagens e acontecimentos do romance, mas poucos conseguiram chegar ao nível apresentado pela empresa chinesa.

A gameplay

Trecho da cinemática de abertura
Trecho da cinemática de abertura de Black Myth: Wukong.

Para começar eu preciso já exaltar: Black Myth: Wukong tem um gameplay fino. No início me deu medo de ser enjoativo, mas me provou o contrário conforme fui jogando e querendo cada vez mais enfrentar os chefes que, para mim, são um dos pontos em que o jogo acerta muito. Ele tem batalhas sensacionais, que por muitas vezes me colocaram totalmente imersa e concentrada, me sentindo na pele do personagem enfrentando os mais diversos oponentes. O destaque fica nas lutas finais, que além de extremamente desafiadoras, te impressionam a cada golpe novo que um chefe utiliza.

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Não me entenda errado, o jogo tem muitos chefes. O que faz com que nem todos tenham o mesmo nível de qualidade, é verdade. Uns ou outros acabam se repetindo também (mas nada como visto em Elden Ring por exemplo), e em certos momentos você vai acabar enfrentando chefes em sequência.

E boa parte desses muitos chefes, sobretudo os que não são principais, acabam sendo lutas em que você passa de primeira. O que ajuda a não interromper o fluxo do jogo, mas que ainda sim não são fáceis e vão exigir concentração. Mas é importante salientar, existem chefes com nível de dificuldade extremamente alto e que vão exigir umas boas tentativas.

screenshot de black myth wukong
Screenshot de Black Myth: Wukong.

E para essas muitas batalhas, o combate é preciso e fluido, de início parecendo ser um pouco sem impacto. Mas conforme você vai aprendendo e evoluindo seus níveis, vai ganhando profundidade e uma variação muito interessante de formas de se aproximar um inimigo, mesmo O Predestinado, só tendo acesso a uma única arma e suas variadas skins.

Gráficos e otimização

Como se não bastasse o excelente gameplay, o jogo acerta muito também na parte visual. Com gráficos belíssimos, Black Myth: Wukong usa o que há de melhor na Unreal Engine 5 para alcançar muita fidelidade visual, mantendo a tradição do motor de elevar o nível no aspecto gráfico.

O que não vem barato, o jogo é muito pesado. Eu rodei ele com as configurações otimizadas do Digital Foundry, em full hd com DLSS Qualidade (resolução em 68%). A experiência no geral foi lisa ficando acima dos 90fps em grande parte do tempo ativando o frame generation. Para conhecimento, meu setup conta com uma RTX 4060ti, Ryzen 5600 e 32GB de ram.

Outra coisa além do peso que vem de herança com a UE5, são os traversal sttuter, pequenas travadinhas que acontecem enquanto passando de uma área para outra no cenário, que infelizmente em algum grau vão acontecer em todo hardware que rodar esse jogo... Alguns podem dizer que o jogo está mal otimizado devido a isso, mas eu não iria tão longe. A configuração gráfica mínima abrange uma gama enorme de peças mais simples, que também são bem ajudadas pela geração de quadros presente para todos os hardwares.

Screenshot de Black Myth: Wukung
Screenshot de Black Myth: Wukong.

Isso não significa que será impossível de rodar se você tem um PC mais simples. Vale a pena testar pois há uma boa chance que renunciando à qualidade gráfica e resolução, você também conseguirá. O jogo tem uma ferramenta de benchmark gratuita para baixar na Steam e testar no seu PC.

A arte e a cultura chinesa se destacam

Mas de nada serviria o aspecto técnico do visual, na modelagem dos personagens, inimigos e cenários, se a parte artística não tiver uma boa fonte de inspiração. E meus amigos, esse jogo bebe de uma fonte riquíssima, o folclore chinês e toda a mitologia envolvida na Jornada ao Oeste.

A trilha sonora é empolgante, não ativa 100% do tempo, o que acaba valorizando muito os momentos que entra. Usando instrumentos orientais que variam desde as músicas mais simples, até orquestras de larga escala nos momentos mais épicos. Os cenários são muito bonitos, com alguns murais e batalhas com um visual estonteante, que surpreende principalmente quem não tem familiaridade com essa história.

História que bastaria por si só, com personagens curiosos e carismáticos, e que ainda cresce muito caso o jogador se interesse em ler as descrições e histórias dos personagens e inimigos disponíveis no diário. É possível fazer um mergulho profundo dentro dessa mitologia com o jogo.

Screenshot de Black Myth: Wukong.

Mas aqui fica a observação: durante meu gameplay, me deparei com alguns textos que ainda não estavam traduzidos para o português, e mesmo no momento que estou publicando essa review, com o jogo na última atualização, ainda estão sem tradução, escritos apenas em inglês.

Nem tudo são flores

O ponto mais baixo do jogo certamente são as paredes invisíveis, que são muitas, e em todos os capítulos, algumas nem um pouco óbvias, em que não é possível distinguir que não são um caminho e sim uma parede, até você ir até elas e não conseguir avançar. Há muito tempo já existem soluções criativas na indústria afim de evitar esse tipo de coisa.

Por alguns momentos parece que a geografia do level design foi feita de forma procedural e depois os desenvolvedores vieram "fechando" o cenário e acrescentando os pontos de interesse, a arquitetura etc. Essas paredes, além de causar a frustração de te levar a imaginar que existe um caminho onde não tem, conseguem fazer pior em alguns momentos e elevar o nível dessa frustração te jogando de volta para o santuário mais próximo, com uma nada agradável tela de "Você morreu".

As paredes invisíveis estão presentes desde o início até em penhascos, que consistentemente te impedem de cair neles, porém em determinados locais o jogo decide que não haverá mais essas paredes te impedindo de cair... E acredite em mim, você vai acabar descobrindo onde elas não existem nos abismos, e a frustração será certa.

Onde o jogo perde o rumo

Fora isso, a exploração é confusa. Por alguns momentos, caminhos em locais diferentes são parecidos, o que pelo menos para mim, causou confusão quando tentei retornar para algum lugar em que já tinha passado (e acontece com certa frequência). Acho que a solução não seria um mapa como já vi alguns apontarem, e sim uma maior distinção dentre algumas localidades do mesmo cenário. Esses pontos negativos estão presentes e vão acompanhar durante todo o decorrer da história.

Screenshot de Black Myth: Wukong.

Mas nada disso é o suficiente para apagar o brilho de Black Myth: Wukong, que costuma rapidamente crescer de novo com seu combate, visual e trilha sonora incríveis.

Parte do que há de melhor na indústria

Black Myth: Wukong é um excelente jogo de ação e aventura, e dependendo de quem você perguntar, do gênero soulslike, embora eu particularmente não ache ele tão próximo dos souls como alguns dizem. É um dos grandes lançamentos desse ano, e já deixou sua marca na história dos videogames, sendo o single player com o maior número de jogadores simultâneos já vistos na Steam, e no geral ficando atrás apenas de PUBG. Certamente é uma recomendação para os fãs do gênero.

É extenso, com um grande fator replay, mas capaz de satisfazer também os jogadores mais casuais, com uma aventura fechadinha e muito satisfatória. Com atenção ao detalhe, tem diferenciais que não se encontram com esse nível em qualquer lugar, e definitivamente fazem dele um ponto fora da curva na indústria atual. É feito com muito carinho pelos seus desenvolvedores, o que reflete na experiência dos jogadores.

E bom, é o meu tipo de jogo, conversa muito com meus gostos pessoais, embora não supere os melhores que já joguei desse estilo. Em diversos momentos, ele pareceu feito para mim. Black Myth: Wukong me fez muito feliz já por duas playthroughs, e provavelmente fará por mais algumas.

Black Myth: Wukong foi avaliado na versão Windows, mas também está disponível para PlayStation 5.
9.00
excelente
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9
O jogo tem seus defeitos, mas acerta muito no estilo que se propõe. Uma escolha certa para fãs de jogos de aventura e soulslike.

Positivo

  1. Visual
  2. História
  3. Trilha sonora
  4. Combate
  5. Fator replay

Negativo

  1. Level design

Jogos citados

ícone de Black Myth: Wukong 10

Black Myth: Wukong

PS5, WIN

Black Myth: Wukong é um RPG de ação, desenvolvido e publicado pela Game Science em 2024. O jogo é inspirado no romance mitológico chinês Jornada ao Oeste, seguindo a trama do macaco antropomórfico baseado no personagem Sun Wukong da história.

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