Executivo da Take-Two: games serão fotorrealistas em 10 anos

Qual a diferença entre uma "raquete" do primordial Pong e o modelo 3D de um jogo como The Last of Us 2?

A resposta é gritante de tão visível, eu sei. Mas ainda que separados por quase meio século de avanço, são elementos com algo em comum. Personagens e cenários modernos, por mais elaborados que sejam, não conseguem tapear nossa visão (cérebro, enfim...). De um jeito difícil ou não de explicar, sabemos que não é real.

Sabe quando você bate os olhos naquela animação realista, mas algo apita em seu cérebro, como um alarme silencioso? Você sabe que é uma animação de computador, não importa o quanto luzes, sombras e modelos estejam impecáveis. Times de design, motion capture e dublagem podem chorar, mas nunca somos iludidos pelo videogame a ponto de aceitá-los como reais.

Ok, alguns aceitam... Abaixo: animação da Nvidia como demonstração do resultado de ray tracing.

Mas segundo o CEO da Take-Two, Strauss Zelnick, isso deve mudar em breve, onde breve = dez anos. Nesse período, videogames alcançarão o nível gráfico fotorrealista. Ao ponto de não serem mais distinguíveis de cenas filmadas, se o designer quiser.

Durante conferência ontem, Zelnick falou com otimismo sobre o futuro dos videogames. Citando entre outros fatores o crescimento do público e tecnologia, imaginou que os próximos 30 a 40 anos serão "os mais empolgantes da história" da indústria.

Ele citou a diferença da indústria atual para a de 2010, quando jogos para celulares e "gastos recorrentes" engatinhavam, como indício de profundas mudanças até 2030. E entre elas, gráficos de tal realismo que não serão mais vistos como animação.

[...] acho que veremos tecnologia que permitirá aos nossos caras criativos fazer coisas que nunca puderam, incluindo jogos que parecerão totalmente com live-action. Algo do que fazemos hoje parece muito com live-action, mas ainda é animação. Em dez anos, você terá a opção, se quiser, de fazer coisas que parecerão completamente realistas, tudo num computador, sem falar do permitido por outras tecnologias.

Tecnologia + narrativa

Para Zelnick, o avanço visual não será a estrela solitária. A soma de progresso gráfico com novas tecnologias, integração social e a narrativa tradicional é o que sugere um futuro tão brilhante para os games.

"Tudo isso me faz acreditar que haverá mudanças massivas em nosso negócio – muitas das quais não podemos prever totalmente". Isso naturalmente levará a uma maior exploração de criatividade dos produtores de conteúdo.

Em 2013, Hideo Kojima falava da busca por gráficos fotorrealistas em Metal Gear Solid V. Apesar de alguns jogos chegarem perto, não é bem assim ainda hoje, em 2020. A meta deve ser atingida com a popularização de tecnologias como o ray tracing.

Agora vai? Realismo fotográfico em jogos é um sonho antigo, mas com o tempo passando e nao chegando, parecia estar num ponto distante no horizonte. É inegável a melhoria na última geração, mas o desejado hiperrealismo não veio.

Um dos agentes para enfim alcançá-lo é o ray tracing, no mínimo desde 2018 tratado como a "próxima grande onda". Não que simulações do comportamento da luz sejam novidade em computação gráfica. Softwares de renderização tem o iRay disponível há anos, mas para imagens estáticas ou animações curtas. O processamento é tão pesado que se tornava impraticável para videogames.

Isso começou a mudar com a Nvidia na linha RTX 20 e nesse ano com a AMD na RX 6800 XT (e também nos Xbox Series X/S e PlayStation 5). O custo ainda não é acessível para a maioria, mas em alguns anos a história será outra...

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, mais de mil artigos publicados, mais de dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

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