O Atari VCS está disponível para compra. A partir desta semana, ele foi disponibilizado em varejistas e também na loja da Atari. Você deve lembrar do projeto, já que estamos falando desde que foi anunciado em 2017, ainda como Ataribox. Foram várias etapas desde então, lançamentos adiados e promessas que pareciam não ter fim.
Afinal, o que é o VCS? Basicamente, é um PC numa carcaça estilizada e com uns novos controles da Atari. Não tem muito pra ser denominado console além da portabilidade – leve pra sala, conecte em sua TV, jogue. É um computador com foco em games, logo serve a qualquer finalidade dos computadores.
A referência do design é o Atari 2600. Algo como um primo (ou neto) modernoso, curvilíneo e cheio de inspiração no antepassado.
Você o encontra (ou não, continue lendo) em dois pacotes. O primeiro, chamado Onyx, é o sistema básico. Preto, remete ao visual do 2600 que ficou conhecido como "Darth Vader", mesmo do brasileiro produzido pela Polyvox.
O outro é o Black Walnut, com a frente estilo madeira, homenagem ao primeiro modelo do console lançado em 1977. O Black Walnut é um "All-in Bundle", como descreve a empresa. Vem com um joystick clássico e um controle similar aos da linha XBox, ambos sem fio e com LEDs. Em outras lojas, também é possível encontrar o bundle com o modelo Onyx.
Ambos tem 8 GB de memória DDR4 e 32 GB de armazenamento eMMC interno. Tanto o Onyx quando o Walnut acompanham uma coletânea de 100 jogos clássicos chamada Atari Vault.
Console PC
O VCS pode ser usado em dois modos. O Atari Mode foca na identidade videogame dele. O Vault inclui jogos indie e clássicos e mesmo os antigos tem suporte a 4K e recursos dos novos controles, como vibração e LEDs.
"As adições de multiplayer local e online, junto com os Steam Leaderboards, permitem que você desafie amigos e enfrente jogadores de todo o mundo", diz a página do produto.
Se não gostar do Vault, há um Vault Volume 2 na loja virtual. Por US$5, acrescenta 50 jogos de Atari 5200, Atari 2600, arcades e homebrews à coleção. E se quiser mais, o VCS tem acesso ao Antstream's Arcade, serviço por assinatura com milhares de retrogames.
O outro é o PC Mode. Você pode usar o VCS como um computador comum. O hardware é aberto e permite a instalação de vários sistemas operacionais como Windows, Linux, Chrome OS, etc.
Claro que ele pode ser usado como máquina de emulação. Mas... e se você quiser corromper o nobre ideal retrô dele?
Roda Crysis?
Pode ser que rode ?, mas não espere um PC Master Race. Seu APU é um Ryzen R1606G de 3.5 GHz, 2 núcleos / 4 threads e GPU integrada Vega 3. Foi lançado em 2019 com alvo nos portáteis e escritório. O que rodar será em qualidade baixa ou média, a 720p.
Imagine isso ligado num monitor 4K. Mas segura um GTA V em low a 40 fps...
O VCS aceita alguns upgrades, já que tem sockets M.2 e SO-DIMM. Se quiser tirar mais do conjunto, um aumento de memória cairia bem (vai até 32 GB). Além de quatro entradas USB 3.1 (duas frontais), suporta dispositivos via Bluetooth 4.0 e Wi-Fi 2.4 ou 5 GHz.
Se não alterar nada, pode usar a internet com o navegador Chrome, que vem pré-instalado no sistema – um Linux customizado.
Controles
A Atari tentou agradar a gregos e troianos com os controles. O Wireless Classic Joystick visa quem busca uma experiência mais nostálgica. É um controle do 2600 atualizado de várias formas. Além da estética similar ao console, tem botões home e menu, vibração, um anel de LEDs em torno do manche e botão de ação para o dedo indicador. E também imita a função dos paddles do Atari 2600, girando o próprio manche em sua base.
O Wireless Modern Controller segue padrões atuais (similar aos da linha XBox). Tem a mesma configuração geral, com dois analógicos, botões de ombro e gatilhos, etc. O visual dele é bom, mas o D-pad ligeiramente côncavo e sem eixos deve causar estranheza em alguns jogadores.
Eles não têm porta para fone / headset, mas são compatíveis com PCs e podem ser adquiridos à parte. A Atari também lançou um "speakerhat" como acessório: um boné com fones e microfone embutidos, conectado via Bluetooth.
Ai, meu cartão...
Tudo muito bonito, mas e os preços?
- VCS Onyx - US$299,99 (R$ 1.526,99*)
- VCS Black Walnut - US$399,99 (R$ 2.036,01*)
- Wireless Classic Joystick - US$59,99 (R$ 305,36*)
- Wireless Modern Controller - US$59,99
- Atari Speakerhat - US$129,99 (R$ 661,67*)
Fora o envio para o Brasil e eventuais taxas. E só encontrando alguém que envie, porque a Atari não distribui – ao menos por enquanto – fora dos Estados Unidos. O único que achei no eBay sai pela "bagatela" de R$ 2700 + impostos.
Estão apostando que fãs da marca pagarão 400 dólares num PC box de luxo. Claro que o Atari VCS não veio fazer concorrência à Sony e Microsoft, mas é o mesmo preço de lançamento da edição digital do PlayStation 5, por exemplo. E cem dólares a mais que o Xbox Series S. Em um mundo de pandemia e crise mundial, será que vai virar?
Se quiser um mini PC numa caixa bonita e com controles que parecem bacanas, vá com fé. A configuração provavelmente serve ao propósito do projeto e ainda tem margem para certa personalização.
Meu lado emocional amou esse aparelho desde as primeiras imagens. principalmente do controle joystick. Ficou absolutamente lindo. Mas meu lado prático racional nunca se enganou com esta "volta" da Atari. A gente que é cavalo "véio", já passou por várias tentativas de revolucionar o mercado de games e sabemos que nunca mais nasceu um concorrente de peso às empresas tradicionais que estão aí. Eu vejo essas coisas, inclusive os novos jogos de Atari feitos pelo senhor Crane, o Circus Convoy, mais como peças de luxo colecionáveis do que necessariamente videogames. Amo a Atari e jogo até hoje. Mas tentar resgatar o passado como se fosse algo singular e novo e cobrando caro por isso, é totalmente fora da realidade no meu ponto de vista. Eu sempre digo que jogo bom, não tem prazo de validade. E não tem mesmo. Mas a forma de vendê-los, tem. Não dá pra vender Atari hoje como se estivéssemos em 1982...
Compreensível. Acho muito bonito o kit mesmo como mini PC, mas ter um nesse preço, só se fosse rico ou ganhasse. Ainda mais no Brasil com dólar alto e taxa de importação, sem condição.