Não gosto muito de coleções, especialmente de cartuchos e discos. Não que a ideia de ter tantas opções para jogar a qualquer momento não me agrade, mas guardar itens só pra ficar numa prateleira pegando pó, ocupando espaço e raramente usados (ou nunca, no caso de games ruins comprados pra fechar set), definitivamente não é pra mim.
Se fosse colecionar, teria que ter um propósito maior: criar um museu de games, aberto a qualquer interessado em fotografar, conhecer, estudar. Ver o cartucho, o manual - ir além da experiência de jogar no emulador com ROMs. Algo pra preservar e manter acessível a história dos jogos. E claro, jogar também, quando possível.
Infelizmente há coleções incríveis mundo afora, longe do público, guardadas a sete chaves; seus donos passam títulos mais raros só dentro de seu círculo e não fazem questão alguma de mostrá-los. Lembro do caso do Socks the Cat Rocks the Hill (Super NES), protótipo com 1 única cópia conhecida e que raramente circula entre um grupo reduzido de colecionadores - que nem a boa-vontade de gravar um vídeo decente do gameplay tiveram: soltaram só um horrendo, em tom de provocação.
Por isso notícias como essa são sensacionais: O International Center for the History of Electronic Games, nos EUA, adquiriu uma das maiores coleções pessoais de games, que esteve recentemente à venda no eBay por um milhão de euros. Parte do The Strong, instituição dedicada a estudar e catalogar jogos e brinquedos, o ICHEG não revelou quanto pagou de fato para levar os quase 7 mil itens dos colecionadores franceses André e Sylvio Hodos.
Os irmãos franceses, que começaram a importar games e consoles na adolescência, mantinham não só sets completos que incluíam vários games lacrados, mas também títulos raríssimos como Kunio-kun no Dodgeball da yo Zenin Shuugou! Tournament Special Gold Cartridge e All Star Power League Gold HuCard - ambos dourados, de edições limitadas dadas a vencedores de torneios, e Tetris do Mega Drive.
Entre as bibliotecas completas estão 18 plataformas, incluindo Super Famicom, Nintendo 64 e Mega Drive. Eles juntaram uma das mais abrangentes coleções do mundo, que praticamente engloba tudo que o mercado japonês produziu nas décadas de 80 e 90, era de ouro quando 8 e 16-bit reinaram, os 32-bit nasceram e mascotes viraram ícones.
Agora no museu, esses se juntam ao quase 50 mil objetos que estavam lá, e depois de devidamente catalogados, estarão acessíveis a qualquer interessado - claro que não vai ser uma zona de gente jogando em consoles raros com carts ainda mais raros pelos corredores, mas bastará marcar hora e explicar o motivo da visita, com fins de pesquisa e estudo. Durante o trabalho, o museu gravará vídeos de todos os jogos, como forma alternativa de preservar o conteúdo.
Podem não estar em seus propósitos de existir (jogo, acima de tudo, é pra se jogar) e um pouco longe de nós, mas ao menos não ficam trancafiados na casa de alguém, inacessíveis, inúteis, só pra alimentar ego de colecionador.
muito bom!!!!