Por muito tempo, o setup de games da maioria era simples e ninguém reclamava. Uma TV de tubo meio cansada após a novela, um conector RF e os controles surrados do seu velho 8-bit bastavam pra ter horas de lazer.
Mas conforme a indústria de games se desenvolveu, começaram a aparecer apetrechos cada vez mais interessantes. Como ficar alheio à televisão gigantesca da locadora ou àquele acessório que faria sua vida mais fácil, como um copiador de jogos ou um controle diferenciado?
A partir da década de 90, em especial, esses itens passaram a ser tão desejados quanto os videogames e cartuchos. Já não bastava ter o console da geração, havia um pacote de melhorias. A infância do mercado passou e levou aquela experiência minimalista, deixando um rastro de tranqueiras sensacionais.
Não tive nenhum dessa lista e sem dúvida o Neo Geo era meu favorito. Um Neo Geo com uma Flatron 29' tela plana e som estéreo em 1994... Não ia prestar.
TV Flatron, Trinitron, Wega, etc
Até certo ponto da década de 80, a gente tinha à disposição só a TV velha de tubo. Quem nunca passou perrengue com uma Philco ou Telefunken dos pais na época, atire a primeira pedra. As conexões eram as piores possíveis e às vezes você estava jogando com o "fantasma" de algum canal de televisão por baixo. Os modelos arcaicos ainda por cima eram feios de doer, parecendo alguma coisa que hoje você veria em Fallout, manja?
Meus pais tinham uma. Parecia um caixote de madeira com um vidro espesso na frente da tela para simular que era plana. Enorme, pesava como um elefante. Volta e meia (escolhendo as piores horas possíveis) ficava com a tela toda bagunçada. E – sem mentira – só voltava quando você dava um tapão na lateral da infeliz. Joguei muito Master System enquanto estapeava e xingava aquela condenada.
Mas começam a aparecer as TVs de tela plana e som estéreo e tudo mudou. A marca que mais lembro é a Flatron, da LG, com concorrência da Sony Wega e outras. Com o preço alto, só modelos menores eram acessíveis, como as de 21 polegadas, então jogar em 29' ou maiores, só nas locadoras ou na casa do amigo rico.
O tempo passou, a tecnologia virou pó com o surgimento das TVs primeiro de LCD e depois LED, mas as "tubão" de tela plana ainda são objeto de desejo de quem gosta da melhor qualidade retrô possível. Tubão tela plana + o maravilhoso Framemeister XRGB-Mini (que foi descontinuado e não consegui um) = cenário dos sonhos para fãs de jogo pixelado.
Neo Geo
Não que videogame um dia tenha sido "brinquedo de pobre". No lançamento, quase todos os modelos principais custavam bem caro, alguns até mais que os atuais, se a gente fizer a atualização de valores. Mas alguns podiam ser chamados de "videogame de rico" dentro desse universo que já não é dos mais acessíveis.
E não importa quanto tempo passe, o primeiro videogame de rico que virá à mente sempre será o Neo Geo. Cada anúncio de revista era uma babada maior no conjunto. Grande e sólido, transpirava poder. Aqueles jogos idênticos ao arcade, coisa impossível até então.
E o preço... Enquanto consoles "simples" como Mega Drive e SNES saíam até uns 200 dólares via importação, o Neo Geo chegava a custar 800 George Washingtons. No Brasil? Nem faço ideia quanto dava, mas seria algo na casa dos milhões de cruzeiros, cruzados ou sabe-se lá qual a moeda na ocasião.
Por essas, era raro alguém ter um ou pelo menos um amigo dono do monstrinho – exceto pra você rico e membro da high society. Só fui jogar no AES (a versão console do Neo Geo) na melhor locadora da região e olhe lá. Nunca tive a chance de sequer pegar um na mão, mesmo depois de adulto porque está custando os olhos da cara.
Gravador de jogos em disquete
Caro amigo ?☠️, confesse que você também se acabou na farra quando começaram a copiar CDs... Aquela festa de discos nas banquinhas de camelôs que berravam histéricos "Olha o jogo de Prêisteixon, é três por 10!". Aquilo vendia mais que pão quente na única padaria do bairro às seis da manhã. Se você piscasse, brotavam três CDs na sua mão por uma merreca, num passe de mágica.
Não se culpe. Vínhamos de uma longa fase de cartuchos, quando copiar jogos era caro e só para profissionais. Um cartucho copiado custava pouco menos que o original. Aí de repente, uma chuva de discos e jogos por todo lado. Como resistir? Era o prenúncio do que fizemos depois entupindo HDs de jogos que nunca jogamos e Steams da vida com coleções lotadas (aliás, me adicionem lá na Steam).
Mas bem antes disso tudo, o aparelho nos fez babar litros ao surgir nas revistas de games foram os gravadores de jogos em disquete.
Para horror da Nintendo, o SNES parecia ser o favorito do Capitão Gancho. A um preço nada módico, você comprava uma tranqueira que montada sobre o console como uma sanguessuga, surrupiava o jogo de qualquer cartucho, dumpando a ROM extraída num disquete.
A engenhoca também fazia o inverso, permitindo rodar o jogo em disquete no console. Ou seja, uma obra de arte da pirataria, para a alegria de quem montou um acervo de games em disquete.
Controle CPS Fighter
Os CPS Fighters surfaram a onda do sucesso de Street Fighter II [review]. Assim que vieram os ports domésticos, a Capcom concluiu acertadamente que a transição seria melhor com um controle mais fiel ao original. E assim lançaram seu Power Stick Fighter para SNES.
O bicho tinha presença – pense numa época em que arcades eram a "Master Race". Era o mais próximo que se podia chegar de ter a experiência do arcade em casa. Podia não ser tão útil para a coleção geral do SNES, mas se você era dos fighting games, certamente arranjou (ou sonhou) com um desses.
Mas o preço era salgado o bastante para que não fossem vistos com frequência entre amigos ou mesmo nas lojas. Tirando grandes redes varejistas e de locadoras, mais um ou outro amigo, não lembro de ter topado com muitos CPS Fighters por aí.
Em 1993, o Mega Drive também ganhou seu CPS Fighter, que da mesma forma, não era nada barato. Mas sabe-se lá por quê, a Capcom inventou um esquema de cores esculhambado, branco com botões roxos e amarelo. Viagem sem noção e desnecessária.
Óculos VR da Sega
Se até hoje jogos em VR andam meio que engatinhando, imagine uma empresa garantir que em meados dos anos 90 o consumidor teria tal coisa. E melhor: bastaria comprar um óculos de VR para curtir a tecnologia usando seu Mega Drive. E melhor ainda: garantiam que custaria menos de 200 dólares, quase o mesmo preço que o console. Uma ninharia por algo tão avançado.
Parecia bom demais pra ser verdade, né? Até porque não era verdade... Quando o Sega VR foi divulgado, em 1991, houve empolgação inevitável. Apresentado na CES de 1993, o headset apareceu em revistas do mundo todo e prometia ser um dos produtos mais importantes da Sega. Ao menos quatro jogos estavam em desenvolvimento: Nuclear Rush, Iron Hammer, Matrix Runner e Outlaw Racing.
Mas não deu em nada. Primeiro avisaram que o lançamento, prometido para o Natal de 1993, seria atrasado, ajustando a data para agosto de 1994. Depois de todo aquele barulho e deixar o pessoal ouriçado, o Sega VR foi cancelado sem maiores explicações.
A única satisfação que a Sega deu – numa cara-de-pau bastante impressionante – foi dizer que o aparelho era tão realista e imersivo que causaria acidentes entre os jogadores ?. Na verdade, a Sega não conseguiu resolver o problema de enjoo nos usuários para enfim soltar o produto.
SNES CD
Provavelmente nunca haverá no mercado de games uma novela de expectativas, promessas e cancelamentos tão cheia de reviravoltas quanto a do tal SNES CD. É verdade que os donos de Mega Drive precisavam mais de um CD-ROM. Mas naquela guerra, ficar para trás era como perder uma batalha.
Muita coisa que o Sega CD podia fazer estava além dos alcances do SNES. Som com qualidade de áudio "real" e cenas filmadas, por exemplo, só um leitor de CDs permitiria. A Sega aproveitou mal tais recursos, com poucos jogos realmente bons no Sega CD, mas o que a Nintendo faria?
Quando o Mega CD foi anunciado, por volta de 1991, já havia uma treta entre Sega e Nintendo, reforçada a partir de novembro com o lançamento de Sonic. E quando o Sega CD chegou à América, a guerra comia solta. Nintendistas passaram a cobrar algo similar, mas para azar (ou não muita) deles, o aparelho quase saiu pela Philips e depois teve chance real de acontecer em parceria com a Sony.
Apesar de nunca lançado, o resultado foi o que virou o PlayStation, então sorte da humanidade. E acabaram achando um protótipo funcional do SNES CD ou "Nintendo PlayStation", que pouquíssimos privilegiados terão a chance de colocar as mãos.
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Qual foi o item que você mais desejou na sua vida de gamer? Um controle, um jogo raro? Quem sabe um console de edição limitada? Conte aí nos comentários!
Realmente video-game no final dos anos 80 e começo dos 90 era pra quem tinha dinheiro. Lembro-me quando tinha uns 12 anos, um amigo do meu irmão mais velho trouxe Atari, ficavamos horas jogando, era incrivel. Houve momento que ele trouxe pra minha casa o Family Computer, que foi o nitendinho japones, com o jogo do Mario Bros. a minha televisao era colorida de 16 pol, mas pegava preto-em-branco, mas assim mesmo, vendo aquela tartaruga chegando perto do mario Bros e agente pulando, achava incrivel. Quando eu fiquei mais familiarizado com video-game e tive o meu primeiro nitendinho, que foi um family computer, nunca esquecerei os dias que passei indo em casa em casa, dos meus amigos do bairro afim de trocar as "fitas" que eram os cartuchos de jogos. Tinhamos jogos incriveis como Batman, Punch out, Ninha Gaiden, Gradius, Tartaruga Ninja II e tantos outros. O que eu tenho mais a dizer: TENHO MUITA SAUDADE.
Tive uma TV tubão com tela plana da SamSung, na minha opinião até mesmo aqueles monitores tubão para PC, eram os melhores no quesito estilo, sofisticação e no formato 4:3!!!!
Naquela época a galera queria muito ter um fliperama em casa!!!! O Neo Geo era muito desejado...o preço assustava!!!! Uma máquina do jogo Street Fighter 2 champion edition, Mortal Kombat e Samurai Shodown 2 em casa era o que eu queria ter!!!! Bons tempos!!!!
O Neo Geo e a TV plana são de longe meus sonhos. Acrescento aí nesta lista o Game Gear. Muito caro pra mim. E também acrescento o Mega Drive. Pode parecer estranho, mas bem na época quando ele chegou, era para poucos. Todo mundo jogando NES clone ou Master System e este console chega para fazer a gente babar. Depois com o tempo o pessoal foi conseguindo ter um Mega. Lembrando que tudo isso, como o texto menciona, foi antes do Plano Real. Em outras palavras. O preço das coisas era um caos.
Bem lembrado, Game Gear quando apareceu parecia sonho de consumo também.
Game Gear era caro demais mesmo! E o meu colega de aula ricão tinha um com direito a estojo, vários cartuchos e Sega TV tuner. Era impressionante ter um Master System com TV nas mãos. Quando saiu o Nomad, já tinha deixado a compra de consoles pra trás... Mas o GG senti muita vontade de ter.
Detalhe que esse mesmo amigo teve uma Sony Trinitron 29". O som era surround e realmente muito bom! Parecia um upgrade sonoro para o SNES. Ele teve também um NeoGeo e alguns poucos cartuchos. Foi uma infância e adolescência com oportunidade de aproveitar essas relíquias. ت