As melhores trilogias do NES – parte 2

E aí, preparados para mais uma sequência das melhores trilogias do NES? Se não, é porque ainda não leu a primeira parte desse artigo! No artigo anterior, lembramos de dois nomes clássicos do Nintendinho: Double Dragon e Castlevania! Corre lá e depois volte...

Ou se quiser ficar por aqui mesmo, tudo bem. Vamos relembrar mais duas trilogias que marcaram no 8-bit da Nintendo:

  • Ikari, ou Ikari Warriors, que veio de um arcade produzido pela SNK
  • A épica série Ninja Gaiden, também vinda de um arcade, mas dessa vez da Tecmo.

Relaxe a confira!

Trilogia Ninja Gaiden

Aberturas da trilogia de Ryu Hayabusa no Nintendinho.
Aberturas da trilogia de Ryu Hayabusa no Nintendinho.

Ninja Gaiden

A série Ninja Gaiden, criada pela Tecmo, teve seu início no arcade em 1988. No fim do mesmo ano, teve sua versão para Famicom lançada. Em 1989, o jogo desembarcava na terra do Tio Sam.

Ninja Ryukenden no Japão, ou "Lenda da Espada Ninja do Dragão", é uma série de jogos de ação/plataforma, conhecida por seu alto nível de dificuldade (dificuldade no NES? Que novidade!). São marcantes também a ótima jogabilidade e enredo, trilha sonora, e introdução ao mundo de sequências de "cenas cinematográficas", que contam o enredo de maneira detalhada durante o game. A Tecmo chamou essas cenas de Tecmo Theater.

Você pode achar a primeira fase simples... mas é apenas a primeira
Você pode achar a primeira fase simples... mas é apenas a primeira.

A trilogia conta a história do ninja Ryu Hayabusa em suas aventuras contra o mal apocalíptico. Poético, né? Mas é que o cara luta contra algo diferente em cada jogo da série; não consegui traçar algo em comum entre os enredos dos três capítulos, hihi!

Ninja Gaiden começa com um duelo entre dois ninjas. O derrotado nessa luta é exatamente Ken Hayabusa, pai de Ryu. Um dia após o duelo, Ryu encontra no quarto de seu pai uma carta endereçada a ele explicando sobre o duelo. A carta falava que, caso Ken não voltasse vivo do combate, Ryu deveria pegar a espada da família Hayabusa e rumar para os Estados Unidos, a fim de encontrar o arqueólogo Walter Smith. Sem saber os reais motivos de seu pai no duelo e sedento por vingança, Ryu vai para os States em busca de informações.

A jogo é um side-scrolling e possui jogabilidade muito boa, com ótima resposta dos controles. Ryu utiliza sua espada e tem a habilidade de escalar paredes, o que era algo bem raro nos jogos de plataforma da época. Além disso, também conta com armas secundárias, que eram utilizadas gastando um certo número de spiritual strength (energia espiritual), que pode ser aumentada coletando certos itens. Entre essas armas, nosso ninja utiliza poderes como as bolas de fogo Art of the Fire Wheel, e a famosa "estrela bumerangue", o Windmill Throwing Star.

Uma das famosas cut scenes de Ninja Gaiden
Uma das famosas cutscenes de Ninja Gaiden.

Apesar de ter uma proposta bem simples, tipo "andar, pular e destruir inimigos", o game é conhecido por sua dificuldade elevada. Tem fases bem estruturadas (até demais), trocentos inimigos por tela e chefões exigem prática. Você vai passar a odiar águias e morcegos, que são os inimigos que mais te tiram vidas em Ninja Gaiden; não por causarem muitos danos, mas por te derrubarem em precipícios com um simples encostar em Ryu. Mas para nossa alegria, o jogo possui continue infinito.

Os gráficos são bem trabalhados, competentes, explorando o máximo do NES para a época. As cutscenes entre as fases também são muito bem feitas e te deixam com vontade de saber mais sobre a trama. As músicas são bem trabalhadas, dando o tom certo nas fases e frequentemente estão em listas das trilhas mais legais do Nintendinho.

Ninja Gaiden fez muito sucesso nos anos 80 e 90 e virou clássico instantâneo, sempre presente em listas de jogos mais influentes do NES e da história dos games. Foi um começo com o pé direito de Ryu Hayabusa no mundo dos videogames.

Ninja Gaiden II: The Dark Sword of Chaos

O segundo game de Ryu Hayabusa, Ninja Gaiden II: The Dark Sword of Chaos (Ninja Ryukenden II: Ankoku no Jashinken na Terra do Sol Nascente), saiu em 1990 e se passa um ano após os acontecimentos do primeiro jogo. Dessa vez, o ninja luta contra Ashtar, que quer dominar o mundo abrindo o Portão das Trevas usando sua Dark Sword of Chaos (Espada Negra do Caos). Para completar, o vilão rapta Irene Lew, affair de Ryu.

A novidade mais legal de Ninja Gaiden II são os clones de Ryu
A novidade mais legal de Ninja Gaiden II são os clones de Ryu.

A história de Ninja Gaiden II não é aprofundada e surpreendente como a de Ninja Gaiden I. Parece mais um filme de Hollywood, tipo aqueles de ninjas americanos que faziam sucesso nos anos 80. Ainda assim, o enredo tem seu charme e claro que as cutscenes SENSACIONAIS do Tecmo Theater continuam nessa versão, ainda melhores, o que torna tudo mais atraente.

Ninja Gaiden II tem uma jogabilidade superior. A dificuldade continua alta (uma das marcas registradas de toda a série, nunca esqueça disso!) e você não vai conseguir sair detonando o jogo logo na primeira jogada. As armas secundárias continuam, assim como a habilidade de Ryu escalar paredes. Habilidade essa que foi aprimorada: agora Hayabusa escala paredes ao apertar o direcional para cima ou para baixo, não precisando mais ficar pulando de parede em parede.

Mas sem dúvidas, o mais legal são os Shadow Clones (Clones das Sombras) que Ryu consegue criar ao pegar um item. O ninja consegue fazer até dois clones de si. Eles são alaranjados, não tomam dano, seguem Ryu onde ele for, pulam e atacam junto com ele e ajudam MUITO contra os inimigos. Os clones são uma mão na roda, ainda mais num jogo em que as telas rapidamente ficam lotadas de adversários.

Graficamente, a Tecmo conseguiu melhorar o que já era muito bom. Os gráficos são mais bem acabados e definidos e a paleta de cores é também mais criativa, chamando a atenção do jogador. Em relação ao som, pode-se dizer que Ninja Gaiden II é o ápice sonoro da trilogia e muitos fãs afirmam que essa é a versão com as melhores composições de toda a série.

Conseguindo o feito de ser melhor que o antecessor, Ninja Gaiden II foi um sucesso ainda maior com fãs e mídia especializada, recebendo notas altas em reviews e prêmios como o "Game Player's NES Excellence Award" (da revista gringa Game Players) como um dos melhores games de Nintendinho do ano de 1990. Ninja Gaiden II: The Dark Sword of Chaos foi a prova que a série já havia entrado para a lista de grandes games da história.

Trilogia Ikari

telas de título da série Ikari para NES
Telas de título da trilogia Ikari no NES.

Ikari Warriors

Em 26/11/1986, era lançado para o Famicom a versão de Ikari Warriors, run and gun vindo de um arcade da SNK. O jogador assume o comando de dois combatentes, Coronel Ralf e Segundo-Tenente Clark (sim, aqueles que depois apareceriam em The King of Fighters e Metal Slug 6), lutando em florestas de uma nação estrangeira. Pelo menos na versão original japonesa esses eram os nomes, já que no lado ocidental, acabaram chamados como Paul e Vince...

Ikari Warriors veio num momento em que vários clones de Commando, da Capcom, eram produzidos. Mercs, lançado para vários consoles, foi a sequência de Commando, para quem precisa de uma ideia da jogabilidade. É aquela coisa de correr e atirar, com a tela se movendo na vertical. Segundo o designer Keiko Iju, o jogo foi, claro, inspirado nos filmes do Rambo, a ponto do nome ter vindo do título japonês de Rambo II (Rambo: Ikari no Dasshuts", algo como "A Fuga Furiosa").

Ikari Warriors para o NES
A versão NES permite o uso dos veículos.

Ralf e Clark entraram na batalha para libertar um vilarejo, enfrentando soldados a pé, com tanques e helicópteros. Na versão NES, o jogador também pode controlar veículos. Com movimento em oito direções, é preciso certa habilidade para se mover e atirar na direção certa. E se acostumar com os armamentos, já que a metralhadora fica na mão direita, então os disparos não saem direto em linha reta da sua posição. A mão esquerda lança as granadas.

A versão NES (como outras) conseguiu adaptar os controles originais do jogo, que eram baseados em dois joysticks, Um era usado para o movimento, e outro para a mira. No console, ficou com o D-pad a tarefa do movimento, e o botão B para o tiro. Há power-ups, e alguns curiosos, como o de velocidade que torna não o jogador mais rápido, mas seus tiros. Para dificultar um pouco mais, a munição é limitada.

O visual do jogo é simples, com inimigos repetidos usando a técnica da troca de cores. Nada muito espetacular, mas dá pro gasto. A jogabilidade é simples e pode ser até um pouco repetitiva, mas não impediu ninguém de passar horas mandando bala. E é bem difícil, já que você começa só com três vidas e nada mais (tente o código ABBA). De qualquer forma, é ótima opção para jogar no modo cooperativo.

Ikari Warriors II: Victory Road

Em 1988, viria a versão também da sequência, que ganhou o subtítulo Victory Road. A história da segunda parte começa exatamente no final de Ikari Warriors, mas ganha traços mais fantásticos. Paul e Vince recebem os parabéns do General Kawasaki pelo resgate, e voltam para casa num voo arranjado pelo militar. Mas no caminho, uma misteriosa tempestade surge e eles são lançados milhares de anos no futuro. Lá, encontram uma criatura alienígena que os informa da treta: o vilão Zang Zip precisa ser derrubado. Adivinhe pra quem vai sobrar?

ikari warriors 2 victory road para o nes
Saem soldados humanos, entram alienígenas.

A jogabilidade não mudou quase nada em relação ao Ikari anterior. Você ainda tem os dois soldados mandando tiro e granada pra todo lado. Mas em vez de nazis (como sugere uma suástica no jogo original), agora são aliens. A versão NES incluiu um recurso adicional de coletar a moeda chamada "Zeny", usada para comprar armas e armaduras aprimoradas.

Também na versão, há uma emulação dos controles do arcade, bloqueando a direção do personagem enquanto o botão de disparo estiver acionado. Armas não têm mais munição limitada, então você pode atirar à vontade. O personagem do jogador começa com um lança-chamas, mas quando você perder uma vida, ela é trocada por uma metralhadora.

Power-ups estão de volta, como armas espalhados pelos níveis, às vezes escondidos sob rochas destrutíveis pela arma da bazuca ou granadas. Saíram de cena os veículos, mas podem ser coletadas armaduras, permitindo ao jogador sofrer um número limitado de disparos, sem limite de tempo.

Ikari III: The Rescue

Finalmente, a trilogia clássica do NES foi fechada com Ikari III: The Rescue, lançado em 1990, baseado no arcade de 1989. A história deu uma nova guinada e dessa vez, nada de enredos malucos com aliens e viagens no tempo.

No fim do século XX, um candidato à presidência promete lidar com a organização criminosa chamada Crime Ghost. Os bandidos teriam ganhado força sob um cenário de recessão econômica mundial, e se infiltrando em praticamente todos os países. Liderados por Faust, a reação é sequestrar o filho do tal político. Logo são chamados os dois melhores soldados (adivinhe quem?) para se infiltrar na base inimiga e resgatar a criança.

Ikari 3 para o NES
Na terceira parte, a série mudou do run and gun para algo mais beat 'em up.

No NES, sabe-se lá por quê, houve uma pequena mudança no enredo: em vez de menino, como no arcade, a criança sequestrada passou a ser uma menina, chamada Elise. A versão manteve o design de personagens e a jogabilidade do arcade com uma variedade de inimigos, armas e barras de vida para os jogadores. Há também uma quarta fase, exclusiva, em que os protagonistas mergulham, numa jogabilidade mais próxima de um shooter em scroll lateral.

Enquanto os jogos anteriores são focados no uso de armas, Ikari III deu ênfase ao combate manual, porradaria. Virou um beat 'em up, com os soldados resolvendo tudo na base da voadora e soco, por mais estranho que seja. A metralhadora, por exemplo, é um power-up que tem só 10 tiros e depois já era, exigindo um uso bem racional. Os controles adotaram o clássico esquema de Double Dragon, ou seja, um chute, um soco, e ambos juntos para o pulo.

É o que tem melhores gráficos na trilogia. Problemas de versões anteriores, como flickering e até slowdown quando vários sprites estão na tela, foram solucionados ou pelo menos bastante reduzidos. E pra quem reclamava da jogabilidade um tanto complicada, nada mais simples que sair metendo o braço e os pés na cara dos inimigos.

Foi um belo final para mais uma das melhores trilogias do NES. Logo a gente volta com mais!

Glauber Tanaka
Glauber Tanakahttps://glauberweasel.wordpress.com
Punk rock, videogames, mangás, quadrinhos, futebol e sensualidade. Suzano sempre.

2 COMENTÁRIOS

  1. Só coisa boa o nes tinha e ainda tem, bons tempos!!!! Nos anos 90 lembro de ter visto uma máquina de fliperama do Ninja gaiden em um bar de Brasília, saudades dessa época...lá tinha um monte de máquinas pinball e o galaga!!!! Ninja gaiden trilogy do nes zerei algumas vezes, o meu preferido é claro qeu é o Ninja Gaiden 3, mas...a tela de abertura mais linda que considero é o de Ninja Gaiden 2. No final dos anos 80 lembro de ter visto Ikari Warriors pela a primeira vez ao lado de outro cla´ssico...P.O.W .: Prisoners of War, saudade desse tempo. Quase não joguei Ikari...mas tinha uma curiosidade sobre a máquina de fliper...naquele tempo eu era moleque e lembro que na tela de game over dava para controlar pelo menos o botão de tiro no game, não sei se era bug ou não...Bons tempos foram os anos 80 e 90. Muito bom o texto!!!! valeu galera gamer!!!! Fui

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