Sete músicas licenciadas que marcaram em games antigos

Relembre alguns artistas e bandas famosos que tiveram faixas marcantes em games do passado.

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Os anos 90 trouxeram a virada de tecnologia dos cartuchos para CDs, e com eles uma nova forma de tocar música em games. Passamos a ouvir com frequência "música de verdade", a licenciada por bandas e artistas da indústria fonográfica. O que tocava nos rádios e na MTV de repente estava também na tela-título ou no gameplay da sua série favorita.

Foi um salto súbito e brutal de qualidade. A relação custo x armazenamento dos cartuchos era muito alta para enfiar faixas pré-gravadas, então raramente acontecia. Quase a totalidade das músicas era gerada por sintetização, economizando a preciosa memória ROM para sprites e scripts. Som pré-gravado eram vozes, e mesmo assim compactadas, curtas e com qualidade reduzida — lembre das vozes roucas do Mega Drive e do grito com eco em Street Fighter II do SNES.

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Não que fosse novidade. Músicas licenciadas não foram exclusividade dos CDs. De memória rápida, a gente pode citar Journey tocando no Atari 2600 e Michael Jackson no Mega Drive. Mas nada comparável com o que estava por vir.

A lista poderia ser maior incluindo jogos mais novos, ou citando tralhas como Way of the Warrior, que teve a trilha inteira do White Zombie. Mas aí não teria marcado tanto porque o jogo era ruim demais e ninguém liga pra ele...

Rusty Cage

de Soundgarden
em Road Rash (1994)

A trilha de Road Rash [review] ao migrar do Mega Drive para o 3DO foi um dos fatores de destaque. Usando todo aquele novo espaço dos CDs — o maior cartucho do Mega Drive até então tinha 5 Mb*, contra os quase 650 Mb de um compact disc comum — muitos jogos ganharam trilhas sonoras sensacionais, direto da MTV para seu console.

A Electronic Arts escolheu o rock alternativo noventista como base, e dentre as várias faixas, Rusty Cage era provavelmente a mais famosa. Usada na introdução, continua sendo referência imediata para quem jogou.

* a versão de Super Street Fighter II saiu com 40 megabit, equivalente a 5 megabytes (1 byte = 8 bits). O maior cartucho da história, com 708 megabits (88,5 megabytes) foi Samurai Shodown V Special, no Neo-Geo, último jogo oficial do console.

Song Two

de Blur
em Fifa 1998 (1998)

Song 2 é um ponto fora da curva na carreira do Blur. Diferente do estilo mais calmo e melódico conhecido como britpop, teria sido uma paródia do grunge americano. Aliás, grunge e britpop tinham grande rivalidade midiática, já que nasceu quase como resposta britânica àquela barulheira agressiva de bandas como Nirvana e o próprio Soundgarden do exemplo anterior.

O Blur foi um dos "grandes" do gênero, junto com outros como Oasis e Suede, mas a sonoridade dessa faixa não tinha nada a ver com eles. Bombando em 1997, acabou na introdução de FIFA 1998, primeiro para PC e depois mantida na trilha nas versões Saturn e PlayStation. Ficou tão marcada que Song 2 é tanto conhecida por alguns como "woo hoo", quanto como "aquela música do FIFA".

All I Want

de The Offspring
em Crazy Taxi (1999)

"Iá iá iá iá IÁ". Se essa introdução não ativa em seu cérebro nenhum vínculo com Crazy Taxi aí, é porque você não jogou Crazy Taxi, não tem outra possibilidade. Aparecendo nas versões arcade e Dreamcast do jogo insano de corrida, a faixa em ritmo acelerado despeja seu conteúdo em menos de dois minutos.

Caiu como uma luva na urgência das entregas e busca por passageiros no game da Sega. E o The Offspring virou quase uma marca da série, com destaque também para o Bad Religion: as bandas respondem pela trilha sonora dos três primeiros games, lançados entre 1999 e 2002.

As Heaven is Wide

de Garbage
em Gran Turismo (1997)

Sem contar a introdução da versão americana, com um remix sensacional de Everything Must Go, do Manic Street Preachers, outras faixas da excelente trilha do primeiro Gran Turismo [review] ficaram ligadas ao jogo de maneira indelével. Alguns artistas tiveram aquilo como ápice de popularidade, mas outros vinham — ou continuaram — em carreiras bem maiores. Ash e Garbage talvez sejam as mais relevantes.

Em especial essa faixa do Garbage, que não foi das mais famosas do grupo liderado por Shirley Manson. Mas bastam os primeiros acordes para trazer memórias de corridas e seu carro rodando no PlayStation.

(I Just) Died in Your Arms

de Cutting Crew
em GTA: Vice City (2002)

Sério, tem como ouvir isso e não lembrar da voz do DJ Fernando Martinez na rádio Emotion 98.3 enquanto a polícia te perseguia? A ideia de inserir estações de rádio para ouvir nos carros foi elaborada em GTA 3 — já existiam de forma um tanto arcaica antes, mas viraram fundamentais, parte crucial da ambientação em GTA: Vice City.

Natural, considerando a influência da música da época em todas as mídias. Dos ternos coloridos do new wave, passando pelo hair metal e o pop rock meloso de artistas como Cutting Crew, Bryan Adams e Foreigner. Todos estavam lá, ajudando a transportá-lo para uma caricatura caótica de Miami no início dos anos 80.

Guerilla Radio

de Rage Against the Machine
em Tony Hawk's Pro Skater 2 (2000)

A série Tony Hawk's apareceu no PlayStation e se transformou numa das potências da geração. Não só graças à jogabilidade inovadora num improvável título de skate, mas pela trilha sonora. A predominância de rock do primeiro game foi mantida nas 15 faixas da sequência, quando a franquia se firmava como parte da elite.

Guerilla Radio, que rola na introdução, é mais lembrada talvez pela popularidade do Rage Against the Machine entre o público-alvo da série — no primeiro, a abertura havia sido com Police Truck, dos bem mais veteranos (mas nem tão pop) caras do Dead Kennedys.

Nuthin' But a 'G' Thang

de Dr. Dre e Snoop Doggy Dogg
em GTA: San Andreas (2004)

Não gosto de colocar jogos da mesma série em listas, mas não posso ignorar a representatividade da trilha em GTA. Assim como a seleção oitentista marcou Vice City, o gangsta rap da década será sempre gatilho mental para quem jogou a expansão seguinte, com aquela ficção da violência periférica de San Andreas.

Tocando na rádio Los Santos, a faixa do disco de estreia de Dr. Dre (em parceria com Snoop Doggy, então Snoop Doggy Dogg) é a cara daquele universo. Ouvindo hoje, daqui 10 ou 50 anos, vamos sempre lembrar das roupas verdes da Grove Street Families, do roxo dos Ballas...

E aliás: repare como a casa do vídeo parece a casa do CJ.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Me lembro da época em que a MTV prestava, por incrível que pareça era nos anos 90 mesmo...até mais ou menos na época daquele comercial do garoto enxaqueca, lembro!!!! Fui conhecer Soundgarden por causa do jogo Road Rash do 3DO e Garbage conheci vendo a MTV mesmo por causa da música Stupi girl e Push it!!!! Com o tempo vi que no game Gran turismo tinha muitas músicas boas e conhecidas!!!! Saudades!!!! valeu

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