Uma nova patente da Sony, obtida essa semana, registra uma tecnologia que dá aos espectadores de games em plataformas de streaming a capacidade de remover jogadores no meio da partida. Chamada de Spectators Vote to Bench Players in a Video Game, ela foi criada em 2020 e prevê ações através de votação ou simplesmente pagando.
Imagine o jogo comendo solto. O público cisma com um dos jogadores, seja por estar sendo cretino ou apenas inábil e prejudicando os outros ou o show. Se o sistema estiver em uso, basta que a maioria vote (ou determinado percentual seja atingido) para chutar o elemento do servidor ou para outro grupo.
Simpático, não? Tipo um BBB em tempo real. Ou um Coliseu – em que o imperador é quem pagar para decidir.
"Plataformas online como a Twitch, por exemplo, permitiram aos espectadores transmitir vídeos ao vivo e gravados de videogames, e eventos de esportes eletrônicos ('esports')", explica o pedido de patente. À medida que mais e mais pessoas se interessam em assistir a videogames e eventos de esportes eletrônicos, desenvolvedores de jogos buscam aprimorar a experiência de visualização, proporcionando maior funcionalidade e interatividade aos espectadores.
Em resumo, o público passaria a não só assistir e interagir com os jogadores, como também decidir quem segue. O pedido tem detalhes específicos sobre como eles decidiriam e o que acontece após uma punição.
Plutocracia gamer?
A ideia de uma votação "popular" definindo destinos em videogames não é novidade. Várias empresas começaram a experimentar, como a Deck Nine com o recente Life is Strange: True Colors [veja a análise do jogo] – que permite aos espectadores escolher caminhos da trama ou apenas sugeri-las durante uma transmissão.
Mas no caso da patente da Sony, a coisa vai muito além. Voto pode soar como justo e democrático, mas nem sempre as razões dos votantes na internet serão digamos, nobres. Um grande grupo com motivação perversa prejudicaria jogadores por razões estúpidas.
Para coibir o mau uso, a Sony prevê um sistema com vários fatores. O "peso" dos votos seria medido pelo nível dos espectadores. Assim, se votantes têm mais horas jogadas, conquistas desbloqueadas, etc, seu voto vale mais na decisão.
Quase um sistema de castas. Vale mais o voto de quem tem statis, aí o voto "agrega mais valor" – mesmo que não tenha qualquer relação com as habilidades (ou falta) do jogador. Tipo antipatia pessoal. Porque vai acontecer e você sabe, eu sei, todo mundo sabe.
E o pior: o atalho financeiro. O sistema permitiria aos espectadores pagar, por valor fixo ou leilão, para chutar jogadores. O público não conseguiu os mais de 60% de votos (sugeridos na patente) para banir alguém? Só pagar em dinheiro real, dinheiro do jogo ou criptomoedas, por exemplo.
Quando um jogador for banido, seu destino seria variável. Poderia ser sumariamente chutado do servidor, ter controles cortados por algum tempo ou até movido para outra partida/sala. O sistema permitiria ainda ao público comunicar-se com os jogadores antes, dando avisos para melhorar e assim evitar o destino fatal. HAUEHAUEHA
Num ambiente onde ataques em grupo contra personalidades são comuns, imagine o tamanho da 💩 que vai dar. É praticamente um sistema de execução.
Vai dar errado? Vai
Se votos pagos para tirar jogadores de uma disputa já parece injusto, lembre que a Sony comprou o renomado Evolution Championship Series no começo do ano. Mas a patente em si é só uma patente. Não significa que a empresa vá implementar a tecnologia logo ou na íntegra, mas nada impede que partes apareçam em breve.
Mesmo que o uso passe longe de competições tão grandes e prestigiadas, aplicada nas Twitches da vida, o potencial de abrir ondas de ataque contra figuras visadas é óbvio.