Os games mais pedidos e que nunca foram lançados

⚠️ Continuação! Veja primeira parte aqui.

Alien vs Predator (Saturn ou PlayStation)

ultimo chefe - alien vs predator
Fase final de Alien vs Predator: jogo foi desejado em consoles, mas talvez por limitações técnicas e falta de timing, nunca foi portado.

Em 1994, a Capcom andava bem ocupada com a série Street Fighter: em fevereiro, lançava a versão Super Turbo, aquela da estreia do Akuma. Mas ainda tinham tempo pra se dedicar aos beat 'em ups, como o excelente Alien vs Predator, de maio daquele ano. Na época, havia planos para um filme misturando as franquias de alienígenas, mas não andou. Como a Capcom tinha trabalho adiantado e as licenças necessárias, o jogo saiu, mas o filme só viria em 2004, sem relação com o arcade.

Com jogabilidade classe A, é tranquilo parte do melhor que se produziu no gênero. A placa CPS2 permitiu muita ação com sprites enormes e ele conquistou popularidade mesmo já no domínio dos fighting games.

Os protagonistas não-aliens são o Major Dutch Schaefer e a Tenente Linn Kurosawa, cada um fazendo seu tipo (fortão porradeiro e ninja veloz). Infelizmente os personagens não foram melhor aproveitados mais tarde. Kurosawa só fez aparições especiais, mas seu design parece ter sido base para Ibuki, que estreou em Street Fighter III: New Generation, três anos depois.

? Leia nosso review de Alien vs Predator aqui.

Mas foi também influente: o artista de Gunstar Heroes, Tetsuhiko Kikuchi, citou Alien vs Predator entre as inspirações do run and gun do Mega Drive. Praticamente todas as resenhas foram positivas e uma versão chegou a ser especulada para o 32X, mas nunca aconteceu. Continuou para sempre como uma pérola exclusiva do arcade.

Ou quase: estará no retroconsole lançado pela Capcom em outubro.

Star Fox 2 (SNES)

star fox 2
Star Fox 2 quase foi lançado, mas com a chegada da nova geração, acabou atrasado... em mais de 20 anos.

Um dos jogos mais aguardados de sua geração, Star Fox 2 percorreu um longo e sinuoso caminho. Produto top de linha da Nintendo, a sequência do aclamado rail shooter tinha a nata da casa trabalhando. A direção era de Katsuya Eguchi e a produção de Shigeru Miyamoto.

Tudo caminhava para atender o desejo dos fãs com uma continuação ainda melhor. Uma versão jogável apareceu na Winter CES de 1995. Mas era fim da geração; prestes a saltar para o Nintendo 64, a Big N não via mais razão em colocar algo tão grande no SNES, menos ainda em 3D. O público o compararia com jogos de sistemas concorrentes (e superiores) como Saturn e PlayStation. Segundo o programador Dylan Cuthbert, a decisão foi de Miyamoto, que queria uma forte demonstração do poder do Nintendo 64 em relação ao sistema anterior.

Mesmo em estado quase completo, Star Fox 2 ficou sumido por muito tempo. Uma ROM incompleta circulava, mas em entrevista de 2015, Cuthbert afirmou que viu o jogo 95% pronto. Faltavam só ajustes de qualidade pré-mercado. Não havia expectativa que ele reemergisse, já que a Argonaut (desenvolvedora do chip SFX) não existe mais e pendências legais complicavam. A Nintendo também alegava dificuldades em emular o chip SFX.

A surpresa veio no Super Nintendo Classic Edition, que enfim trouxe Star Fox 2. Bem ou mal ele chegou aos jogadores, pena que tão tarde.

Shenmue 3 (Dreamcast e Xbox)

shenmue 3
Shenmue 3 só existiu por insistência de muita gente, incluindo o esforço do criador, Yu Suzuki. Mas também demorou um pouco...

Shenmue foi um dos jogos mais influentes já feitos. O action adventure em mundo aberto de Yu Suzuki começou no Saturn, terminou no Dreamcast e mesmo com o fim prematuro do console, deixou um legado que poucos conseguiram. Seu DNA está em todo jogo que usa a mecânica de quick time e quase todo jogo em mundo aberto posterior. A série Yakuza recebeu enorme influência: o criador Toshihiro Nagoshi começou na Sega trabalhando muito próximo de Suzuki. O produtor Daisuke Sato foi artista nos dois primeiros Shenmue.

A aventura vingativa de Ryo Hazuki contra o assassino do pai, Lan Di, teria uma sequência que com a Sega zarpando do negócio de consoles, saiu também para Xbox (e mais recentes, PC, PlayStation 4 e Xbox One). Mas depois a série estacionou.

Shenmue II foi lançado no final de 2001 mas com o Dreamcast condenado no mercado, vendeu cerca de 100 mil cópias – 1/10 do original. Quase um ano depois, donos de Xbox foram agraciados com uma versão melhorada, que incluiu dublagem em inglês. Desde então fãs da série aguardaram a terceira parte, já que o enredo seguia aberto.

Esperaram, esperaram... O Dreamcast não viu a sequência. E nem qualquer plataforma pelos próximos 18 anos. Só em 2015 Shenmue voltou a dar sinais de vida, quando Suzuki lançou campanha no Kickstarter para financiar a terceira parte. Foi a campanha mais rápida a atingir dois milhões de dólares, em menos de sete horas.

Com vários membros do time original, como o codiretor Keiji Okayasu, o roteirista Masahiro Yoshimoto, o designer Kenji Miyawaki e o compositor Ryuji Iuchi, Shenmue III finalmente chegou ao PC e PlayStation 4 em 2019.

? Veja nosso review de Shenmue 3.

Resident Evil 2 (Saturn)

Resident Evil 2
Resident Evil 2 foi planejado também para Saturn, mas quem levou foi o Dreamcast (e outros sistemas).

Resident Evil foi um daqueles títulos para demonstrar a força da nova geração na transição dos jogos 2D para 3D. Lançado para Saturn e PlayStation, fez papel de referência para comparação entre os consoles (junto com outros, como Tomb Raider). A aventura de Chris Redfield e Jill Valentine deu uma refrescada no nome da Capcom, que tinha virado praticamente sinônimo de jogo de luta.

Quando pipocaram notícias da sequência, de novo Saturn e PlayStation estavam no páreo. A Capcom, convencida da longa vida que a máquina da Sony tinha, tirou a outra da mira num primeiro momento. Só durante o desenvolvimento é que anunciaram versão também para a máquina da Sega. No primeiro semestre de 1998, revistas especulavam possíveis melhorias gráficas usando o cartucho de memória.

Mas como se sabe, o Saturn era um hardware complicado. Os desenvolvedores não estavam acostumados a sistemas multinúcleo e sofriam para fazer nele o que conseguiam facilmente no PlayStation. Cancelado, a equipe responsável passou a trabalhar no que se tornaria Resident Evil: Code Veronica, do Dreamcast. Mas o projeto de RE 2 seguiu, retrabalhado do zero – e acabaria também no Dreamcast.

O que estava pronto para o Saturn sumiu, mas o material ficou conhecido entre fãs como "Resident Evil 1.5". O protótipo nunca veio a público, já que imagens divulgadas em revistas eram da versão PlayStation. Se estiver por aí, talvez um dia apareça esquecido em alguma estação de desenvolvimento.

Red Dead Redemption (PC)

Red Dead Redemption
Quase 10 anos depois, ainda tem gente pedindo versão para PC...

Em maio de 2010, a Rockstar lançava Red Dead Redemption, uma "sequência espiritual" de Red Dead Revolver, do PlayStation 2 e Xbox. Situado numa área compreendendo o oeste americano e o noroeste do México no começo do século 20, os jogadores podiam explorar um vasto mundo aberto montado em cavalos e participando de tiroteios.

Mais que isso, RDR empolgou pela história e personagens. John Marston virou um dos personagens favoritos da geração e a Rockstar ganhou outro clássico, capaz de tirar um pouco o foco do já aclamado GTA. Sorte dos "consolistas" e azar dos jogadores de PC, que inutilmente e por anos, imploraram por uma versão.

Houve um mar de especulações e pedidos, incluindo possíveis especificações e criação de abaixo-assinados. A Rockstar não quis saber e não lançou RDR para PC – estavam ocupados com a produção de GTA V. Um ano depois do lançamento, eles já avisavam que se pudessem fariam, mas nem todos os produtos da casa podiam ser levados ao PC.

A teoria mais difundida é que o jogo tem um código muito complexo. Durante o desenvolvimento, rolaram notícias sobre o caos que foi a criação, com problemas de gerenciamento vazados por membros da equipe. O trabalho se estendeu por quase seis anos e a Rockstar, a certa altura, nem esperava mais fazer lucro, bastava "provar que a Rockstar San Diego é capaz de fazer um jogo de qualidade AAA". Estimavam de forma pessimista que recuperar os gastos da produção exigiria a venda de 4 milhões de cópias.

Parecia improvável. Mas RDR vendeu (até 2017) 15 milhões de cópias. E sem o PC...

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, mais de mil artigos publicados, mais de dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

1 COMENTÁRIO

  1. Muitos jogos ficaram mesmo na lembrança e na esperança essa é a verdade!!!! Hoje estamos na era dos Remakes e na época Sega VS Nintendo muita coisa boa não saiu também devido da rivalidade da era 8 e 16 bits. Bons tempos!!!! Phantasy Star ficaria legal mesmo no Sega Cd ou até mesmo no Mega CD que adorava cutscens Anime da vida. Valeu galera!!!!

Deixe seu comentário

Digite seu comentário!
Digite seu nome aqui

Mais recentes

Análises