A coleção de games mais organizada (e usada) do mundo

Coleção de games é mesmo coisa de louco. Você gasta uma baita grana em objetos que muita gente jogaria fora, e se não bastasse esse "prejuízo", ainda precisa arranjar um espaço animal pra armazenar seu precioso "monte de lixo", como diriam algumas esposas, maridos ou pais menos compreensivos.

Mas não é só ter um quarto de despejo e ir tacando tudo lá dentro: tem que armazenar bonitinho, organizado pra achar itens no meio daquela zona quando precisar. Fazer faxinas frequentes, proteger com embalagens especiais, em alguns casos até climatizar a sala pra evitar oxidação.

Nem sei o que me assusta mais na ideia: o dinheiro gasto, ou o espaço e zêlo necessário. Como não tenho muito de ambos, acho que empatam.

Mas admirar o esforço alheio é bacana, certo? Pra você que também curte, babe um pouco na beleza que Aaron Norton (conhecido nas redes como NintendoTwizer) juntou em alguns anos. Graças à paixão pela Nintendo, a maior parte de sua massiva coleção era formada por produções da Big N, mas tinha também espaço pra Sega e coadjuvantes de geração.

Quase tudo é da chamada "era de ouro" dos games — ali entre as décadas de 80 e 90.

Coleção de games de Aaron Norton
A sala de jogos de Aaron Norton: melhor que qualquer locadora do passado.

Entre os mais de 5700 games, sets completos americanos de Super NES, Game Gear, Gamecube, NES, Nintendo 64, linha Boy (Game Boy, Virtual Boy, etc), Master System e 32X, além de incompletos mas numerosos de outras máquinas como Mega Drive, Wii, Saturn, PlayStation, e até impopulares como Turbografx e Virtual Boy...

O diferencial é que, ao contrário de colecionadores regulares obcecados por caixas novas, seladas, preciosidades que acabam nem sendo jogadas, Aaron tinha praticamente tudo aberto, muita coisa sem caixa, loose total.

Há 3 razões principais para eu colecionar carts loose: preço, espaço e acessibilidade. Eles são muito mais baratos do que games com caixa. Espaço é uma questão pra mim; tenho um quarto livre em casa e tudo tem que caber lá; minha esposa não gosta da ideia de vê-los se espalhando por outros cômodos, e não a culpo. Caixas tomam muito espaço.

E não tinha essa de "coleção é pra colecionar, não pra jogar": ele sentava a mão em tudo que desse na telha, jogava mesmo.

Games são para jogar. É muito mais fácil não ter que manusear uma caixa de papelão com trinta anos para usar o cartucho. Só tenho os de Master System e Mega Drive nas caixas de plástico porque já vieram assim.

Num primeiro momento, a pessoa pensa que tudo devia estar esculhambado e feio, tipo aquela zorra que você aí faz com caixas de sapato, gavetas e sacos de lixo... Mas passa longe disso: uma organização meticulosa em prateleiras, em ordem alfabética, num arranjo visual impressionante. Tudo personalizado, com sinais em vinil, decoração de ambiente e tudo mais.

Uma sala de games digna dos nossos sonhos de infância. Ou de adulto, por que não?

Consoles variados, como modelos de Nintendo 64 descansando pacificamente em sua glória histórica numa torre em acrílico, sem falar dos aparelhos pra jogar: em móveis iluminados, ligados a um único belo, arcaico e nostálgico televisor CRT de 21 polegadas. As melhores locadoras dos anos 90 não era tão bonitas.

A maioria do material é da Nintendo porque ele mesmo se assume como fã:

Acho que posso me considerar fanboy da Nintendo. Cresci nos anos 80. Nintendo e Mario estavam em toda parte, não dava pra escapar. Dos desenhos animados de domingo aos cereais, cuecas, lençóis e lancheiras. A Nintendo criou games incríveis e franquias eternas. É sem dúvida minha empresa favorita.

É difícil saber quanto ele gastou nisso tudo, mas garante que nem foi (ou parece ter sido) tanto: "Comprei toneladas de games, mas não sinto como se tivesse gasto uma tonelada de dinheiro. Muita gente não sabe, mas muitos são encontrados por valores como 1 a 4 dólares. É questão de achar o negócio certo na hora certa", afirmou, indicando lugares para garimpar como "sua área local e bons negócios online".

Coleção de Aaron
Apresentar games antigos às novas gerações JOGANDO, e não em caixas intocáveis numa prateleira: ele está fazendo isto certo!

Mas será que mesmo com essa maravilha toda em casa, sendo casado e pai de 3 filhos, ele tinha tempo e vontade de jogar? "Encontro tempo pra jogar aqui e ali [...] Quanto me aposentar, terei mais tempo", afirmou, lembrando que joga desafios propostos online e também introduziu a filha mais velha, de 3 anos, ao Super Mario World. "Ela não consegue usar o direcional ainda, então eu movo o personagem e ela aperta A para saltar".

No fim de janeiro de 2015, Aaron vendeu sua bela coleção, por cerca de 130 mil dólares, pelo eBay. Será que o novo dono vai mantê-la assim bonita ou mesclá-la com outra, enfiar nuns cases e nunca mais usar de fato?

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, quase mil artigos publicados em dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

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