Uma bolinha de boca larga, devorando pastilhas, frutas e inimigos. Parece pouco? Mas foi com essa proposta simples que o mítico Pac-Man, da Namco, estourou nos arcades em 1980. A aceitação, quase imediata e universal, o levou aos consoles e várias sequências; praticamente toda máquina de rodar jogo teve o famoso "come-come".
No aniversário de 35 anos do original, a gente percebe que a bola amarela ultrapassou fronteiras, metendo-se na mídia e na cultura como poucos ícones dos games conseguiram, e poucos conseguirão no futuro; tornou-se um fenômeno social, estampando camisetas, cadernos, aparecendo na TV e cinema.
Fundamentou bases ou tinha elementos inovadores de gêneros populares por gerações como perseguição, stealth (evitar o inimigo em vez de destruí-lo) e com boa-vontade, survival (estratégia para sobreviver). Mostrou o potencial de mascotes e levou pela primeira vez o público feminino em peso aos arcades; elas pouco se interessavam nos combates espaciais que predominavam.
Lançado exatamente em 22/05/1980 no Japão, sua meta era ser diferente do padrão: shooters espaciais na linha de Asteroids e Space Invaders dominavam a cena. Em vez do visual escuro e às vezes monocromático ou de poucas cores, seu criador, Tōru Iwatani, queria algo mais "cartoon": animado, visualmente atraente, divertido e envolvente, com apelo sobre todos os públicos, faixas etárias e sexos. Parecia muita ousadia para a pequena equipe que o desenvolveu: nada mais do que nove pessoas, que trabalharam a partir de abril de 1979.
Há controvérsias sobre a origem do formato do herói. Iwatani disse algumas vezes que a ideia veio de uma óbvia pizza faltando uma fatia, mas em outra ocasião admitiu ser uma forma "arredondada e reduzida" do caractere japonês 口 (kuchi, ou boca). Para atrair meninas, colocou a boca ambulante amarela num labirinto com fantasmas simpáticos e coloridos, batizando o personagem central Pakkuman (de paku-paku taberu, expressão japonesa para quem está comendo com gosto, onde paku-paku seria uma onomatopeia para abrir e fechar a boca). O nome oficial ficou em Puck Man, por lembrar o puck do jogo de hóquei.
O começo no Japão não foi nada de anormal, mas lançado nos Estados Unidos... O público adorou e Pac-Man (nome alterado para evitar piadinhas com o título original, trocando o P por F) logo ultrapassou Asteroids como arcade mais popular. Estima-se que até 1999, tenha faturado mais de 2.5 bilhões de dólares só em fichas de 25 centavos na América, e no total, quase 3.5 bilhões — o arcade mais rentável da história. Sem falar das inúmeras versões, sequências e produtos derivados fora do mundo dos games.
Para comemorar o aniversário, nada de bolo: no Japão, foi estabelecido o recorde mundial de maior Pac-Man formado por humanos, veja. Mas como gosto de maluquices saudáveis, um vídeo clássico com a recriação na vida real de uma partida de Pac-Man, com seus inconfundíveis e nostálgicos efeitos sonoros:
Justas homenagens para o comilão que fez parte da nossa vida. Ficou com saudade? Então jogue de novo do doodle que o Google criou em 2010, no aniversário de 30 anos.
Afinal, Pac-Man não envelhece nunca!