Em 1994, Shaquille O'Neal era um monstro recém-formado pela NBA. Selecionado no draft pelo Orlando Magic dois anos antes, despontava como estrela de primeira grandeza, e como tal, aparecia nas mídias fazendo um pouco de tudo e gerando muita grana: discos de rap, filmes e claro, logo o mundo dos games seria alcançado. A Delphine Software produziu e a Electronic Arts distribuiu o fighting em que "Shaq" assume o papel de um super-herói lutador: o horrendo Shaq-Fu.
Tudo seria perfeito se o jogo não fosse uma das maiores porcarias da história, desses que são páreo duro para E.T. do Atari 2600 e tudo do Jaguar (peguei pesado, mas quase tudo) em listas de piores. Lançado para SNES e Mega Drive, Shaq-Fu ganhou fama negativa proporcional — talvez até um pouco desproporcional — aos mais de 2 metros do gigante protagonista.
Mas eis que em pleno 2014, a facilidade dos sites de crowdfundings permite que um mito volte do limbo dos games direto para suas telas. Vem aí, para mitar novamente, o renascimento da fera: Shaq-Fu: A Legend Reborn.
Shaq-Fu não vai fu... tudo dessa vez
Financiado pela plataforma Indiegogo, a Big Deez Productions avisa logo de cara na página do projeto: dessa vez, o game não será a tragédia de antes. Contando com gente que participou de títulos como HALO, Killzone, Max Payne e Final Fantasy, a companhia fez parceria com Shaquille (ele tomou a iniciativa) para trazer seu jogo de volta à vida totalmente remodelado e usando os recursos de consoles e PCs atuais.
A meta inicial para a produção, de US$450 mil, foi superada, chegando aos US$473.844,00 no período entre 06/03 e 05/05. Agora começa o desenvolvimento pra valer, e com o valor obtido, estão garantidas versões para PC, PlayStation 3 e 4, Xbox 360 e Xbox One, e Wii U.
Nesse tipo de financiamento coletivo rolam vários modelos de contribuição, para os mais variados bolsos. Esse de Shaq-Fu Reborn deve ter sido o mais rico kit já visto: coisas mais simples tipo US$5,00 pelo nome nos créditos ou US$15,00 por uma cópia digital, até valores altíssimos por itens personalizados e algumas traquinagens do próprio Shaq.
Por 35 mil dólares, por exemplo, alguém arrematou a presença do ex-jogador numa festa como DJ; por 600 dólares, você conseguiria a grande honra de tê-lo como seguidor no Twitter ou por 500, no Instagram; por 500, você ajuda a compor alguma faixa da trilha do game; por 750, ganha uma mensagem em vídeo de 20 segundos com o próprio Shaquille agradecendo a colaboração.
Outras opções incluíam um jantar ou almoço com Shaq (inclusive na casa dele), visita ao estúdio, etc. Participação total!
Mentor sim, repetir erro não
Mas não vá pensando "se o original era uma bomba, esse também será". A equipe avisou que do "clássico", só restam o nome e o protagonista. Eles querem algo de que possam se orgulhar e não tornar o vexame em torno de Shaquille nos games ainda maior. E se o próprio está tão diretamente ligado, é de se imaginar que o empenho será total para não repetir o mico dos anos 90.
O game será de luta, segundo os desenvolvedores, com alguma coisa de Streets of Rage, Devil May Cry e Street Fighter — aliás, a semelhança estética das artes iniciais com Street Fighter IV é notável. Jogando como Shaq, você usará técnicas, golpes e armas, enfrentando milhares de inimigos em modos cooperativo ou versus. O sistema de combos estará presente, assim como escolha de técnicas. Ao derrotar os chefes, eles serão desbloqueados para uso. O estilo é exagerado e deve ter altas doses de humor no meio da pancadaria.
Como mentor da coisa toda, Shaquille deve participar / supervisionar todo o desenvolvimento. Como disse no lançamento da campanha, é sua chance de eternizar (um pouco mais) seu nome, agora num produto decente:
Eu admito, Shaq Fu foi um game horrível. Sou um grande fã de videogames e quero ter meu nome associado a um Shaq Fu do qual me orgulhe e que goste de jogar. Esta é minha segunda chance e será até melhor pois posso torná-lo real em parceria com os fãs.
Se quiser acompanhar o andamento do projeto, curta a página do Shaq Fu no Facebook.
Vamos ver se dessa vez ele não vai mesmo "fu... it up", até porque fazer outro jogo ruim como o primeiro é virtualmente impossível.