Sete jogos exclusivos do PlayStation que queremos no PC

Com a Sony empenhada em seduzir os jogadores de PC, o público vai se permitindo sonhar. Depois de boas surpresas como Horizon Zero Dawn, Death Stranding e Days Gone, entre outros a caminho, todo mundo se pergunta: e agora? Franquias clássicas seguirão a rota? O que o futuro reserva?

Os quase 25 anos de história do PlayStation deixaram uma trilha de exclusivos. Há grandes nomes do passado que foram engavetados, como Sly Cooper e Syphon Filter. Outros cresceram e seguem ativos, mas nunca saíram do console. Apesar do acesso pelo PS Now, por melhor que seja a experiência (ou não, já que avaliações são mistas, por enquanto), games em streaming jamais terão a qualidade de uma conversão.

Certos jogos são tão bons que merecem mais que um remaster ou reboot. Merecem alcance irrestrito. Imagine um clássico fundamental do cinema, que pudesse ser assistido só em videocassetes ou DVDs de uma marca. É aceitável uma obra como Shadow of the Colossus fechada num sistema?

Selecionei sete exclusivos do PlayStation que deveriam ser lançados no PC. Alguns como Bloodborne parecem menos improváveis. Já outros...

Lembrando que são minha vontade, independente de fatores legais ou de mercado – entenda como "no mundo ideal, esses jogos seriam lançados no PC".

7. Shadow of the Colossus

shadow of the colossus remake ps4
Shadow of the Colossus na versão PlayStation 4. Isso TEM que ser visto por todo mundo.

Já se vão dezesseis anos e nada dessa obra explorar o mundo como merece. Dirigido por Fumito Ueda, Shadow of the Colossus conta a história do herói Wander tentando salvar a garota Mono da morte. Para tal, faz um pacto com Dormin, entidade de um templo: se matar 16 Colossi que vagam pelas Terras Proibidas, Mono terá a vida de volta. Avisado sobre um "alto preço" a pagar, o jovem não titubeia e parte na jornada com sua égua Agro.

A simplicidade é o que faz dele uma experiência rara. Há uma admiração bucólica enquanto cavalgamos por aquele mundo semideserto. Aquela sensação que mistura dever cumprido e uma pontada de tristeza ao tombar gigante após gigante. É correto matar aqueles seres inocentes por sua causa? Por que Dormin quer destrui-los? Qual será o "alto preço" por reviver Mono? Wander é mesmo um herói? Respostas emergem aos poucos, mas só final – interligado com Ico, também dirigido por Ueda – tudo fica claro. Ou nem tudo.

É uma das produções mais criativas e influentes da indústria. Seu DNA está por aí: dos cenários de Breath of the Wild às narrativas emocionais de God of War e The Last of Us. A direção de arte, a escolha por deixar detalhes da trama abertos e focar na narrativa da caçada e suas consequências fazem de Shadow of the Colossus pura arte. Pode não ser perfeito e assustar pela idade, mas uma ideia bem executada não envelhece. O remake do PlayStation 4 seria ótimo ponto de partida para uma versão PC.

Wander, moleque vacilão...

6. Bloodborne

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Bloodborne, de 2015, seria uma potencial torrente de dinheiro com um remake no PC.

Falando em sucessores espirituais, como Shadow of the Colossus foi de Ico, chegamos em Bloodborne. De Hidetaka Miyazaki, mesmo da linha Souls (Demon's e Dark), o jogo não dá trégua ao aventureiro incauto. Tem mais ação que os outros, com quantidades absurdas de inimigos tentando matá-lo numa cidade inspirada na Inglaterra vitoriana, tanto assombrosa quanto encantadora.

Já temos Dark Souls em PC, então não precisamos de Bloodborne, diria alguém. Apesar da herança "genética" ou estilística, não são a mesma coisa. Se a FromSoftware e a Sony quisessem, o público receberia o port de braços abertos. Desde que começaram as conversões de PlayStation para PC, Bloodborne está entre os mais pedidos e cogitados a próximo da lista.

Seria a reciclagem de mais um nome forte, com lucro certo e talvez consertando detalhes criticados, como o frame rate irregular. Mas com o recente fechamento do Japan Studio pela Sony e a saída do diretor Masaaki Yamagiwa e ao menos outros dois desenvolvedores do original, qualquer previsão é incerta. Resta esperar.

5. Ghost of Tsushima

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Ghost of Tsushima no PC? Talvez um dia, mas não espere tão cedo. Infelizmente.

Quase todo mundo aberto com muita mecânica de exploração, praticamente implora por um port em PC. Por que esse seria diferente? Tem tudo que o povo gosta: visual avassalador, combates excelentes, nome já consagrado. É um prato cheio para chegar com o público feito e crescer.

Ghost of Tsushima no PC é tão fácil de imaginar, tão óbvio, que duvido não passar pela cabeça dos desenvolvedores. Difícil é imaginar como ficaria mais espetacular, já que foi um dos jogos mais bonitos dos últimos anos – merecido vencedor em Direção de Arte no Game Awards 2020. Tente pensar então nos mods e melhorias especialmente para a conversão. No grande potencial para multiplayer online. O jogo só teria a ganhar.

Mas como um dos títulos mais comemorados do PlayStation no momento, a chance é muito pequena. Quase zero. Então esse é da lista do "a gente queria" mas sendo realista, a possibilidade a curto ou médio prazo é ínfima (pra não dizer inexistente). Talvez num futuro distante, às vésperas de um Ghost of Tsushima 2.

4. God of War

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Uma das marcas mais icônicas do PlayStation poderia chegar ao PC? Espero que sim, mas...

Chovem pedidos por God of War para PC desde que a série estourou no PlayStation 2, no remoto 2005. A cada lançamento é a mesma história: começa a especulação, fofoca, papo furado, notícias falsas... E no fim, nada.

A série tem um obstáculo adicional em relação a um Bloodborne da vida: Kratos é um dos rostos mais famosos do PlayStation. O guerreiro é uma instituição da marca. Tirar a exclusividade seria uma boa? Talvez perdesse a personalidade. Talvez deixasse fãs abobalhados indignados. Há riscos ao considerar um passo tão grande e se der errado, dinheiro perdido ali é o menor dos problemas. A reputação construída durante anos pode ser demolida do dia pra noite.

Depois da excelente recepção ao jogo de 2018, o público aguarda pela sequência, chamada God of War: Ragnarok. Como Bloodborne, relançar o anterior para ampliar a base de fãs soa como uma estratégia pré-sequência. E aí sim, com o nome bombando mais que nunca, soltar a continuação na praça. Mas sendo realista? A possibilidade é remota, talvez o mais improvável dos listados nesse artigo.

3. The Last of Us

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Já pensou se ao menos a versão Remastered do original viesse ao PC? Eu jogaria dois anos sem parar.

Imprescindível na lista. Note, contudo, que não falo da sequência lançada ano passado. É o primeiro mesmo, de 2013. Sei que muita gente adoraria ver The Last of Us Part II no PC – eu incluso – mas seria uma "experiência incompleta". Por quê?

Primeiro, porque The Last of Us é uma história boa demais pra ser apreciada pela metade. A jogabilidade é ótima (mesmo não sendo tão inovadora ou criativa), mas o que faz dele especial é a narrativa. A sequência é espetacular, mas absorver sua essência, entender bem os ciclos de queda e redenção, as razões e consequências e até diálogos que aprofundam personagens, exige conhecer o primeiro episódio. Se jogar é a experiência ideal, por que negá-la ao público que implora por isso?

Segundo, porque a chance da Sony liberá-lo tão cedo é pequena. Tal como o God of War, numa escala um pouco menor, é uma das séries que vendem o console. Com o boato da Naughty Dog estar trabalhando para o Part II rodar lindamente no PlayStation 5, a esperança ficaria no Remastered portado para PC. Acho difícil, mas não tanto quanto o GoW. E se viesse, seria uma porteira arrombada para uma boiada de outras IPs de primeira linha. Depois dele, não duvidaria de quase nada.

2. Gran Turismo

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Gran Turismo Sport Spec II, de 2019. Opções são sempre bem-vindas e "pcistas" adorariam a legendária série de Kazunori Yamauchi no PC. 

Eu sei. Você provavelmente não liga a mínima para Gran Turismo. Temos Grid, Forza, Assetto Corsa, Project Cars. Há uma pancada de franquias menores pra matar a nossa sede de velocidade no PC. Então arrastar Gran Turismo para a festa pode soar desnecessário. As opções são ótimas, mas quem gosta de racing games sabe que não é bem assim.

Mesmo dentro de um gênero (turismo, seja simulador, arcade ou "simcade") de produções tão similares à primeira vista, detalhes sutis as tornam únicas. A percepção é pessoal; pra um jogador, a magia estará numa variação de sensibilidade do volante. Para outro, na atividade da IA. Uns se incomodam com falta ou excesso de customização, ângulos de câmera ou alguma peculiaridade gráfica. Achar a SUA série de corrida ideal é como a eterna busca pelo graal. Por isso fãs ficam tão chateados quando suas escolhidas derrapam, como Project Cars 3.

Comecei tarde a jogar o PlayStation clássico e Gran Turismo foi um dos primeiros games que me cativaram. Estou longe da série há anos e tê-la no PC seria um recomeço. Quem não liga para consoles teria outra boa opção – talvez a única grande fora do teto da EA. E como capítulos recentes focaram no eSport, seria um salto ainda maior nesse aspecto.

Falando nisso, aproveite pra conferir o review do Gran Turismo original.

1. Uncharted 4: A Thief's End

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Após vários Tomb Raider em PC, Uncharted seria um complemento, as duas faces de um gênero.

Por muito tempo, não dei a mínima para a série Uncharted. Às vezes tenho preconceitos contra jogos que parecem cópia de outros ou batidos demais – como disse antes, esnobei The Last of Us durante anos por achar que era "mais um apocalipse zumbi". E à distância, Uncharted parecia uma cópia nada sutil de Tomb Raider. Ou "bastante inspirado", se preferir um eufemismo.

Aproveitando que a eterna Lara Croft andava perdida, a Naughty Dog foi ligeira e com excelente timing, colocou seu ladrão de relíquias nos holofotes. No decorrer da série, ficou claro que as aventuras de Nathan Drake tinham personalidade. Embora perca para Tomb Raider no lado puzzle e de exploração, é mais evoluído em ação, com uma história mais rica e elaborada sendo contada.

Embora a saga de Drake tenha terminado em A Thief's End, não significa que a série acabou. A Naughty Dog é mestre em narrativa e vai encontrar linhas a seguir. De qualquer forma, há uma massa no PC alheia a Uncharted, que não reclamaria em recepcionar o "Lauro Croft" em seus domínios. Paralelo ao universo de Tomb Raider, eles se completariam no gênero.

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, mais de mil artigos publicados, mais de dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

2 COMENTÁRIOS

  1. Porque só o uncharted 4? Tem que ter todos se não nem faz diferença, e eu pessoalmente passo o gran turismo, tem coisa melhor pra por no lugar, tipo o FF7 remake. O resto eu concordo.

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