"Vivo ou morto, você vem comigo".
Quem não lembra da fala do homem de lata que apareceu com tudo no final dos anos 80? Além de fuzilar meliantes, virar brinquedo, seriado e o caramba, ele também teve cenas nos arcades e depois nos consoles.
Em 1988, a Data East — de novo ela, já falei outro dia de Two Crude Dudes ou Crude Buster —, em parceria com a japonesa Nihon Bussan (Nichibutsu, que fabricou e distribuiu as máquinas), lançava esse jogo baseado na produção de Paul Verhoeven.
Com boa jogabilidade em ação lateral com plataformas, gráficos dignos, som que não compromete, dificuldade dosada e fidelidade ao filme para agradar fãs, Robocop foi um dos games com o qual eu mais gastava os tostões que tirava dos meus pais e irmão, ao lado de Karate, Pit Fighter e Double Dragon.
Pena que o gasto não dava resultado, pois com muito esforço chegava à segunda fase... Sim, eu era patinho. Mas o jogo é cruel também.
Do cinema ao arcade
O jogo segue a ação e ambiente do filme, em partes com mais fidelidade, outras superficialmente. Começando na cidade, Robocop vai em direção a uma refinaria de drogas, matando a bandidagem até chegar à OCP, onde enfrenta o velho ED-209 e outras máquinas assassinas. Pelo caminho, muito armamento hi-tech como lasers e caras bem perigosos, com granadas, motos, serras elétricas, bazucas de plasma e outras ameaças.
Os comandos são básicos, com movimentação lateral, fazendo o policial Murphy lembrar um Shinobi pesado, forte e sem magias. Há um botão de tiro que também dá socos quando o inimigo se aproxima, e um de pulo; atira-se pra cima e nas diagonais. Muitos inimigos aparecem pelo alto, em janelas, sacadas e plataformas, tornando a prática de atirar em todas as direções importante no progresso.
É preciso avançar com alguma cautela, senão a tela fica lotada de inimigos, chegando até a apresentar algum slowdown ocasional. Experimente ir avançando como louco nas fases mais adiantadas e se verá no meio de dezenas de caras e máquinas armadas, tiros correndo pela tela e até veículos.
Também são coletados itens como armas, munição especial e energia na forma de latas – provavelmente é aquela papinha que ele come no filme. Se quiser terminar sem usar muitos créditos, trate de aproveitar essas chances de recuperar power, pois especialmente os chefes são capazes de fazer enorme estrago, alguns quase esvaziando sua barra de força com um ou dois disparos. Você só tem uma vida: morreu, é continue ou game over. Pelo menos volta-se do mesmo lugar e não é preciso refazer toda a fase.
Robocop, por motivos óbvios, tem um pulo bem vagabundo, precisando da ajuda de plataformas e elevadores para alcançar partes mais altas da tela. Durante todas as oito fases a ação se resume praticamente a atirar, atirar e atirar mais; o pulo só é mais usado nos chefes, por serem altos.
Como estamos falando de um arcade, diria que a dificuldade é pesadinha ao primeiro contato: quando criança eu dificilmente passava da primeira fase e agora que fui jogar, senti o drama de novo nas primeiras partidas. E pior: a energia não é cheia ao passar de fase, se você levar bala até quase morrer, começa no mesmo estado na etapa seguinte. Mas como tudo é muito repetido e a ação bem cadenciada (é lento mesmo, no ritmo do ciborgue pesadão), logo você entende onde se posicionar para fugir de tiros, como desviar das investidas dos chefes e chega ao final com poucos ou se for bom, até sem continues.
Há também estágios de bônus, num jogo de tiro em primeira pessoa contra alvos móveis e estáticos. Quanto melhor seu desempenho, mais você recupera energia e ganha pontos. Essas fases lembram vagamente as cenas nos stands de tiro em Snatcher (Sega CD, MSX, etc), mas com maior liberdade de movimento.
Os efeitos sonoros não são lá aquelas coisas, um tanto repetidos. Todas as fases te darão a desagradável companhia do barulho das granadas sendo jogadas e o resto é só barulho de tiroteio. O efeito sonoro ao completar as fases de bônus, enquanto seus pontos são somados, são bem pentelhos, estridentes. Faltou um pouco de capricho.
O grito de Murphy quando morre é o mesmo dos bandidos, uma coisa meio "yeah", mas as vozes digitalizadas em geral são bacanas, a melhor parte do som. Remetendo ao filme, Robocop manda os caras largarem as armas (drop it!), avisa que estão em cana (you're under arrest!) e no final das fases ainda agradece sua jogada (thanks for your cooperation). Na cena final rola uma fala especial.
As músicas não me agradam no geral. Chupadas da trilha do filme, querem dar um tom de emoção as fases mas perturbam mais que empolgam. Lembram a trilha de algum jogo de 16-bit levemente melhoradas tecnicamente, mas não tem muita personalidade. Joguei faz algumas horas e já não lembro da maioria.
No geral, Robocop não é um jogo brilhante, apesar de ter sido o primeiro de uma série e recebido críticas positivas. Mas também não é ruim, garante um tempinho de boa diversão e muitas memórias do "policial do futuro" no primeiro e melhor filme da trilogia.
Pena que outros personagens tenham participação tão pequena. Seria bacana um modo 2 players com a policial Lewis ao lado dele. Se não conhece, jogue. Recomendo especialmente pra quem curte o filme.
bom
clássico!!!!
Gostaria de baixar o jogo para jogar no pc.
Já procurou no Google? Fácil de achar.
Esse foi o melhor jogo do Robocop em termos de tudo mesmo. Boa jogabilidade, bons gráficos e boas músicas. Na época arcade da vida conhecia pessoas que com 1 ficha zerava esse jogo...impossível para mim atualmente!!!!kabuloso!!!!