A vida de chefe de família é dura, né? Você trabalha de sol a sol, é explorado pela chefia, ganha uma merreca. E parece que todo dia é dia de dar presente: aniversário do mais velho, Dia da Criança, aniversário do caçula, Natal, outro aniversário. E claro que os pimpolhos ficam gritando que querem um videogame igual ao que viram na casa do primo endinheirado. "EU QUERO UM PREISTEIXIOOON!".
Bem que o Yudi podia rodar a roleta e dar uma força, mas nem com isso você pode contar. Você faz as contas e pensa preocupado "De onde vou espremer dinheiro pra comprar esse tal videogame para agradar a criançada?" São tantas contas que a única esperança é que o troço não custe um rim. Mas após pesquisar, fica desolado porque o tal do PlayStation custa mesmo uma fortuna.
De repente, passando pelo camelô, você mal acredita no que seus olhos veem. É um milagre? Uma visão?
Não, é o PolyStation!
A banquinha parece um shopping eletrônico de tão cheio das modernidades tecnológicas da China via Paraguai. E de alguma forma os caras tem o caríssimo PlayStation que seus filhos tanto querem. Parece, pelo menos: tem caixa bonita, controles "tipo iguais", mas o preço é dez vezes menor que o da loja.
Você pergunta para o camelô "Mas é bom esse videogame, é igual o outro?" e ele cinicamente sorrindo como o Sílvio Santos: "Claro patrão, muito bom, pode levar que a criançada vai gostar". Na caixa está escrito "PolyStation", mas deve ser questão legal, afinal esse é produzido sem autorização, não pode usar o mesmo nome... "Mas de resto é beleza, garantia comigo aqui", garante seu amigo camelô, com um sorriso amarelo que inspira dúvida confiança.
E ingenuamente – ou nem tanto – você compra o tal videogame, mesmo tendo "pequenas" diferenças.
Destruidor de Natais
Essa historinha ultracaricata dos anos 90 tem um fundo lamentável de verdade. O número de crianças traumatizadas ao abrir o pacote e dar de cara com essa tralha é incalculável. Imagine alguém que sonhava com o possante PlayStation tendo a decepção de ganhar o PolyStation – que de parecido com o console da Sony, só o visual (quer dizer, mais ou menos).
Algumas nem chegavam a se decepcionar, pois eram pequenas ou conheciam pouco de videogames. Ter um troço parecido com o PlayStation já era animador. Eu mesmo, que na época tinha uns 16 anos, fiquei curioso com a caixa vendida em camelôs de São Paulo, bem parecida – de longe – com a verdadeira. Cheguei a imaginar que fosse um PlayStation feito com peças de terceira linha.
Mas nem isso. Longe disso.
O que é o PolyStation?
É um clone, sim... mas não do PlayStation. Esqueça CDs ou gráficos 3D: contente-se com Mario Bros. e Zelda porque é um simples Nintendinho. Nem vou entrar em detalhes sobre a arquitetura: é o 8-bit da Nintendo, com toda sua maravilhosa tecnologia de 1983 numa roupa de 1994.
Se seu negócio era mesmo ter um NES, até tinha benefícios. Alguns modelos rodam cartuchos tanto do Famicom (japoneses) quanto do NES (americano), vantagem em relação a outros clones e até ao NES original com travas locais. Pena que não adiantava grande coisa porque apareceu num momento em que o 8-bit já era praticamente peça de museu.
A tática de criar clones, seja na arquitetura ou só aparência, gerou uma família de aparelhos que fizeram parte da vida de muitos jogadores iniciantes. Mas a diferença de clones clássicos como o Dynavision Atari 2600 ou o Phantom System NES é que esses copiavam de fato o sistema sem tapear ninguém. Já a linha PolyStation, tirando vantagem do desespero dos pais buscando uma opção barata (ou por serem induzidos ao engano pelo vendedor), empurrava o famoso gato por lebre.
Embaixo do que seria a tampa da bandeja do CD, há um slot para os cartuchos. Alguns eram vendidos com a promessa de "1000 jogos inclusos" na embalagem, sendo dezenas ou até centenas repetidos. Normalmente acompanhavam controles e pistola, tudo com a mesma qualidade. Ou melhor, falta de qualidade.
Veteranos garantem que é fraquíssimo, sendo preciso comprar mais de uma unidade se quiser manter a jogatina por vários anos. E nem tente abri-lo, pois é quase certeza de inutilizá-lo, dada a fragilidade e simplicidade dos componentes.
Além do PolyStation "clássico", cópia do PlayStation fat original, vieram outros com as mais diversas nomenclaturas apelativas a produtos consagrados: PolyStation 2, Super PS 2 (PS de PolyStation, pensou que era o quê?), FunStation e por aí vai. Todos com a característica em comum: cópias ordinárias de consoles muito mais avançados e populares.
Claro que a indústria paralela dos copiadores também se atualiza. Hoje estão por aí "clones" de Wii – que de Wii não tem quase nada exceto uma leve semelhança física.
Cult trash
É inegável que o PolyStation ganhou um status meio que clássico trash, mas a verdade é que era uma bomba, arruinou a infância de muita gente e será lembrada como produto bizarro da pirataria que saiu de controle.
Portanto, você pai e mãe que tem dinheiro, preza pela sua criança e não quer sujeitá-la a um produto de qualidade baixíssima, não seja sovina: economize e compre um videogame original. Esses clones só servem para colecionar, como raridade e prova da cara de pau que certas pessoas têm para ludibriar o consumidor.
lembro muito de ver o polystation nos camelos da vida...lembro que era muito vendido. Nos anos 90 um amigo meu comprou um video game que era o clone do super nintendo...para quem não conhecia muito video game comprava pensando que era um super nintendo...quando vi falei logo: não é super nintendo...ligamos o video game e dentro do super nintendo tinha uma placa de clone nes...isso mesmo era um super nintendo versão 8 bits...imagina jogar 1942 do nes no super nintendo...foi engraçado na época...mas onde moro muito tinha muitos clones no estilo polystation!!!! valeu