Em 1989, Capcom já era um cachorro grande dos arcades, com títulos como Ghosts 'n Goblins, Commando e Final Fight na manga. E no fim daquele ano, soltaram uma pérola do hack 'n slash em plataformas, Strider. O jogo misturava ninjas e enredo futurista distópico, com jogabilidade ágil e ação eletrizante.
Fez um sucesso danado e sabe como era aquele tempo: sucesso em arcade acabava logo nos consoles. O Mega Drive recebeu a versão mais famosa de Strider, que se tornaria um dos jogos mais elogiados de 1990.
Assim, era natural haver grandes expectativas do público para uma possível sequência. Apesar dos quase 30 anos passados, não era tão diferente do mercado atual.
Em outubro de 1992 enfim veio o antecipado Strider II (lançado nos Estados Unidos como Journey from Darkness: Strider Returns). Já tinha sido lançado para computadores, mas a versão para Mega Drive era uma atração à parte, considerando o barulho do original. Pena que o resultado não foi exatamente o esperado...
Tá, menos que isso. Foi fraco mesmo.
Trabalho de sobrinho
A primeira grande e decisiva diferença na falta de qualidade é quem fez o jogo. Alguém pode não entender hoje o tamanho de Strider em seu tempo, um dos jogos mais influentes da era 2D. Alterou, por exemplo, o rumo de séries como Ninja Gaiden — quando o segundo da franquia da Tecmo foi lançado em 1990, Hayabusa tinha aprendido um ou dois truques no estilo Hiryu. Quando um cara se pendura no teto ou anda de ponta-cabeça hoje, são possíveis raízes de Strider.
A primeira parte foi refeita pela Sega a partir do arcade da Capcom e eleito "Jogo do Ano" e "Gráficos do Ano" pela conceituada Electronic Gaming Monthly. Apesar do arcade, a versão Mega Drive definiu o sucesso.
Já o segundo ficou a cargo da Tiertex, desenvolvedora britânica especializada em conversões e não em produções originais. Mais ou menos como se a Rockstar ou a Naughty Dog resolvesse terceirizar a sequência de um Jogo do Ano para um estúdio menor. Como se você entregasse um trabalho importante para seu sobrinho que diz que manja muito...
A segunda diferença é que o protagonista anterior, Strider Hiryu, saiu de cena. Em seu lugar, um tal de Strider Hinjo. Claro que isso não afeta tanto, já que o nome Hiryu nem aparecia in-game. Mas por que mudar em vez de fortalecer ainda mais o personagem?
Hiryu é um caso estranho de direito autoral. Apesar da marca pertencer à Capcom, o grupo de ilustradores Moto Kikaku tinha algo no bolo; não é claro se eram também donos de Hiryu ou tinham mero contrato de exclusividade com a empresa.
Seja como for, a Tiertex e a publicadora da sequência, U.S. Gold, podiam fazer um novo Strider, mas não usar o personagem. A solução foi alterar seu visual: passou a usar roupa branca contra a roxa de Hiryu. O sprite usado no Mega Drive é um color swap do primeiro jogo — o que deixa o caso ainda mais bizarro.
A coisa começa a ficar feia pra valer é no jogo. Quem experimentou o primeiro deve lembrar dos gráficos coloridos, cenários detalhados (para o padrão 1989) e movimentação ágil de Hiryu. Se nosso amigo Hinjo era o mais letal dos striders, como diz a história da sequência, é sinal que o clã ninja caiu muito... O personagem é maior, mas ficou com movimentos vagarosos. A ação é recortada, ruim. Pecado grave para o estilo.
A originalidade na criação de inimigos e cenários se foi. Quem esperava evolução viu os intrincados esquemas de plataforma com canhões e robôs dando lugar a um design pobre e previsível. Backgrounds estáticos, nenhum scroll básico de cenário (fundos com uma mísera camada), padrões genéricos. Medíocre.
Como ponto positivo, Strider II manteve as tradicionais falas do vilão nas cutscenes. "Strider, you'll learn to serve me one day", "Tomorrow is the day you die", "You can never win" e por aí vai. Mas só.
Algumas revistas — talvez por respeito ao nome — deram notas razoáveis para Strider II, como a EGM com 6,75/10, o chamando de "decente mas desapontante". Se levarmos em conta o tamanho do Strider original, desapontante é elogio e decente é exagero.
De tão medíocre, a Capcom exorcizou a bagaceira do cânone da série, lançando seu próprio Strider 2 em 1999 para arcades e no ano seguinte para o PlayStation — de novo com Hiryu e sem qualquer referência a esse rocambolesco elo perdido.
Sinceramente ainda não joguei esse clássico, uma hora dessas eu detono ainda esse clássico!!!! valeu
Não está perdendo muito, é fraco.
O cara é bot, só ignore.