Claire De Lune começa na pegada típica de adventure em primeira pessoa. Com exploração de ambientes e objetos, há muitos diálogos e pensamentos do protagonista. O cenário futurista-espacial mostra uma nave sendo atraída para um planeta; a filha do protagonista John – a Claire do título – escapa num pod, que cai lá.
Assim iniciamos a busca pela garota de 16 anos, que leva a descobertas na superfície de um mundo inóspito.
A trama não é das mais ricas ou criativas, mas serve como mote da aventura. Durante a ação, ocasionais cutscenes trazem memórias que revelam mais do enredo.
Os personagens não parecem muito interessantes, contudo. A personalidade mais marcante é da inteligência artificial chamada Arturo que passa informações durante a jornada. O protagonista, o smuggler John é de uma inexpressividade que chega a ser cômica diante de situações de tensão.
Mundo cruel
Claire de Lune é cheio de puzzles e fora uma dica na tela de pausa – ou melhor, um aviso de qual o objetivo – não tem dica, sugestão, nada. Às vezes você anda de um lado pro outro como otário sem saber direito o que está procurando. Outra característica é a falta de um mapa. Seja dentro de ambientes mais complexos ou na natureza, você precisa se localizar por conta própria.
É extremamente baseado em tentativa e erro, então se não gosta disso, prepare-se para passar raiva. Muita.
Outros tem formato de "minigames", como uso de monitores para ajustar informações. Pode ser controlando operações, localizando bases, etc. Nenhum exige grande raciocínio, na verdade; basta observar os dados.
É preciso ter atenção ao que faz pra não avançar antes da hora. Por exemplo: com mais ou menos uma hora de partida, desisti de resolver um problema e resolvi ir embora. Acabei deixando de fazer upgrade na arma – chamada Nanogun – e fui parar num ponto pouco adiante que parecia intransponível. Tive que voltar todo o trecho para trás e não era uma caminhada tranquila.
A maioria dos mistérios é simples, basta observar um pouco pra sacar. Mas por simples não entenda fácil. Você pode se deparar com um obstáculo ou uma região que parece sem solução e ali vai morrer muitas vezes até descobrir como passar. Em algumas situações, chega a ser frustrante porque é preciso se virar, com Arturo sendo engraçadinho mas inútil quase sempre.
E pior: a maioria dos problemas só tem uma solução. O jogo não oferece puzzles flexíveis, que permitam elaborar vários planos. É seco: você deve identificar uma forma de fazer saltos maiores ou exatamente onde escalar ou eliminar um inimigo, senão trava.
As sessões em FPS – ou quase, já que a Nanogun não exatamente atira mas cria plataformas e molas – são um inferno. Basicamente não existe combate e sim massacre (o seu, no caso). Se sofre de aracnofobia, fique longe do jogo ou prepare-se para acumular traumas. As benditas aranhas gigantes alienígenas logo no início são muito rápidas e não dá pra passar correndo. Algumas ficam disfarçadas no chão, levantando quando você se aproxima. Se for avistado, corra para o lugar mais alto que puder. Se conseguir.
Há também plantas assassinas, lagos de ácido e grandes alturas para escalar – não que o personagem tenha capacidade de escalar, é preciso usar suas plataformas e trampolins para subir ou descer em segurança. Nem sempre será preciso matar inimigos: cabe ao jogador escolher a melhor estratégia para avançar.
Estratégia para avançar
Os gráficos não chegam a brilhar. Quase não há efeitos atmosféricos, com exceção de alguma névoa e distorções simulando calor, por exemplo. Apesar de ter boas expressões e sincronia labial, os modelos não são dos mais realistas.
Infelizmente o trabalho de voz também não ajuda, faltando naturalidade aos diálogos – passam a constante impressão de assistir uma peça de teatro ruim. É estranho ouvir John falando coisa aleatórias em voz alta (ou assim parece, pelo menos), como ao examinar fotos e outras tralhas. Não há qualquer efeito que sugira ser seu pensamento.
A mecânica não é exatamente de combate: ela incentiva a descobrir como destruir inimigos e vencer obstáculos usando sua pistola de nanopartículas. Seria mais divertido se não fosse tão difícil se livrar de inimigos sem ser perseguido implacavelmente e morto ao primeiro contato – é isso aí, se for atacado, você morre. Se cair no lugar errado, morre. Se tocar no que não deve... já sabe.
Já a trilha sonora passa despercebida, resumindo-se a uma música de fundo. Nem da faixa da tela-título você vai lembrar após jogar.
Apesar da dificuldade, Claire De Lune tem visual razoável, com controles e jogabilidade intuitivos. Deve agradar fãs de ficção científica – que não se irritam ao morrer dezenas de vezes antes de achar a solução de um problema.
Claire de Lune está disponível na Steam e na Epic Games Stores.
Positivo
-Negativo
- Atuação de voz pouco natural
- IA pouco desenvolvida
- Gráficos e modelos simplistas