Street Fighter II tem uma história bastante conhecida pelos fãs de 16-bit, por causa das versões World Warrior e Turbo para SNES e depois, Mega Drive com a Special Champion Edition (sem falar das New Challengers, mais tarde). Mas fora desse mundo também há vida, como o público viu com o excelente port da CE para o PC Engine / TurboGrafx-16.
Lançado em 1992, o jogo foi convertido de maneira excepcional levando em conta que o console da NEC / Hudson não era exatamente 16-bit, mas um CPU 8-bit turbinado por vídeo 16-bit e outras configurações da pesada, que lhe colocava em disputa equilibrada com Mega e SNES. Apesar da fronteira então ser apenas 8 Mbit por HuCard (como em Ghouls 'n Ghosts e Parodius Da!), a Capcom enfiou 20 Mbit no cartão, mantendo a jogabilidade classe A e toda a essência Street Fighter conhecida pelos ratos de arcade.
Visualmente, SF II' CE é similar às demais edições domésticas, com perdas mínimas. A primeira e mais gritante é a existência de um fundo preto atrás das barras de energia e do placar (o que também foi visto na versão beta no Mega Drive e posteriormente corrigido). Alguns sprites e backgrounds parecem ter problema, como a árvore de fundo no cenário de Blanka, e o cenário de Ryu, com cores muito pesadas em roxo, sem brilho.
Na Índia, foram "sequestrados" um elefante de cada lado da tela, e no Japão de E-Honda, partes da decoração da banheira também se foram. A introdução foi resumida como no SNES, sem a cena dos lutadores e a câmera subindo pelo prédio, começando na tela-título azul.
Vale dizer, pra não soar injusto, que praticamente todas essas "faltas" foram vistas nos demais ports para 16-bit.
A paleta, por sua vez, é um ponto positivo, visivelmente mais rica que no Mega Drive (o TG-16 é capaz de processar até 482 cores simultâneas, contra apenas 64 do Mega Drive — com os truques certos, dá pra ir além disso) e comparável ao SNES.
O som vai de um extremo ao outro na qualidade. Embora as músicas sejam as mesmas de sempre, elas definitivamente não soam tão fiéis, especialmente graves "elétricos" demais, como nos primeiros acordes da faixa de Zangief. Também não há a seção dramática rearranjada da música quando a luta está acabando — em vez disso, a trilha básica fica mais acelerada; outro ponto comum com demais versões 16-bit.
As vozes, ao contrário, estão excelentes, muito à frente da qualidade do Mega Drive, e se não fosse por um pouco de abafamento (certamente pela compactação de áudio) estaria em nível SNES. Isso garante uma atmosfera sonora mais fiel ao arcade, estragada só pelas músicas que soam "diferentes".
Todos os 12 personagens estão lá, o que na época lhe dava vantagem sobre o SNES com World Warrior, sem chefes controláveis e lutas com o mesmo personagem só via código (um mês depois, seria lançado SF II Turbo Hyper Fighting, enfim dando aos donos de SNES a oportunidade de jogar com Balrog, Vega, Sagat e Bison) . Inclui também os modos 1 e 2 jogadores, os mesmos golpes e comandos. Mas não tem modo Turbo, o que pode causar bastante incômodo em quem cresceu nas gerações mais recentes e não viveu essa fase "cadenciada" dos jogos de luta.
As reações da IA são ligeiramente diferentes, e pude sentir isso numa partida completa com o Ken: golpes que normalmente entram, como o tatsumaki solto sobre Bison ou Chun-li levantando e acertando em dobro, até funcionam, mas com menos frequência; Ryu entra no modo "voadora-rasteira-hadouken" também com mais frequência. Sequências típicas de fim de round aparecem mais cedo.
Não ter o controle de seis botões do TurboGrafx-16 será uma chateação, porque o Select é usado para mudar os botões de soco para chute e vice-versa durante a partida. Como o botão Run (equivalente ao Start) é usado para um dos socos-chutes, fica impossível pausar o jogo com o controle tradicional. Ou seja: se vai jogar no console, trate de arrumar o controle de 6 botões ou prepare-se para alguns desafios a mais.
Conclusão
Quem tem um TurboGrafx-16 e gosta da série, já sabe que essa versão é obrigatória para a coleção. Nota-se que o pessoal da Capcom colocou bastante empenho na produção, conseguindo um resultado de grande qualidade e cortando pouca coisa, e nada que afete o principal da série que é a sensacional jogabilidade. As únicas coisas que o fazem ficar um pouco atrás de concorrentes são as músicas e a barra preta atrás da energia, que pra mim empobrece visualmente.
Já se você tem outros videogames à disposição, ou vai jogar em máquinas virtuais, as versões Mega Drive e principalmente SNES — e lógico, a original do arcade — oferecerão experiência melhor. De qualquer forma, é parte fundamental da história dessa série imortal dos games, e para fãs, 100% recomendado conhecer.
- Gráficos: sprites grandes, belas cores. Pena a barra preta atrás da energia e placar.
- Efeitos sonoros: parte do melhor já feito entre os diversos ports de SF II.
- Música: ponto mais baixo do jogo, mas não incomoda muito.
- Jogabilidade: intacta, não preciso dizer mais.
- Controles: arrume um de seis botões, ou não há vida nisso.
- Criatividade: a Capcom manteve seu trabalho genial do arcade sem aleijar nada do que fez de melhor: reinventar os jogos de luta.
- Enredo: apesar dos clichês (monstro da selva, toureiro espanhol, boxeador chupinhado de Mike Tyson), SF II tem uma história clássica, grandes vilões e heróis. Não dá pra exigir muito mais de um jogo de luta desse nível.
- Carisma: como diria o Ronaldinho Gaúcho, "Street Fighter é... é Street Fighter, né?"
Esse jogo saiu pra versão CD do console?
Não que eu saiba, foi só em cartão mesmo.
Poderia ter uma OST ainda melhor.
Não conheço muito sobre o video game TurboGrafx-16...existem jgos que chegaram a sair em versões para a sega e nintendo. Bons tempos!!!!