Forza Horizon 5 chegou no começo do mês e cumpriu o esperado. Como dar errado, num jogo que sempre teve como ponto forte os visuais, o retrato de um México "paraíso tropical"? Como nos velhos jogos de corrida por prazer (Out Run, alguém?), a competição Horizon acerta com alguns dos cenários mais bonitos do gênero.
A abordagem cinematográfica de FH5 mostra a que veio logo após a introdução, com o avião lançando os carros em cada tipo de terreno. Serve, além de aperitivo do que os espera, como tutorial aos pilotos de primeira viagem.
Nessa parte, o jogador não vai só ficar deslumbrado, mas conhecer cada tipo de terreno. A diferença é substancial entre a corrida na floresta, com lama e terreno propício ao drift, e trechos de estrada, para enfiar o pé em curvas de alta.
Por toda a parte, o visual de Forza 5 denuncia a extrema dedicação à aparência. Efeitos de iluminação ajudam, com exploração quase abusiva do ambiente. A estrela, tanto quanto os carros, são as belezas naturais do México idealizado, cheio de montanhas, lagos e animais selvagens.
A cultura local está por toda parte. Às vezes são referências meio cringe, como personagens falando um portunhol forçado (sem resquício de sotaque, ficou bem ruim) ou recitando frases bobas sobre guacamole e o Día de Los Muertos.
As incursões pelas cidades, apesar de estilizadas, também revelam cuidado. Vilas são bem desenhadas e vivas. Nem tente atropelar cachorros ou galinhas, você não vai conseguir. Efeitos climáticos são ótimos, incluindo até tempestades de areia e nada prejudica o desempenho geral, num trabalho excelente de otimização.
Personalização
FH5 oferece considerável nível de customização do personagem. O design é levemente estilizado. Funciona, mas parece causar ligeiro contraste com o resto do mundo.
Não espere o nível de profundidade de um RPG. Se busca um avatar bem parecido com você, torça para ser o caso com um dos disponíveis. Aí aplique cabelo e roupas sobre aquela base e voilá. Não dá pra alterar características de rosto e corpo, nem há uma quantidade insana de roupas ou adereços.
Seguindo a tendência atual, o jogo oferece opções inclusivas. Não se limitam ao pronome neutro "elu": além de definir a aparência masculina ou feminina, pode-se escolher o tom de voz e aplicar próteses de pernas e/ou braços. São detalhes para atender todos os públicos.
Mas é nos carros que a brincadeira fica séria. Quer uma placa diferente? Tranquilo, e ela será vista pelos demais jogadores online. Muito mais pode ser personalizado, desde buzinas, adesivos e pinturas.
A maioria das opções é bloqueada, sendo liberada com objetivos e pontos obtidos durante o jogo. Depois de criar seus kits de adesivo e pintura, você pode compartilhá-los online, recebendo créditos.
O tuning é indicado para quem gosta de mexer a fundo nos ajustes. Vai assustar jogadores casuais, mas não é obrigatório, então relaxe.
Carrofest
Seu negócio é carro? Divirta-se com a seleção. São 526 modelos, variando de clássicos como o Bel-Air 1957 da Chevrolet até o supermoderno Mercedes-AMG ONE, destaque na introdução. Seguem a média de qualidade, com design geral de primeira.
Reforçando a proposta de agradar amantes de carros, há uma organização da sua coleção em Car Collection. No formato de cartões, você vê quais já tem ou faltam para fechar o catálogo de cada fabricante. Ao completá-los, recebe um presente. As cartas direcionam o jogador à concessionária, onde podemos comprar carros usando créditos.
Forza Horizon 5 não tenta saquear seus bolsos com microtransações, tipo certas franquias de certas empresas (cof, cof, EA...). Há várias formas de obter créditos jogando. Você se diverte e acumula pontos, depois trocados por créditos. Nem vai sentir o tempo passar.
Por outro lado, se quiser colecionar TODOS os carros, prepare-se para muito tempo jogando. Sério, muito mesmo. Trate de completar até provas já perdidas, para receber a recompensa. Além disso, nem todos os carros são comprados: alguns serão recompensas de missões, como o Vocho e o Escort do avô de Alejandra.
Desequilíbrio de dificuldade
Se espera um grande desafio, terá certa insatisfação com FH5 no modo padrão. Mantendo elementos indispensáveis do gênero, como traçado ideal e retrocesso, a pilotagem é suave. Drifts são fáceis, velocidades alucinantes e saltos espetaculares. Acidentes são menos prováveis que em séries como Forza Motorsport, Grid ou Dirt e quando acontecem, podem render pontos de experiência pela destruição. Tudo está a seu favor.
Pilotos da IA, os Drivatars, não são tão espertos ou agressivos. A facilidade em vencer desafios no nível padrão (médio) chega a ser quase irritante. Quando surgir a mensagem oferecendo a elevação da dificuldade, aceite – mas mesmo em "acima da média", a maioria das provas não será tão desafiadora.
O problema é nas dificuldades maiores. Os Drivatars começam a ter reações digamos... estranhas. Durante uma prova final de temporada, notei que faziam curvas em velocidades aparentemente impossíveis. Só ganhei porque abusei como um cretino dos rewinds.
O novo capítulo, assim como outros, não tenta ser um simulador cabeçudo. A jogabilidade é acessível, com momentos de exploração. Você pode escalar uma montanha só pra fazer uma foto. Ou sair curtindo por aí, vendo o dia virar noite, procurando habilidades especiais, placas de experiência, comprando imóveis, etc. Ou estará vagando e do nada, pode desafiar alguém para uma corridinha rápida ("roda a roda").
É assim sem compromisso, tipo férias de aventura num México dos sonhos.
Já que é suave, a trilha sonora come solta o tempo todo, com diferentes estações. Outra característica é a grande quantidade de diálogos, tantos que chegam a incomodar quando colegas começam a matraquear e você lá ocupado. Seria legal poder reduzir a frequência deles.
Mas andar à toa é para quem quiser. Tem zilhões de coisas para fazer. Você vai surtar olhando o mapa e aquele monte de eventos esperando, com cada vez mais aparecendo. O estilo é irregular – alguns são uma sequência de corridas; outros, uma aventura como procurar um carro perdido e recuperá-lo.
As Façanhas são as mais aleatórias, como manobras que fazem o carro literalmente voar – encontre a pista de pouso abandonada e vai entender o que estou falando.
Mais (e melhor) do mesmo
Você conhece as fórmulas de Forza da própria série e de outras como The Crew. Parece que chegaram a um "pico criativo" sem passar dele. Mas no fim, o monte de conteúdo compensa o preço, sendo uma grande – e excelente – desculpa para fechar sua coleção de carrões.
Só tome cuidado com o vício. É duro largar depois de começar.
Positivo
- Gráficos espetaculares
- Jogabilidade equilibrada
- Enorme oferta de carros
- Opções de personalização
- Versão Windows bem otimizada
Negativo
- Excesso de diálogos em certos pontos
- IA pouco evoluída
valeu pela a analise!!!!