Se for sua primeira aventura nesse território, prepare-se para uma ladeira um tanto íngreme. Ride 4 não oferece muito feedback sobre seu desempenho e aprender o tempo certo de começar a inclinar a moto para fazer curvas perfeitas leva tempo. E acredite, se não tiver essa base, sua experiência estará comprometida ao extremo.
Enquanto você não dominar ou ao menos entender a mecânica, o certo é que verá seu motociclista batendo nas muretas ou deslizando pelo chão dezenas de vezes. Esqueça tutoriais: o aprendizado de Ride 4 é na base da tentativa e erro, e o jogo é inclemente com esbaforidos. Se acelerar enquanto pisa na grama, vai rodar e cair. Se não respeitar os pontos de desaceleração, vai meter a cara na mureta e sair voando como um boneco.
Levei quase uma hora para começar a domar os controles, entender pontos de frenagem, como dosar nos analógico para não ficar ziguezagueando, etc. Durante as corridas, é preciso ter cuidado também com toques em outros pilotos, que se forem fortes, desequilibram e também te mandam pro chão. É como correr o tempo todo sobre o fio da navalha.
Só aí pude fazer tempos parecidos com o de oponentes da máquina (que estava na dificuldade fácil). Antes, cheguei a virar voltas 20 segundos mais lentas que as do penúltimo colocado, levando um ou dois tombos em cada. Pode ser frustrante se não você não tiver tempo e paciência até pegar o jeito. Ride 4 não é um jogo para diversão casual.
Cadenciado
Essa jogabilidade mais técnica faz Ride 4 parecer um tanto lento. Mesmo acelerando ao máximo nas retas, não passa grande sensação de velocidade. Fora que você certamente estará pensando na próxima curva e onde começar a frear. Não pense, contudo, que essa "falta de velocidade" significa "vou meter a mão como doido e dane-se a curva", senão vai pro muro.
Se treinamento é quase inexistente, restando o famoso rewind e os traçados de curva típico de games de corrida, o mesmo não se diz de conteúdo. Fãs de motos esportivas vão adorar as vastas opções de personalização, mecânica e descrições cuidadosas de cada modelo. Com os vários DLCs e motos do próprio pacote inicial, são quase 200 motos disponíveis de várias gerações.
As 30 pistas estão em vários continentes e se não quiser cair direto no modo carreira, vá praticando com as corridas livres. Além da mecânica, você pode personalizar detalhes como o estilo de pilotagem – por exemplo, como o motociclista inclina o corpo ao fazer curvas.
Passei quase tanto tempo brincando nessas opções quanto jogando. As customizações são bem completas, indo do inevitável capacete à carenagem da moto e até seu macacão, geralmente com várias camadas de formas. Também é inclusivo na criação do personagem, permitindo ter um motociclista homem ou mulher (ainda que não interfira na jogabilidade).
Apesar de tantas opções e da clara intenção de não ser casual, Ride 4 não tem menus confusos como grandes simuladores. É fácil localizar e entender a maior parte das opções. A interface remete um pouco à de Project Cars, indo direto ao ponto, com poucas firulas.
Cenários excelentes
O que primeiro chama atenção em Ride 4 são os visuais. A produtora Milestone tentou criar algo próximo do fotorrealismo, com cenários cheios de texturas caprichadas e iluminação nada menos que impressionantes. Mesmo não jogando nas configurações máximas, é tudo muito bonito, perfeito para quem gosta do modo fotografia, que claro, está presente.
Um ponto bastante positivo é a "leveza" do jogo. Ainda que minha máquina não seja das mais possantes (pelo contrário, joguei com vídeo do Ryzen 4650), Ride 4 rodou bem mesmo em configurações gráficas altas, com raros engasgos por minha pobreza de hardware. Imaginei que não passaria de médio/baixo.
Por outro lado, achei decepcionante a trilha sonora, com faixas insossas que são facilmente ignoradas ou esquecidas após jogar. Não há música licenciada e as escolhidas parecem estar ali só para preencher o vazio. Não sou conhecedor de motores de moto, mas ao menos os efeitos sonoros de Ride 4 me pareceram realistas.
Casuais, tremei
Se você quer um "joguin de moto" arcade para passar o tempo, esqueça Ride 4. Não é o tipo de produto que você procura. Se tentar, vai se chocar com uma curva acentuada de aprendizado até aclimatar-se aos controles e reações das motos, especialmente em como fazem curvas e na necessidade de respeitar pontos de frenagem.
Vencendo a barreira que separa casuais de não-casuais, Ride 4 começa a ficar divertido de sua própria maneira. Mesmo assim, não espere uma sensação alucinante de velocidade e adrenalina. O ritmo mais técnico, somado aos gráficos cuidadosos, fazem dele algo como uma enciclopédia ilustrada muito interativa.
Lançado em outubro de 2020, o jogo chamou atenção recentemente pelos visuais no PS5. No PC também estão uma beleza e especialmente fãs de motos clássicas amarão o pacote. Se for o seu caso, vá com tudo.
Positivo
- Belos cenários
- Informações sobre as motos
- Possibilidades de customização
Negativo
- Trilha sonora fraca
- Pouca sensação de velocidade
Esse tipo de jogo só vou bem mesmo no teclado...não usando os polegares traz mais dinamismo, controle na sensibilidade e agilidade na troca de marchas!!!! Tudo questão de gosto em termos e jogabilidade...já não tenho tanta habilidade com os polegares, muito jogatina no PC essa é a verdade!!!! valeu!!!!