Depois de quase duas semanas sem fazer nada em videogames a não ser jogar Gran Turismo (coisa viciante do inferno), larguei um pouco o osso do PS1 pra falar aqui de uma obra de arte do NES: o excelente Batman: Return of the Joker.
Produzido pela Sunsoft em 1991, o jogo é sucessor do Batman: The Video Game (1989), inspirado no filme de Tim Burton, mas muito melhor (pelo menos tecnicamente, sem dúvida) que aquele. Com gráficos de primeira linha e um som de tanta qualidade que mais lembra jogos de 16-bit, esse título entra fácil em qualquer lista de melhores do Nintendinho.
Sério, só conferindo pra acreditar no trabalho primoroso da Sunsoft.
Sequência de peso
![](https://www.memoriabit.com.br/wp-content/uploads/2012/11/gargulas-batman-nes.webp)
Se o primeiro já é lembrado como um dos games mais divertidos — e difíceis também — dos 8-bit, na versão seguinte a Sunsoft realmente botou a mão na massa e livre da obrigação de seguir o script do filme, criou um jogo denso, com dificuldade acentuada (bota acentuada nisso) em alguns momentos. É um dos poucos jogos do morcego baseada em quadrinhos e não em filmes, embora tenha elementos do cinema.
Batman usa sua gama de bat-geringonças para enfrentar a gangue do Coringa, lutando contra máquinas e robôs, veículos, tanques e muito mais. Ele é menos acrobata e mais atirador, disparando contra seus inimigos com um tipo de arma na luva; ela aumenta de poder conforme itens são coletados nas fases, geralmente poderes escondidos dentro de caixotes de madeira (sabe-se lá o sentido, deve ter algum). As fases são em ação lateral, e o herói usa equipamentos até para voar.
![Batman dourado atira na beira de uma plataforma sob um fundo industrial em vermelho e verde](https://www.memoriabit.com.br/wp-content/uploads/2012/11/powerup-batman-nes.webp)
Os gráficos são fantásticos quando levamos em conta ser um NES. Personagens grandes, chefes e inimigos que ocupam boa parte da tela, bem desenhados, cores bacanas. Fundos fazendo uso de efeitos como paralaxe para simular profundidade, como nas cenas de perseguição aérea, nuvens em camadas em movimento. Fantástico o trabalho, tranquilamente melhor que certos jogos (toscos) de 16-bits.
Os cenários tem um clima obscuro nas partes de cidade desenhando a Gotham City caótica e tecnológica em outras, sempre com muitos detalhes como partes móveis em árvores. A pouca variedade de cores não foi limitação para uma boa escolha delas. E não pense que o tamanho dos objetos influi na movimentação: ela e os controles são igualmente bons, com um detalhe para o movimento um pouco vagaroso, que pode incomodar alguns.
A jogabilidade é complexa e funciona, incluindo práticas típicas de sidescroll com plataformas, como salto com tiro, além de ter estratégia ao saltar obstáculos e elevadores. Batman também desliza pelo chão (como um carrinho de futebol), mas use com calma para não ir direto para buracos. Sem contar as fases especiais de "shooter", quando Batman usa suas ferramentas hi-tech para voar.
![Batman voando sobre um cenário futurista](https://www.memoriabit.com.br/wp-content/uploads/2012/11/batman-fase-aerea-nes.webp)
A dificuldade não é tão feroz como no jogo prévio, mas não deixa de apresentar um desafio bruto. Com estágios relativamente curtos, ao morrer volta-se ao início e não há formas de encher a energia no caminho, uma coisa meio daqueles arcades devoradores de ficha. Felizmente há continues infinitos e você vai precisar deles até pegar a manha de cada fase nova.
Como disse antes, Batman é um cara de ação e tiro, mas a prática em atirar, ainda que talvez a mais importante, precisa ser combinada com saltos difíceis sobre buracos, plataformas que se movem rapidamente e pontes com partes soltas que demandam atenção.
Curiosamente, os chefes usam uma barra de energia diferente: o sistema é por pontuação, e conforme se apanha, a pontuação diminui. Nos primeiros chefes, Batman é o maior, sempre começando com 80 mil pontos; avançando isso vai mudar, com chefes cada vez mais fortes.
![Batman num cenário com neve sobre um fundo noturno](https://www.memoriabit.com.br/wp-content/uploads/2012/11/batman-fase-da-neve-nes.webp)
O som é um caso especial: músicas muito bem feitas, com batidas que lembram muito (sério mesmo) jogos medianos / bons de Mega Drive e SNES. A Sunsoft tirou muitos coelhos da cartola nas trilhas e efeitos sonoros de tiro, explosão e tudo para tornar o ambiente mais rico. Surpreendente. Coisa parecida em 8-bit, só nos jogos compatíveis com FM do Master System.
Conclusão
Se você nunca jogou Batman: Return of the Joker do NES, deve fazer isso logo para enfim dizer que experimentou uma pérola desse console. Merece ser conhecido e apreciado. Os únicos pontos que podem decepcionar jogadores são um pequena instabilidade de controle e a dificuldade: iniciantes terão muita dor de cabeça, especialmente a partir do estágio 3-1. Por outro lado, os hardcore reclamarão do jogo ser um tanto curto.
Quem busca diversão e desafio com qualidade vai se encantar (ou reencantar) com ele. É quase um surto de 16-bit no Nintendinho.