Análise Two Crude Dudes (arcade) – trama clichê e diversão rápida em beat ‘em up

Durante os anos 80 e início dos 90, por influência do conflito político entre União Soviética x EUA que sempre mexia os ponteiros do famoso (e simbólico) Relógio do Fim do Mundo, muitos filmes entraram na onda do futuro cataclísmico ou distópico, ou ambos. Mad Max, Blade Runner, Robocop, entre outros, são clássicos cheios de bandidos e caos instituído, alguns com seres mutantes e quase todos com o crime organizado e institucionalizado no poder de uma sociedade de valores distorcidos.

Nos games também tinha disso. Um dos que me lembro bem é Crude Buster (título original japonês), conhecido por aqui como Two Crude Dudes. Não chegava a ser brilhante, mas consegue entreter por algum tempo. Um beat 'em up básico, para ser jogado sozinho ou com um parceiro, controlando dois fortões punks numa New York pós-holocausto nuclear.

E cheia de refrigerantes.

Tela título de Crude Buster

Meio zumbi, meio mutante

O enredo é simples: Nova Iorque, ano 2010. A cidade é atacada com uma arma nuclear combinada com estranhos componentes, que além de devastar, deixa uma série de mutações de presente para os sobreviventes, que pra piorar, passam a obedecer a um comando criminoso chamado Big Valley. Para retomar a cidade, em 2030 o governador contrata dois agentes – a velha iLógica Gamística™: missão impossível para as melhores agências, os melhores soldados? Não, deixe dois punks resolverem a parada.

Jogando com um dos figuras, você encontra três botões de ação e uma combinação delas: um botão para ataque (chute, soco e tudo que sai quando você começa a apertar na cara do inimigo), um de pulo e um de agarrar. Dá pra agarrar um monte de coisas, como os próprios inimigos que depois devem ser devidamente atirados longe ou em cima dos demais meliantes, placas, porretes, pedras e até carros.

Bata em TUDO

O primeiro chefe de Crude Buster
O primeiro chefe de Crude Buster: parece um mix de Alice Cooper com cobras assassinas.

Você pode se movimentar para frente e trás, além de subir e descer das incontáveis plataformas que vão surgindo, seja através de pulos ou com o comando direcional ⬆️ ou ⬇️+ pulo (o cara "escala" para a plataforma de cima ou dá um pulinho ridículo para a de baixo).

Tudo é simples e direto como tem que ser, com vários inimigos usando armas que vão de simples discos até máquinas, helicópteros de guerra, cachorros assassinos e montarias bizarras. O velho "bata em tudo que aparecer" é seu mantra, o que inclui paredes ou qualquer outra barreira no caminho.

A movimentação é lenta; naquele tempo nem todo mundo ainda tinha as manhas de games super rápidos, e os processadores também não ajudavam. Mas os controles são responsivos, tornando a jogabilidade agradável e a ação fluida. Você vai ficar louco dando voadora pra todo lado quando a tela estiver cheia de bandidos.

Os inimigos são muito repetidos e nas fases finais você é obrigado a enfrentar todos de novo conforme avança, mas em grupos. No final, chefes aparecem em grupos de até três e a dificuldade fica feroz. Ainda por cima alguns têm combinações de golpes que tiram quase toda sua energia, como uns lutadores tipo Bruce Lee que fazem algo similar àquele golpe de pernas do Robert em Art of Fighting... Um saco.

Subchefe de Crude Buster
Um subchefe de Crude Buster. Esses chefes aparecem várias vezes durante o game

Os cenários, itens e personagens ilustram bem a história, com lugares detonados, sucata de carros e afins. Alguns personagens são insanas misturas de gente com insetos, monstros mutantes esquisitos — até demais, às vezes.

Os sons são repetitivos mas divertidos, com vozes, explosões e inimigos que provocam e ameaçam. Tudo é simples, mas cabível para o ambiente desejado.

Músculos + inteligência

lutador tomando bebida ao lado de máquina automática de "Power Cola"
Power Cola, a bebida dos heróis

Tem que ser esperto pra jogar, não é só sair batendo em linha reta como em Streets of Rage ou Double Dragon. Para pegar objetos ou inimigos menores, como pedras e os nanicos, tem que abaixar e usar o botão de agarrar, ou fica apanhando (ali, o que vem de baixo te atinge). O controle é fácil mas os pulos são baixos e golpes bem curtos, e podem te colocar numa roubada ao enfrentar certos obstáculos.

Os caras levantam de tudo, desde placas e pedras até veículos em chamas, mas alguns itens são explosivos, como uma lata com um símbolo de caveira e o carro em chamas, então cuidado com o que vai pegando.

A cada fase seu lutador toma uma dose de energia extra,  vinda de um refrigerante que parece bem popular ali, Power Cola. Quando encontrar máquinas, dê umas pancadas para ganhar um refresco, uma pequena recompensa por mais uma etapa vencida. Vandalismo no mundo arruinado vale.

O veredito

Crude Buster é um jogo divertido, um tanto curto, simples, bem ficção viajante mesmo. Típico arcade mediano de seu tempo, um beat 'em up previsível, com gráficos pro gasto e som idem. Não inovou em jogabilidade, o desenho de personagens não foi dos mais geniais, mas seguiu uma linha cômica e absurda que lhe deu certo destaque entre tantas produções do estilo.

Não entra em nenhuma galeria de melhores, mas vale umas fichas de diversão até pelo humor absurdo. Talvez pudesse ser melhor explorado em sequências.

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, quase mil artigos publicados em dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

1 COMENTÁRIO

  1. Lembro de alugar esse jogo para jogar na casa de um amigo meu!!! na era de ouro do mega drive, cartuchos eram caros e graças as locadoras é onde conseguia-mos alugar clássicos da época: the revenge of shinobi, shadow dancer, kid chameleon, thunder force 3 e outros clássicos!!!! Nunca joguei a versão arcade...mas a versão mega drive era boa e engraçada...era uma espécie de double dragon com pitada de final fight acredito!!!! bons tempos de locadora e Crude Buster!!!!

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