Top 10: games com conteúdo considerado ofensivo

Nota: tudo foi devidamente censurado, afinal temos crianças presentes e poderiam ficar traumatizadas com mamilos pixelados.

Desde que o mundo dos games é mundo, a ideia de títulos maduros passou pela mente de jogadores e desenvolvedores. Não demoraram a surgir as primeiras investidas nessa linha, especialmente depois que consoles foram parar nas mãos de crianças maiores e adolescentes.

Afinal, se o entretenimento adulto rende milhões no cinema, por que não nos games? Raciocínio óbvio. E assim pipocaram já nos arcaicos gráficos do Atari 2600 joguinhos de deixar o cabelo das autoridades e dos pais zelosos em pé.

E não só deles. Quase sem exceção, jogos saidinhos eram produzidos de forma independente, sem autorização dos fabricantes dos consoles. Talvez o caso mais notável seja o da Mystique, que criou "pérolas" no 2600 – a imagem da Atari foi bastante prejudicada por tais jogos, já que eram não só cômicos mas às vezes também violentos e perturbados.

Separei nessa lista 10 games antigos com conteúdo considerado ofensivo. A maior parte teve problema com a justiça ou causou séria dor de cabeça aos produtores de suas plataformas.

Alguns são tão dementes que foram retirados de circulação em várias partes do mundo. Outros mais leves e cômicos viraram pequenos "clássicos" nesse segmento polêmico.

10. Rings of Power

Produtor: Naughty Dog, 1991
Plataforma: Mega Drive

Rings of Power Genesis
Quem te viu e quem te vê, Naughty Dog...

Alguns jogos traziam surpresas escondidas pelos designers, como mamilos aparecendo num frame que quase ninguém nota e vultos em posições "estranhas". Ou algo assim para mentes sugestionáveis.

Entre os engraçadinhos, Rings of Power para o Mega Drive, um RPG isométrico publicado pela Electronic Arts e desenvolvido pela hoje consagrada Naughty Dogs. Pois é, a hoje engajada Naughty Dog já foi uma empresa pequena tocada por adolescentes que faziam piadas desse tipo.

Claro que com esse nome só podia sair sacanagem: a singela modificação na tela título quando você acerta uma sequência (baixo, direita, A, B, C e Start, tudo junto).

9. Strip Fighter II

Produtor: Games Express, 1993
Plataforma: Turbografx-16

Strip Fighter II Turbografx-16
Fotos digitalizadas talvez valessem o sacrifício de jogar isso em 1993, porque é ruim...

Misto de Street Fighter II com striptease da Games Express, fica perto do nível de ruindade da primeira versão do jogo da Capcom. Os gráficos são até razoáveis, com seis lutadoras cheias de golpes com sprites sugestivos e claro, quase todas usando trajes "confortáveis". Pra ficar mais "à vontade", após as vitórias surgem fotos digitalizadas das derrotadas – usando biquíni ao perder um round ou nudez total ao perder a luta.

Total e frontal, o horror dos anos 80 e 90.

Mas se pensar em diversão além de fotos digitalizadas, desista. Controles são medonhos, as músicas bem 8-bit, jogo fraquíssimo. Só ficou conhecido pela combinação mulher + Street Fighter.

8. Miss World '96

Produtor: Comad, 1996
Plataforma: arcade

Miss World 96
Com digitalizações de alta qualidade, essas máquinas pegavam pesado na p0rn0grafi4.

Nos anos 90 eram comuns essas máquinas nas casas mais fuleiras. Fatalmente num cantinho escuro onde quase ninguém vai, tipo o fundo do bar. E em hipótese nenhuma perto da porta, até pelos efeitos sonoros como gemidos femininos.

Apesar das várias versões, todas tinham jogabilidade parecida. A silhueta de uma foto coberta é revelada conforme o jogador isola partes da tela com um cursor – um bicho parecido com o Pac-Man. Inimigos são cobras, aranhas, naves e outros troços tentando pegar o cursor. Se revelar tudo muito depressa, a mulher se transforma num monstro. Se esse estilo tem algum nome além de puzzle eu desconheço. Se alguém souber, comente.

Como as fotografias eram digitalizadas com qualidade e muito mais explícitas que a Playboy, as máquinas passavam longe de shoppings e outros recintos "familiares", restritos ao underground tipo boteco e fliperamas de bairro (sabe, aqueles redutos de trombadinhas, ratos de fliper e office-boys no almoço).

7. Night Trap

Produtor: Digital Pictures, 1992
Plataforma: Sega CD

Capa de Night Trap que teve problemas com censura
O inimigo #1 dos políticos americanos em 1992

Night Trap foi uma produção cara: estima-se que tenha custado cerca de US$1,5 milhão, fortuna para a época. A constante aparição na tela de garotas em trajes sumários (mas nunca nuas, note) e vulneráveis deixou políticos americanos em polvorosa, alegando que o jogo promovia o "aprisionamento e assassinato de mulheres".

Hein? Quem jogou sabe que o objetivo de Night Trap é o inverso disso: capturar os ameaçadores Augers – um tipo de vampiro tosco – que invadem uma casa para salvar as mocinhas.

Mas não adiantou: cismaram também com a capa original, considerada sexista e com uma cena bisonha de game over em que a personagem aparece de camisola antes de ter o sangue drenado por um Auger. Tudo que podiam ou não implicar, basicamente.

★ Leia também: O polemicão voltou - o remake de Night Trap

Ao lado de Mortal Kombat, Doom e Lethal Enforcers, Night Trap foi a justificativa para a criação do ESRB, sistema de classificação etária dos jogos. Saca aí a reportagem com cenas do senado americano detonando jogos "imorais e violentos".

Isso antes de Carmageddom e muito antes de GTA. Mal sabiam eles...

6. XMan

Produtora: Universal Gamex, 1983
Plataforma: Atari 2600

XMan Atari 2600
Sim, eu decepei as partes do infeliz protagonista no print. Você não ia querer ver aquilo mesmo...

Quadradinhos na tela também renderam "altas aventuras" no ancião Atari 2600, como o pitoresco XMan. Calma, não confunda com os X-Men, aqueles do Prof. Xavier. Esse é uma tosqueira que chega a ser clássico cult de tão trash.

Produzido pela obscura Universal Gamex, XMan é um jogo de labirinto com objetivo simples: guiar um sujeito de chapéu ostentando uma er3çã0 cavalar (que cortei na imagem acima por motivos óbvios) através de corredores. Ele deve usar cantos para enganar inimigos que são tesouras, armadilhas de caçar raposa e outras decepantes e voadoras. Tudo para chegar à misteriosa porta rosa no centro do labirinto.

O que tem lá? Uma mulher e o que acontece na saleta depende do seu desempenho... no joystick. Cada vez que o "herói" conquista a sala, a parceira está numa posição diferente. Enjoativo e fácil, mas cômico. O mérito de XMan não é excitar e sim valer umas boas risadas por não se levar a sério. Talvez por isso tenha algum renome.

5. StormLord

Produtor: RazorSoft, 1989
Plataforma: Mega Drive

StormLord tela título
Fadinhas, processos e quase cancelamento. Como diria o poeta, "mamilos são polêmicos"

Apesar da fama de ser um videogame para públicos crescidinhos, a Sega também teve momentos de chilique preocupação com conteúdo adulto no Mega Drive. Quem sentiu o drama foi a RazorSoft, que em 1989 foi portar esse jogo de fantasia medieval dos computadores e viu o tempo fechar.

O problema de StormLord era fadinhas (malditas fadinhas) como a que aparece na tela-título e uma estátua. Em versões anteriores elas estão in natura, com seios expostos. A Sega viu o protótipo e se recusou a fabricar os cartuchos. Mais que isso, revogou a licença que tinha cedido à RazorSoft, que por sua vez processou a Sega por quebra de contrato. A Sega revidou com outro processo por quebra de contrato.

Tudo por uma ESTÁTUA DE FADINHA COM MAMILOS.

A briga pendeu para o lado da Sega e a RazorSoft teve que recuar, censurando o jogo. Veja a diferença entre as versões Amiga e Mega Drive:

StormLord para Amiga e Mega Drive
Sim, tive que fazer como a RazorSoft e censurar os terrivelmente ofensivos peitinhos da fada porque o G00gle já me advertiu antes com o tema.

O protótipo sem censura foi exibido na Winter CES de 1991 e apareceu na mídia. Resultado? A revista Electronic Gaming Monthly teve que se desculpar com os leitores por exibir as abomináveis fadas em sua edição de Maio de 1991.

4. Duke Nukem 3D

Produtor: 3D Realms, 1996
Plataforma: PC

Duke Nukem 3D
Mulheres com pouca roupa, armas e sangue: a fórmula para o banimento.

Clássico dos FPS, Duke Nukem 3D tinha o pacotão completo para ser banido em tudo que é canto do mundo. Mulheres, nudez, violência até dizer chega, gráficos caprichados num mundo pós-apocalíptico de moral inexistente. O sucesso foi proporcional ao número de problemas e acusações que sofreu.

Órgãos reguladores caíram de pau, acusando o jogo de incitar a p0rn0gr4fia e o assassinato de mulheres. Isso porque o protagonista pode pagar por um showzinho e depois (ou antes, mas aí não tem showzinho) atirar nas moças. Há também cartazes com mulheres.

Na Alemanha, Duke Nukem foi incluído numa lista oficial de "Mídias Mais Nocivas à Juventude". Para contornar proibições, a 3D Realms lançou uma versão censurada e com códigos para voltar ao estado original.

Duke Nukem cartazes
WOW, mamilos pixelados sensuais... Vou até censurar antes que o Google me puna.

Pra piorar a fama, o "Atirador do Shopping", psicopata que deixou três mortos num cinema em São Paulo, citou Duke Nukem em seus depoimentos. Com isso, foi banido em definitivo das prateleiras em 1999 – quase 4 anos depois do lançamento, ou seja, um tanto tarde.

3. Grand Theft Auto III

Produtor: Rockstar Games, 2001
Plataforma: Playstation 2

Prostitutas de GTA III
As "profissionais" de GTA III

A primeira versão 3D da série já tirava a paz dos órgãos reguladores bem antes do popular Hot Coffee, de GTA San Andreas. Num primeiro momento, causou horror o alto nível de violência. O jogador pode levar ao caos a cidade fictícia de Liberty City com crimes como assaltos a carro-forte, uso de explosivos, assassinatos e roubo de veículos.

Mas outro ingrediente polêmico foi a presença de pr05titut4s. O jogador pode chamá-las para o carro, levá-las a um lugar ermo e requisitar seus "serviços". Implícitos: você vê o veículo balançar e mesmo que consiga mudar o ângulo de câmera pra checar o interior, descobre que profissional e cliente estão imóveis em seus lugares. Será que estavam brincando de pular no banco?

Como se não bastasse para a Rockstar apanhar, depois de fazer o serviço as garotas podem ser mortas. Assassinato é evento recorrente no jogo, mas nesse caso há a recompensa de pegar o dinheiro pago pelo programa de volta. E quase sempre sem ser incomodado pela polícia, o que também não é raro ali de forma geral.

Foi um dos maiores bafafás da série. Apesar de consideradas por alguns uma apologia à violência contra a mulher, as mocinhas seguiram nas versões seguintes. Em GTA IV, por exemplo, o trabalho delas ficou mais explícito, sem falar dos seios sem censura em GTA V.

2. Custer's Revenge

Produtor: Mystique, 1982
Plataforma: Atari 2600

Custer's Revenge Atari 2600
Nada excitante, sem graça e sem noção: como alguém consegue errar tanto?

A Mystique foi uma pedra no sapato da Atari com sua linha de jogos p0rn0gráf1c0s para o 2600. A maioria era só ridícula, mas em Custer's Revenge a coisa descambou. No comando do Gen. George Armstrong Custer*, a missão não é lutar contra índios, mas esquivar-se de uma chuva de flechas para alcançar uma nativa amarrada e violentá-la.

De gosto pra lá de duvidoso, recebeu outra chuva: de críticas, principalmente de organizações de defesa indígena e da mulher. Quando viu a coisa esquentando para seu lado, a Atari quis jogar a batata quente para a Mystique, os processando. Mas muitos pais começaram a se perguntar se era saudável dar aquele videogame para os filhos.

Por outro lado, graças à repercussão do caso na mídia, Custer's Revenge vendeu quase o dobro de outros títulos do gênero. Como diz o ditado, "falem bem ou falem mal, mas falem de mim".

* O Gen. Custer é um personagem histórico controverso dos EUA, conhecido como feroz combatente nas guerras contra indígenas durante a ocupação de territórios rumo ao oeste do país. Foi morto em combate contra tribos Cheyennes e Sioux em 1876.

A jogabilidade nem se discute, é mínima. Bastar conduzir o sprite ao outro lado da tela desviando das flechas. Som e gráficos estão nivelados ao que há de pior no 2600. Já no mau gosto é indiscutivelmente um dos maiores.

1. RapeLay

Produtor: Illusion, 2006
Plataforma: PC

Rapelay capa
O "campeão" da bizarrice

Pensou que não podia existir nada pior que Custer's Revenge, né? Eu também e admito que comecei o post pensando nele como o número um. Mas eis que surge essa, digamos, pérola para Windows produzida pela japonesa Illusion.

Em RapeLay, o jogador assume o papel de Kimura, um chikan – como é chamado no Japão o assediador de mulheres em trens, metrôs e qualquer lugar cheio. Depois de ser denunciado pela moça Aoi, de 17 anos, Kimura é preso mas sai em seguida da cadeia por influência do pai, um político.

Decidido a se vingar, você assume o controle do filhinho-de-papai. O objetivo – sério e prepare o estômago – é atacar a irmã caçula de Aoi, Manaka (de 12 anos) numa estação de trem. Usando fotos do ato, Kimura chantageia a mãe das garotas e depois a própria Aoi para forçá-las a manter relações com ele e outros homens, e também entre elas. A trama inclui a morte violenta de Kimura em qualquer final e as mulheres sendo obrigadas a fazer aborto.

RapeLay deveria ser vendido só no Japão, mas não tardou a aparecer em outros países. Foi proibido na Argentina, Malásia, Tailândia e Austrália, onde a justiça também pediu que o Google banisse resultados de busca pelo download, o que não aconteceu. No Reino Unido houve votação no Parlamento pedindo a proibição da venda. Até no Japão, que tem certo histórico de tolerância com er0t1sm0 em jogos, produção e distribuição foram vetados após ação da EOCS (órgão que regula o conteúdo de videogames).

A Illusion, com eco de alguns fãs, tentou relativizar alegando que "e5tupr0 é um crime menos grave que assassinato e há no mercado centenas de games onde o objetivo é matar". Mas cederam diante da indignação mundial, encerrarando a produção e tirando RapeLay de circulação por "preocupação com o impacto sobre a indústria".

Tela título de Rapelay

Há muito público que gostaria de consumir esse conteúdo em games. Mas independente de moralismos, não dá pra negar que RapeLay é um dos jogos mais bizarros e doentes que já surgiram. Merecido 1º lugar na nossa lista.

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, mais de mil artigos publicados, mais de dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

2 COMENTÁRIOS

  1. Caramba eu não sabia que a Ilusion tinha dado essa desculpa esfarrapada de 'estupro é mais leve que assassinato'. Que horrível... bizarro demais isso.

  2. conteúdo ofensivo é ver político roubando e sendo solto em seguinda, brincadeira esse Brasil onde moramos!!!! Lembro do Jogo The imortal do mega drive sendo censurado por sua violência que paira ali e do jogo de PC Phantasmagoria / Sega Saturn que gosto muito, por ter uma cena de sexo simulado que tinha ali no game estavam atores e atores interpretando uma cena de sexo forte em que a mulher reclamava pedindo mais calma... é uma cena estilo Cine Privé( Saudade da atriz krista Allen nos bons tempos de Emanuelle)!!!! fora a violência e sangue que também existe no jogo, a primeira vez que vi Phantasmagoria pirei de vez, gostei muito e não sabia ainda o que era Resident Evil. Tanta violência na tv, corrupção e coisas tristes que eu não prefiro falar, para esquecer essas coisas ruins do nosso dia a dia é bom mesmo jogar vídeo game e pensar em coisas boas, valeu galera!!!!

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