Análise: Duck Hunt prova que atirar em animais (virtuais) pode ser divertido

Num passado remoto, pais não se preocupavam tanto se seus filhos estavam com uma arma na mão, maltratando animais e participando de caçadas. Calma, é claro que estou falando de um jogo: o icônico Duck Hunt (Caça ao Pato), um dos mais amados e lembrados da história do NES.

Produzido pela equipe Nintendo Research & Development 1, também autora de maravilhas como Metroid, Mario Bros. e Donkey Kong, o jogo de tiro foi lançado em abril de 1984 no Japão. Apesar de simplicidade, tanto gráfica e sonora quanto na jogabilidade, isso não o impediu de ser um dos carts mais famosos do Nintendinho, especialmente ao acompanhar algumas versões dele nos Estados Unidos.

A simplicidade foi e ainda é motivo de algumas críticas, tal como resenhas iniciais que tachavam o game de chato, repetitivo, pobre. Outros jogadores, talvez sob efeito da nostalgia que Duck Hunt traz, adoram atirar nos patos e discos, e gostam até do cachorro chato que ri de suas falhas.

Temporada de caça

duck hunt avatarA missão é simples: patos coloridos voarão pela tela desafiando seu talento como caçador e tudo que você deve fazer é acertá-los usando a Zapper. Para cada pato (ou dupla deles, dependendo do modo de jogo) são três tiros disponíveis e se errar todos ou demorar para atirar, o pato foge. Acertando um número mínimo de patos a cada rodada você passa para a seguinte e se falhar, game over. A dificuldade é crescente e a cada round os patos ficam mais rápidos e são exigidos mais patos.

São 3 modos de jogo: em One Duck, como o nome diz, apenas um pato voa pela tela; em Two Ducks, dois, e em Clay Shooting os patos são substituídos por discos de barro, mais difíceis de acertar, por seu reduzido tamanho e velocidade (conforme se afastam de você, ficam ainda menores). Se sua moral o impede de mandar chumbo em patos virtuais, será seu modo favorito.

Talvez um tema como esse causasse desconforto nos defensores dos animais, mas não se preocupe, não há sangue, patos não são dilacerados pelos tiros: apenas caem girando como uma nave abatida, com um som meio cartoon que lembra uma bomba lançada e são capturados e exibidos pelo cão de caça que o "auxilia".

Ele, aliás, tornou-se o personagem mais importante.

Caça ao cão

Duck Hunt - cachorro
Ele é a estrela do game, não resta dúvida

Para decepção de muitos, não é possível atingir o cão com um tiro. "Mas por que atirar no cachorro?"

Só quem nunca jogou Duck Hunt perguntaria isso. Ele tira um sarro da sua cara a cada pato que foge e no game over. Como aparece nos momentos em que estamos mais chateados, recebeu indicações de revistas como um dos personagens mais chatos da história dos games e até um dos maiores "vilões".

Gráficos e sons não estão entre os mais brilhantes. Não há música durante a caça, o que é melhor para não tirar a concentração. Os únicos sons ouvidos são os tiros, o cão quando aparece segurando o resultado da caçada e um "quack quack!" durante o desfile dos patos. São simples, mas eu diria que eficientes e bem usados.

As avaliações não foram das melhores também quanto aos gráficos e jogabilidade, ao menos na época do lançamento. Apontando questões como os backgrounds e sprites simplíssimos e sempre repetidos, as notas foram baixas. Só depois que ganhou popularidade — acompanhou o NES no pacote Action Set (americano), junto com Super Mario Bros. e depois um 3 em 1 com Mario Bros. e World Class Track Meet; criou-se um envolvimento afetivo dos jogadores e as resenhas abrandaram o tom.

Cotações de retrogamers costumam ser favoráveis. A IGN incluiu Duck Hunt na lista dos 100 Maiores Jogos de NES.

Cachorro de Duck Hunt rindo
Quem gosta dessa cena?

Atirar no cachorro: a lenda

A possibilidade de atirar no cachorro é uma lenda dos games. Na versão original, sem chance. Em .Vs Duck Hunt, versão para a máquina de arcade Play-Choice 10 (que tinha o coração do NES), você consegue acertar o cão na fase de bônus.

Outra lenda é sobre o final do game. Infelizmente não há um "final" propriamente dito, a não ser o bug do round 100: quem for ninja o bastante para tal (alguém?), como diria o velho lobo, "terá que engolir" o cachorro deitando e rolando, já que os patos ficam invencíveis, aparecendo como loucos pela tela para te dar game over.

Veja os rounds 99 (tudo normal, tirando a velocidade absurda dos patos) e o 100 (que vira 0):

Conclusão

Com sua simplicidade, Duck Hunt é lembrado com carinho por jogadores de NES, por ter uma aura leve mesmo em um tema razoavelmente violento. Elementos cômicos como o cachorro, a queda dos patos como se fossem aviões e a ausência de sangue fazem dele um game indiscutivelmente infantil — fez parte da infância de muitos e continua trazendo um forte sentimento de nostalgia, até pra mim que só tive NES muito depois do período clássico.

MacGaren
MacGarenhttp://www.memoriabit.com.br/
Depois de anos lutando contra o "maldito Jaspion", tudo que lhe restou foi abandonar a vida bandida e contar histórias para as futuras gerações. Mas sem perder a máscara.

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