John Romero revela port de Super Mario Bros 3 para PC

O nome John Romero é bem conhecido para ambientados no espaço dos games. Co-fundador da ID Software, ele é uma das mentes por trás de títulos seminais dos FPS, como Wolfenstein 3D, Doom e Quake. O que muita gente não sabe é de sua breve história num capítulo único da série Mario: se dependesse dele (e colegas como Tom Hall e John Carmack), a Nintendo teria levado jogos do bigodudo para computadores ainda nos anos 90. E mais: existe uma demo de Super Mario Bros. 3 para PC DOS com participação dele.

Tudo começa na Softdisk, softhouse fundada em 1981. Romero fazia parte da equipe de programação e design no fim dos anos 80, depois de trabalhos em companhias próprias como Capitol Ideas e Inside Out, e outras como Origin Systems. A Softdisk publicava uma série de games e revistas em disquete (diskmags).

John Carmack, também na Softdisk e co-fundador da ID Software (a base da ID Software se conheceu lá), descobriu uma nova forma de programar games de plataforma que permitia rolagem suave de tela, sua chamada "Adaptive Tile Refresh". Com ela, o scrolling seria melhorado, mas exigindo upgrade de hardware, dos velhos gráficos padrão CGA para EGA. Como teste, ele e Hall fizeram um game com o personagem Dangerous Dave, criação de Romero, e elementos da primeira fase de SMB3, do NES. Sarcasticamente, foi batizado Dangerous Dave in Copyright Infringement (Dangerous Dave em Violação de Direito Autoral).

Romero e Jay Wilbur (chefe deles na Softdisk) gostaram da demo e sugeriram que o port de Super Mario Bros. 3 para PC fosse levado a sério, resultado na primeira fase completa com o personagem original de volta ao lugar. "Tudo foi feito desde o rascunho, exceto o código do scrolling", segundo Romero. O port foi concluído em apenas uma semana, em 28/09/1990, e apresentado à Big N na esperança de que tivessem interesse em adquirir o código para talvez entrar no mercado de PCs.

A Nintendo descartou, reafirmando que seus games eram exclusivos para hardware da casa — não sem parabenizá-los pelo resultado. Como Romero descreve:

Mandamos esta demo para a Nintendo da América, eles por sua vez enviaram para o escritório da nave-mãe em Quioto, e os executivos lá viram a demo e ficaram bem impressionados. Porém, eles não queriam sua propriedade intelectual em nada além do próprio hardware, então nos disseram Bom Trabalho e Vocês Não Podem Fazer Isto. Então, imediatamente começamos a trabalhar no primeiro game da trilogia Commander Keen, Invasion of the Vorticons, no fim de setembro. Dois meses e meio depois ele foi lançado, em 14/12/1990.

Curiosamente, 4 anos antes a Hudson lançou para o PC-8801 no Japão um game de Mario, Super Mario Bros. Special. Sem a tecnologia de Carmack, claro que ficou uma bela droga, com movimentos recortados e sem transição de tela: a cada uma a tela "fecha" para abrir a próxima, um horror (bom para o que eles tinham em mãos, claro). O troço é tão obscuro que ficou desconhecido por décadas, até vir à tona em sites e blogs nos anos 2000.

Sem ter o que fazer com a demo, o time de Romero e Carmack tinha duas opções: descartar tudo e começar outro título do zero com a tecnologia de scroll melhorado, ou reciclar a produção. A segunda foi adotada, dando origem a Commander Keen, série estrelada por um garoto em aventuras especiais, com capítulos publicados pela Softdisk, Id Software e outras.

Romero mostrou a demo em seu perfil no Vimeo. Não tem música, mas efeitos sonoros, inimigos e itens como os tradicionais cogumelos e a folha que transforma em guaxinim, estão lá. É consideravelmente mais pobre que o NES, mas lembre-se que é uma demo FEITA EM UMA SEMANA. Imagine onde poderiam chegar esculpindo melhor isso.

Será que a experiência local com o Super Mario Bros. Special foi tão traumática que a Nintendo perdeu uma grande oportunidade de praticar sua onipresença nos computadores, ou se isso tivesse acontecido os esforços da ID Software teriam se dissolvido e perderíamos grandes FPS?

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, quase mil artigos publicados em dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

1 COMENTÁRIO

  1. Ta aí um jogo que eu ainda não zerei da série Mario 8 bits, vergonha!!!! Uma hora dessas ainda consigo tempo para detonar esse clássico!!!! Lembro que algumas revistas de PC que vinha com CDs de jogo...ali as vezes vc encontrava algum jogo do Mario em versão Pc, feito por fãs é claro, eu ainda tenho uma versão do jogo Zelda Link to the past do SNES e Sonic 3...jogos com imagem mais limpa e o som um pouco melhorado!!!! valeu!!!!

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