25 anos: 10 curiosidades de A Link to the Past

Um dos maiores clássicos de todos os tempos completa 25 anos este mês. The Legend of Zelda: A Link to the Past foi lançado no Japão em 21/11/1991, para elevar o status que o nome carregava desde o NES. Num misto de ação, aventura e estratégia, mostrou um pouco mais do poder do Super Famicom, então com um ano em circulação.

O sucesso inseriu a série de vez na família das obrigatórias a cada geração da Nintendo. Apesar das sequências, algumas da importância (que não é pouca) de um Ocarina of Time, o capítulo do SNES é inesquecível por seu momento, na era de ouro dos 16-bit. Foi o primeiro pra muitos fãs, ou revelou um incrível novo mundo de possibilidades para veteranos do Nintendinho.

Nele surgiram referências da franquia, como a mecânica dos mundos de luz e escuridão, e exploração mais a fundo da trama. Houve grande evolução gráfica, com efeitos visuais dedicados a cada mundo, como névoa e sombras. No som, foram ouvidas, além da trilha principal de Zelda 1, o Kakariko Village's Theme e o Zelda's Lullaby, revisitados em games posteriores. Entre itens e temas recorrentes que inaugurou estão a Master Sword, os Sages, dungeons temáticos, os Pedaços de Coração, os Cuccos, a primeira aparição de um parente de Link, etc...

Em qualquer lista digna da elite dos 16-bit, a criação de Miyamoto e sua trupe estará por cima. Dentro do universo do console, então, é tranquilo top 5, opinião em massa de revisores antigos e modernos. Fora a nota máxima de GamePro, e muito altas de Famitsu, IGN e outros, ALttP esteve por quase cinco anos consecutivos entre os melhores da Nintendo Power, saindo só quando o SNES foi descontinuado. Com mais de 4 milhões de unidades, foi quinto entre os mais vendidos da plataforma, atrás de Super Mario World, Donkey Kong Country, Super Mario Kart e Street Fighter II.

Para entender melhor a relevância dessa grande obra e marcar a data, confira nossa seleção de 10 curiosidades de A Link to the Past. Será que você sabe todas?

10. O Favorito

Reggie Fils-Aime fez carreira em marketing nos setores de alimentação e bicicletas antes de juntar-se à Nintendo em 2003. Mas quem pensa que ele caiu de paraquedas no assunto, sem conhecer nada, está enganado. Como revelou em 2011, ele já curtia um controle, e seu jogo favorito em todos os tempos é A Link to the Past:

"Estou no negócio de games há apenas 8 anos, mas meu jogo favorito tem quase 20 anos, e é The Legend of Zelda: A Link to the Past. Eu costumava jogar madrugada adentro, 3 ou 4 da manhã. A primeira vez em que cheguei na batalha final acho que eram umas 4 da manhã, e eu tinha que trabalhar no dia seguinte, então parei de jogar. Meu filho, que tinha uns sete anos na época, acabou vencendo o último chefe antes de eu voltar pra casa".

Reggie Fils-Aime Zelda
Regginator e seu velho entusiasmo por Zelda.

9. Mr. Dragmire

Por falar em último chefe, Ganondorf, ou Ganon, nunca teve um sobrenome oficial, assim como vários outros personagens. Mas na versão ocidental, o manual de instruções afirma que seu sobrenome seria Dragmire.

É a única ocorrência em toda a série em que Ganondorf recebeu sobrenome. Isso não é canônico, e teria sido apenas resultado do time de tradução americano querendo dar um pitaco na história.

Ganondorf
Sr. Dragmire vs Link

8. Não toque

Na época do desenvolvimento, fazia sucesso mundialmente a música U Can't Touch This, do rapper americano M.C. Hammer. Quem não lembra da dancinha um tanto ridícula e das calças bag gigantescas? Na versão japonesa de A Link to the Past, o item Magic Hammer é descrito como "M.C. Hammer", numa provável referência ao artista.

Até onde se conhece, é uma das únicas duas referências a personalidades do mundo real na série — a outra também está nesta lista. Esses easter eggs não eram exatamente incomuns: em Rejoice! Aretha Oukoku no Kanata (não lançado no Ocidente), outro sucesso pop do período, Vanilla Ice, também é citado.

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M.C. Martelo?

7. Trabalho em equipe

Originalmente, A Link to the Past foi pensado com um sistema de grupo. Além de Link, o jogador controlaria mais dois personagens. De acordo com Miyamoto, "Desde que comecei a fazer o primeiro game da série, eu dizia que o terceiro Zelda deveria ter um grupo, consistindo num protagonista que seria um mix de elfo com lutador, um mago, e uma garota. A fada que aparece em The Adventure of Link é na verdade um membro do grupo desenhado para o Zelda 3".

Lembrando que A Link to the Past foi o terceiro game da série, após The Legend of Zelda (NES, 1987), e Zelda II: Adventures of Link (NES, 1988).

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A fada seria um dos personagens controláveis em ALttP

6. Odeia o Chris?

Em 1990, a Nintendo fez uma promoção chamada "Get your name in a video game" através de sua revista oficial, a Nintendo Power. O vencedor deveria enviar uma foto de Warmech, também conhecido como Death Machine, inimigo raro de Final Fantasy 1 (apenas 3/64 de chance de aparecer quando os Warriors of Light entram em batalha na ponte que leva para Tiamat).

Chris Houlihan venceu, e seu nome foi inserido em A Link to the Past, como dono de uma sala secreta com 225 rupees. O garoto foi imortalizado ao se comunicar "telepaticamente" com o jogador ao entrar na sala, dizendo "Meu nome é Chris Houlihan. Esta é minha sala ultra secreta. Mantenha entre nós, ok?"

Chris Houlihan sala secreta
Um presentinho do seu amigo Chris.

5. Violência animal

Em A Link to the Past, ocorre uma das primeiras demonstrações via videogame de que maltratar animais não é legal. Se Link insistir em agredir os Cuccos (aquelas galinhas simpáticas), aparecerá um bando feroz delas do céu, capaz de nocauteá-lo se não cair fora rapidinho.

Cena digna de Os Pássaros, de Hitchcock... Uma pequena lição de moral deixada para a criançada pelo time de design: sejam bonzinhos com os bichos, ou a coisa fica feia pro seu lado... Educativo, eu diria.

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Moral da história: galinhas são vingativas.

4. A Link to the... Future

Pelos desenhos da fase conceitual, A Link to the Past poderia ser ou ter estágios no futuro: o design de Zelda mostrava um traje futurista. Segundo a equipe de desenvolvimento, a ideia no começo era que eventos ocorressem em épocas diferentes. Link poderia coletar equipamentos de alta tecnologia e empregar no passado, por exemplo.

Em vez de pôr isso em prática, a Nintendo optou pelos mundos Light e Dark, mantendo assim o conceito de dimensões. Mais tarde, Ocarina of Time inaugurou o esquema de viagem no tempo, talvez recuperação da velha ideia.

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As princesas do futuro ficariam um tanto... confortáveis, não?

3. Em família

O tio de Link aparece no Castelo Hyrule em A Link to the Past. À beira da morte, suas últimas palavras são "Zelda é sua... ... ...". Como o jogo é carregado de easter eggs como a sala secreta e aparições de Mario, fãs especularam que a frase fosse uma referência a Star Wars Episódio VI: O Retorno do Jedi, em que Leia diz "Ele é meu irmão", deduzindo que Zelda seja irmã de Link. Viagem? Outros preferiram "...última esperança".

Na versão japonesa, a frase é diferente, mas de sentido similar: お、お前は、姫の… …。 (v-você e a princesa são... ...). O tio não tem nome oficial, mas numa dramatização de rádio ele foi chamado Alfon, nome comumente usado por fãs.

Tio de Link em A Link to the Past
Parece novela mexicana, mas é Zelda.

2. Inimigo abandonado

Já na era da emulação, fãs passaram a fuçar nos arquivos do game, e assim descobriram um inimigo deixado de lado na versão final. É um soldado de armadura portando um canhão.

Ao examinar mais o código, descobriu-se também que toda a inteligência artificial para seu funcionamento estava pronta, tal como seus sprites — um personagem praticamente completo e pronto para uso, exceto por não ter sombra. Até hoje não se sabe qual seria sua aplicação e porque ele foi abandonado.

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Sprites do soldado com canhão, deixado de lado na versão final do jogo.

1. Quase gêmeos

Segundo Miyamoto, o plano inicial era que o desenvolvimento de A Link to the Past corresse junto com Super Mario World. Isso estava em discussão desde o Super Famicom ser revelado, em 1989, mas enquanto Mario saiu junto com o console, Zelda foi atrasado em um ano. "Começamos com algumas pessoas desenvolvendo um game, o que normalmente dura cerca de um ano. Só então adicionamos mais gente a equipe, que passa uns 8 meses dando os toques finais. Foi em novembro de 1990 que mais gente entrou no time de desenvolvimento de Zelda", disse Miyamoto.

O designer ficou tão empenhado em Zelda que passava dias na Nintendo. "Trabalhei tão duro que as pessoas perguntavam "O que você vai fazer quando seu corpo desistir, já que nunca vai pra casa?", mas sempre tratei de ter 8 horas de sono por dia, então meu cérebro não ficava cansado".

Miyamoto na segunda metade dos anos 80, trabalhando em Super Mario Bros 3.
Miyamoto na segunda metade dos anos 80, trabalhando em Super Mario Bros 3: dias e noites na Nintendo durante a produção de ALttP

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Parabéns e longa vida a Link, Zelda e todos os envolvidos!

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Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, mais de mil artigos publicados, mais de dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

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