Chip do NES Classic Edition rodaria até polígonos

Nas primeiras horas com as mãos sobre Nintendinho mini, ou melhor, NES Classic Edition, adivinhe qual foi a diversão pra muita gente?

Jogar? Que coisa antiquada... Claro que não, meu jovem. Muito marmanjo se divertiu desmontando o aparelhinho pra ver qual a engenharia que o time da Nintendo fez pra colocar o NES com HDMI e saída a 1080p. Segundo os reviews inaugurais, até problemas do velho console estavam lá, como slowdown e flickering em certos jogos, então qual foi a mágica? Será que eles socaram um monte de hardware original em construção menor lá dentro?

Lógico que não. Como esperado, o sistema é baseado num SoC (System on a Chip): um circuito integrado que reúne todos os componentes de um dispositivo numa única peça. É a mesma abordagem de quase tudo hoje, de Raspberry Pi a set-top boxes e inúmeros aparelhos modernos. O processador principal é um AllWinner R16, um quad-core de fabricação chinesa, com o processador gráfico Mali-400MP2.

Esse kit, pelo menos segundo especificações originais — ignorando o que a Nintendo customizou nele para seu propósito — seria capaz de coisas que a geração do velho e bom Nintendinho nem sonhava existir.

Mali-400MP1, por exemplo, foi lançado em 2008 voltado para o segmento de portáteis. Ele roda (ou rodaria) gráficos 2D e 3D, em frequências de 210 ou 500Mhz, capaz de produzir até 55 milhões de polígonos triangulares por segundo na versão 500Mhz. Isso é mais que os consoles da sexta geração produziam.

Quer dizer: se alguém conseguir hackear o Classic, ele tem (teórico) potencial não só pra rodar mais jogos de NES, como outras coisas através de emulação — sempre considerando que as customizações não tenham capado sua capacidade. Não deixa de ser curioso como, para recriar um videogame arcaico, é preciso lançar mão de tecnologia anos-luz à frente.

Placa no NES Classic Edition. Foto: adsfasdf
Placa no NES Classic Edition. Foto: Peter Brown

E jogos?

Como foi mostrado por Peter Brown, editor da GameSpot, a placa tem o módulo de memória, onde ficam os games, soldado. Vai dar trabalho incluir mais games além dos que a Nintendo botou no pacote, pelo menos pelo jeito "original". Mas não tenho a menor dúvida que logo aparece alguém com uma entrada pra SD card...

E por emulação? Um japonês que atende por Urandom, especialista em fazer sistemas rodarem em plataformas para as quais não foram feitos, conseguiu enfiar um kernel personalizado de Linux na versão local, Famicom Classic Edition.

Pra quê? Por enquanto como demonstração, mas deve ser questão de tempo até o NES Classic Edition rodar coisas que até deus duvida.

Imagem do post: Polygon

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, quase mil artigos publicados em dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

5 COMENTÁRIOS

    • Fala Daniel, o tempo voa, né? Nem acredito que eu comentei isso fazem 6 anos... eu criei outra conta porque o e-mail que eu tinha vinculado a essa conta acima que eu comentei em 2016 eu já não uso mais, mudei por questões profissionais, estou com outro e por isso não consigo logar mais nessa conta aí de cima, só nessa que eu estou usando agora. Vc poderia apagar meus comentários com essa conta acima que eu fiz no site?

  1. Ele tinha que ter uma plaquinha melhor também para poder gerar a tela de seleção de jogos, essas coisas, mesmo assim, considerando o CI bruto, se ele não foi "customizado para baixo", o potencial é interessante para emulação. Embora seja apenas uma zoeira e curiosidade. Eu não faria isso. Existem tantas formas de se emular jogos antigos hoje em dia que eu não faria a travessura de abrir um produto que é tipicamente item de colecionador.

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