No aniversário de Sonic, 20 anos de correrias, anéis e robôs

Hoje é o aniversário de Sonic the Hedgehog. Há exatos vinte anos, a Sega apresentava ao mundo o personagem cuidadosamente criado com um objetivo audacioso, pra não dizer utópico: ser o ícone do console mais importante da empresa e rivalizar com Mario, mascote da Nintendo. A ideia de um porco-espinho azul super veloz podia parecer estranha, mas o personagem deu certo, tão certo que continua firme e forte até hoje, mesmo que sua casa original não tenha mais plataformas pra abrigá-lo.

Desenvolvido pela equipe Sonic Team, que contava com Naoto Ohshima, designer que já havia trabalhado em outros clássicos da casa como Phantasy Star e que desenhou os personagens principais; Yuji Naka como programador e Hirokazu Yasuhara, que desenhou cenários, além de Masato Nakamura, músico conhecido pela banda de jpop Dreams Come True, o clássico chegava aos lares dos jogadores em 23/06/1991.

Era o início de uma longa carreira que se estenderia por todas as plataformas da Sega, e anos depois, bem além disso.

Sonic 1 title screen

Nascido para ser clássico

1991. O Mega Drive estava no começo de sua jornada, e a Sega precisava de um mascote, tal como pouco antes a Nintendo havia conseguido firmar com a série Mario Bros um certo gorducho bigodudo que dava cabeçadas adoidado.

Alex Kidd era um candidato, mas eles queriam outro perfil, menos infantil, que fizesse jus à imagem que vinha sendo relacionada comercialmente ao console: em vez de um principezinho orelhudo em busca de salvar reinos e princesas, um herói jovem, veloz, dinâmico e principalmente, que mostrasse o poder de processamento do Mega Drive comparado à "lerdeza" do SNES — embora mais novo, tinha um processador lento (máximo de 3.58 MHz, contra 7.68 MHz do Mega Drive).

Alex Kidd
O príncipe orelhudo perdeu o posto para o ouriço

No primeiro semestre de 1990, a equipe designada pela Sega começou a tarefa. Depois de discussões sobre o personagem, idealizaram alguma coisa com animais rápidos: coelho, tatu, tamanduá e porco-espinho; o último, com seu visual "agressivo" tinha uma identidade mais jovem, por isso foi escolhido.

O capricho nos gráficos e sons foi máximo. Quando lançado, o jogo impressionava por usar ao extremo a paleta de cores do Mega Drive, com muitos objetos animados, personagens criativos, efeitos de profundidade como scroll parallax (que usa camadas com movimento em diferentes velocidades para criar ilusão de profundidade) e muita velocidade, como antes não havia se visto. Sonic corria, pulava e batia inimigos sem perda de frames ou lentidão. Era um mascote jovial, exatamente como a geração que buscava nos games algo além de um brinquedo.

Lançado nos Estados Unidos e Europa em 23/06, e oficialmente três dias depois no Japão, rapidamente Sonic se tornou um clássico, com vendagens ótimas e críticas favoráveis. Muitas revistas especializadas deram nota máxima nas avaliações e o sucesso levou o Mega Drive a dominar o mercado dos 16-bit, deixando a Nintendo para trás pela primeira vez desde que colocaram o NES na praça.

A disputa se desequilibraria muito a favor da Big N depois do lançamento de Street Fighter II para SNES.

Sonic clássico
Sonic bolinha clássico: esse tem cara de SONIC, não aquele ser mutante estranho de olhos verdes que redesenharam...

Auge nos 8 e 16-bit

As primeiras versões do Mega Drive incluíam um jogo, Altered Beast, conversão de arcade com as cenas clássicas das transformações, que inclusive eram estampadas na caixa do primeiro Mega Drive nacional. Mas com o crescente interesse do público pelo novo personagem, a Sega dos Estados Unidos tratou rapidinho de tirar a besta alterada e botar Sonic em bundle do console.

As vendas do Genesis dispararam. A popularidade do mascote cresceu também, ilustrando histórias em quadrinhos, brinquedos, indo para arcades e ganhando diversas versões em outros aparelhos, em gêneros como luta (Sonic The Fighters), corrida (Sonic Drift e Sonic R), e até pinball (Sonic Spinball).

Promovendo o Mega Drive e fazendo aparições no Master System (onde contou com músicas refeitas por Yuzo Koshiro), Sonic foi estrela, tendo Sonic 2 acompanhado a versão dois do Mega Drive nacional; por isso, muita gente jogou Sonic 2 à exaustão. Mas não conseguiu emplacar tanto sucesso em carreiras futuras.

Sonic 2 foi o mais bem sucedido da série, com cerca de 6 milhões de unidades vendidas, e nele Tails fez sua estreia como coadjuvante. Novidades como o spin dash e o modo de dois jogadores foram importantes, além da melhoria gráfica e sonora, com músicas marcantes como os temas das zonas Chemical Plant e Sky Chase. Elementos de pinball da Casino Night davam mais riqueza ao jogo, que como um todo não modificou muito a atmosfera do primeiro, apenas expandindo sua qualidade - muito.

Já na era 32-bit o sucesso não foi tão grande, com games medianos como Sonic 3D Blast — depois do cancelamento de Sonic X-Treme, que deu lugar a Nights.

Michael Jackson e Sonic 3

O astro pop teria participado da composição das trilhas de Sonic 3, mas com um pseudônimo — não teria ficado satisfeito com as poucas possibilidades sonoras do Mega Drive. Fãs fizeram uma compilação com "evidências" da mão de Jackson nas músicas de Sonic 3.

Fica pra você avaliar... eu as achei parecidas, no mínimo.

Mudança no visual

Sonic moderno e clássico
Versões moderna e clássica de Sonic

Em 1998, Sonic Adventures deu novo gás ao porco-espinho: já com o novo visual, redesenhado por Yuji Uekawa, de olhos verdes e mais alongado, em vez do tipo bolinha de antes, aparecendo num game de encher os olhos, em plataformas ex-concorrentes como as da Sony e Nintendo. Com a Sega fora do negócio de consoles, a antes inimaginável presença do mascote em aparelhos da Nintendo tornou-se real.

Daí em diante, mais de uma dezena de jogos lançados continuam levando a história do Sonic adiante, em suas eternas correrias para pegar anéis, defender seus amigos da floresta ou qualquer outra aventura.

Pela ocasião dos vinte anos, a Sega ofereceu mais detalhes de Sonic Generations, especialmente dedicado à data. Misturando elementos das duas fases de Sonic (clássica e moderna), o jogo para Xbox 360, 3DS e PlayStation 3 mostra cenários originais como os da Green Hill Zone e Casino Night em alta definição, dando aos retrogamers e saudosistas a oportunidade de ver aquilo que nos anos 90 só habitava a imaginação.

Daniel Lemes
Daniel Lemes
Fundador do MB, quase mil artigos publicados em dez anos pesquisando e escrevendo sobre games. Ex-seguista, fã de Smashing Pumpkins e Yu Suzuki.

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